domingo, 27 de junho de 2010

O Templo das Sombras

As trevas tomavam conta do prédio onde Arannis, Soveliss, Adrie e Ecniv haviam entrado. Kubik, o goblin, seguia seus mestres com medo, olhando ao redor. A luz das tochas de luz infinita parecia ter diminuído e era impossível enxergar além de alguns metros.
Os aventureiros encontraram colunas enormes que sustentavam o teto do lugar. Ecniv viu inscrições numa língua estranha e logo Soveliss colocava suas lentes mágicas para ler, enquanto Arannis aproximava a luz da tocha para ajudar seu irmão gêmeo.

"Todos saúdem a Rainha das Trevas" leu Soveliss em voz alta. Os heróis entreolharam-se e Ecniv pigarreou nervosamente.

"Meus amigos, creio que talvez seja o momento de usarmos de um pouco de diplomacia."Disse o gnomo "Talvez eu consiga convencer Tundra a nos entregar a jóia de boa vontade." Continuou, citando o nome de um dos Sete, contido no pergaminho em posse de Soveliss.

"Er...erm...Majestade!"começou o bardo "Estamos aqui...viemos em paz, em busca de algo que está em seu poder. Não viemos lutar ou causar problemas mas precisamos muito de vossa ajuda para deter Agrom-Vimak, que estám vivo e causando mal ao mundo novamente."

A resposta foi apenas um silêncio sepulcral.

"er...senhora...Tundra?"Tentou novamente Ecniv mas nesse instante, o rosnado de quatro criaturas feitas de sombras cercou os aventureiros. Presas e olhos pareciam formar-se na escuridão e em segundos, quatro mastins das sombras atacaram.

"Fiquem juntos!" Gritou Arannis desferindo um golpe certeiro na criatura mais próxima.

Os aventureiros foram cercados pelos monstros e lutavam coordenadamente. Então, algo caiu do teto do templo. O vulto escuro pousou sem ruido e com agilidade felina atacou um dos cães de sombra. Então, virou-se para o grupo e sorriu de leve para em seguida arremessar uma adaga mágica contra outro mastim.

"Keyra!"exclamaram todos

Juntos, os heróis derrotaram as feras que guardavam a entrada do lugar. Keyra explicou que acabou entrando nas sombras sem querer, enquanto procurava por eles e que uma criatura estranha do tamanho de um gnomo a havia guiado até eles. O escuro havia deixado Keyra na entrada do estranho edifício de sombras e desaparecera logo em seguida. Os demais começaram a fazer perguntas e foram interrompidos por Adrie.

"Silêncio! Ouvi algo. Cascos!"Disse a elfa seguindo em frente, nas trevas e seguida pelos demais.

Guiados pela excelente audição da druída, os aventureiros chegaram até uma escada em espiral. Subiram pelos degraus de pedra em silêncio absoluto e logo chegaram a uma sala iluminada por um braseiro. O recipiente de metal ostentava chamas altas, possivelmente mágicas e era feito de ouro puro. Ficava sobre uma elevação no chão de pedra da sala, bastante iluminada.

"Não...toquem...em...nada!" Disse Arannis ao grupo. Era tarde demais. Keyra estava ao lado do braseiro de ouro e suas mãos foram de encontro ao metal brilhante. As chamas rodopiaram e saltaram na direção da meio-elfa, queimando-a. Ela instintivamente saltou para trás, apagando o fogo em suas roupas. Arannis olhou para sua companheira de grupo com um olhar reprovador.

"O que foi?Eu estou bem!" Disse ela justificando-se

Nesse instante uma porta de metal se abriu ao lado da ladina. O ar, antes quente devido ao braseiro, agora era gelado. Pequenas nuvens de vapor saíam da boca dos aventureiros quando cinco zumbis congelados surgiram da escuridão. O grupo então começou a lutar com os já conhecidos inimigos. Logo depois da batalha ter início, Ecniv ouviu algo vir do túnel escuro. As passadas lentas e sonoras da criatura encheram o coração do gnomo de terror e quando o terrível zumbi surgiu, este ficou sem fôlego. Era ummorto-vivo enorme, com mais de três metros de altura. Sua pele era verde e as costelas apareciam dentro do enorme buraco em seu peito. Os olhos vidrados da criatura voltaram-se para Ecniv e em seguida dois braços enormes tentaram apanhar o pequeno bardo que conseguiu esquivar-se para longe.
O combate foi duro e somente quando trabalharam em conjunto, os aventureiros conseguiram derrotar os monstros.

Os heróis seguiram por vários corredores até chegar a uma sala escura, iluminada pela luz de um círculo mágico avermelhado. A energia mágica subia do chão até o teto e runas da mesma cor brilhavam no chão, perto da parede oposta da sala. No centro do círculo arcano, uma figura humanóide parecia estar petrificada.

Ecniv e Soveliss começaram a analizar as runas no chão, enquanto Adrie e Arannis vigiavam a porta por onde haviam chegado.

"Ninguém toca em nada antes de sabermos o que são essas runas."Disse Arannis olhando para Keyra.

A ladina deu de ombros e ficou perto de onde a figura estava presa. Curiosa, pegou uma faca e soltou-a em direção à energía do círculo. A faca parou em pleno ar, como se o tempo e o espaço tivessem sido petrificados. Keyra olhou em volta e viu Kubik, o goblin.

"Ei, Kubik, vem cá!" Disse sorridente. "Quero que você pegue minha faca, está bem?" Disse a ladina sorrindo mais para o pequeno goblin.

"Sim sim! Kubik pega!"

O pobre goblin colocou a mão dentro das luzes mágicas do círculo logo estava preso. "Ajuda Kubik! Kubik preso!" Gritava a criatura desesperada

"Espere Kubik!" Disse Soveliss enquanto tocava uma sequência de runas com a ajuda de Ecniv.

Logo as letras vermelhas ficaram azuis e o círculo acompanhou a transformação. A figura dentro das luzes mágicas moveu-se enquanto Kubik retirava a mão, agora solta e corria para longe de Keyra, indo ficar atrás de Soveliss. Arannis olhou para Keyra mais uma vez.

"O que foi?" Disse a meio-elfa

"Vocês...me salvaram!" Disse uma voz estranha dentro do círculo mágico e em seguida, uma bela eladrin surgiu diante dos aventureiros. "Eu...estava presa...meus amigos? onde estão?"

"Nós não vimos ninguém, senhorita. Podemos saber seu nome?"Disse Ecniv educadamente

"Aileen."Respondeu a eladrin com um olhar confuso

"Aileen, seus amigos. Eram quantos?" Perguntou Arannis aproximando-se

"Éramos cinco. Tínhamos um mapa de um tesouro."Disse a mulher tirando um mapa velho de dentro da bolsa. "Sou maga...e não sei como fiquei presa naquele círculo. Posso juntar-me a vocês até achar meus amigos?"

"Sim, mas fique perto. Não sabemos o que há neste lugar."Disse Arannis

Os aventureiros e Aileen seguiram por uma porta, chegando a um salão com grandes colunas e envolto nas mesmas sombras devoradoras de luz que haviam enfrentado no andar térreo.

"Fiquem perto. Aileen, você também..."Disse Arannis e então percebeu que a eladrin havia desaparecido.

"Cuidado!" Gritou Adrie transformando-se num redemoinho de garras, pêlos e presas

Em seguida, o grupo foi cercado por esqueletos que se levantaram e atacaram. Os aventureiros não estavam tendo problemas com os mortos-vivos mas então uma criatura bizarra surgiu.
Inicialmente, os heróis pensaram ver Aileen. Depois, esta foi mudando de forma. Sua pele clara tornou-se azulada, escura e lustrosa. Seus membros alongaram-se e seu rosto tornou-se algo totalmente disforme, com olhos brilhantes terríveis e uma boca inumana.

"Um bodak!" Exclamou Soveliss reconhecendo a terrível criatura. "Cuidado com seu olhar!"

O monstro gargalhou e encarou o mago que caiu incosciente. A criatura então ficou invisível.
Segundos depois, enquanto os aventureiros ainda se defendiam dos esqueletos animados, o bodak ressurgiu, atacando Ecniv. A terrível criatura morta-viva atacava e desaparecia, para desespero dos aventureiros.
Porém, um esforço combinado dos heróis fez com que o monstro fosse ferido várias vezes e então, este tornou-se intangível e desapareceu através de uma parede. Os heróis estavam todos vivos mas a luta havia causado ferimentos graves em alguns dos membros do grupo.

"Vamos em frente" disse Arannis nervoso

Os demais seguiram o paladino até uma grande sala onde um símbolo dourado envolto em chamas pairava a poucos centímetros do chão, dentro de um círculo de runas douradas que brilhavam. A sala era quadrada e não havia porta alguma.

"Tem algo ali...a parede é uma ilusão."Disse Adrie atravessando a parede de pedra.

"Alguém vá atrás dela. Não podemos ficar nos separando."Disse Arannis "Soveliss, você e Ecniv, descubram o que esse círculo faz mas não mexam em nada antes que..."

Arannis foi interrompido pelo grito de socorro de Adrie. Sem pensar duas vezes, o paladino atravessou a parede ilusória, seguido por Keyra. Os dois chegaram a uma escada em espiral que descia. Correndo, chegaram até a metade do caminho e encontraram mais uma vez o bodak, lutando com Adrie, transformada em pantera. Atrás dela, o sátiro, que havia causado todo o problema, jazia mortalmente ferido, segurando seu último fôlego.
Keyra saltou por cima de Arannis, cravando sua espada e sua adaga no peito do bodak, enquanto o paladino atingia a criatura com sua espada longa.
O grito inumano do monstro fez com que Adrie recuasse por um instante e então o bodak desapareceu mais uma vez.

Arannis chegou até o sátiro e, usando seus poderes de paladino, curou seus ferimentos. Adrie, em forma élfica, tratou de desarmar o ladrão, pegando de volta a bolsa de Ecniv e os demais pertences do sátiro. O grupo reuniu-se novamente ao redor do círculo dourado.

"Arannis, ainda não sabemos como funciona mas temos uma idéia que pode ajudar a..."

Ecniv foi interrompido por Keyra que correu e arremesou-se contra o símbolo de fogo, desaparecendo em seguida.

"Em nome de Avandra! Eu disse que devíamos esperar!" Grunhiu Arannis visivelmente irritado

Keyra apareceu numa sala pequena, com alguma luz. Em volta da ladina havia um enorme tesouro. Esta começou imediatamente a encher os bolsos com pedras preciosas e moedas de ouro. Enquanto isso, Ecniv e Soveliss tentavam desesperadamente decifrar o portal.
Quase quarenta minutos depois, os heróis conseguiram fazer o círculo funcionar e Ecniv, que havia ido atrás de Keyra, foi trazido de volta, junto com a meio-elfa. Traziam consigo o tesouro do templo.

Os heróis decidiram descansar. Arannis encarava Keyra e estava irritado demais para falar algo naquele momento. Algum tempo depois, os aventureiros seguiram pelos corredores, refazendo seus passos. No meio do caminho, Keyra gargalhou e começou a gritar em todas as direções.

"Nós temos seu tesouro, acabamos com todos os seus lacaios e podemos mandar você de volta ao Abismo! Venha enfrentar-nos! Venha se tiver um pingo de coragem!"

O silêncio reinou quando Keyra se calou. Por alguns instantes, o grupo achou que o bodak surgiría das sombras, junto com mais e mais mortos-vivos. Porém, nada aconteceu e os herpois continuaram até a saída, levando o sátiro amarrado.

Uma vez fora do templo, Keyra guiou o grupo usando o mapa mágico de 'Aileen', que parecia mostrar todo o caminho de volta até o limiar entre o plano das sombras e a Feywild. Ao sair da floresta envolta em trevas, os aventureiros interrogaram o sátiro. Adrie foi agressiva e deixou claro que os itens roubados da criatura seriam um pagamento pelo problema gerado por ele. O sátiro foi solto e seguiu seu caminho, resmungando.

"O reino de Skan está ao norte daqui." Disse Soveliss.

"Então precisamos chegar até lá." Afirmou Ecniv

Porém, Arannis acreditava que uma das jóias estava no plano das sombras e que deveriam tentar voltar para esse lugar.

"Pode estar em qualquer lugar, Arannis. É mais fácil e seguro ir até uma cidade onde sabemos existir uma das sete jóias do que vagar pelas sombras sem ter uma pista sequer."

Depois de muito discutir e ponderar, os aventureiros decidiram seguir para o norte. Soveliss e Ecniv fizeram um ritual que criou cinco cavalos mágicos, com pequenas asas nos cascos. As montarias fantasmagóricas se elevaram acima da copa das árvores, levando os aventureiros em direção às montanhas, em direção ao reino de Skan, para onde Jor, o Gentil, havia levado uma das sete jóias, três mil anos antes.