sexta-feira, 28 de maio de 2010

O Sátiro e a Sombra

A floresta ancestral trouxe lembranças a Ecniv. O bardo imaginou seu irmão, seus pais e seus amigos vivendo nas moradas escondidas entre as enormes raízes daquelas árvores gigantescas com folhas luminosas. Sorriu e levou sua flauta aos lábios, entoando uma melodia suave mas ao mesmo tempo alegre. Se sentia em casa.

Arannis e Soveliss também se sentiram bem. As lembranças da infância estavam distantes. Era mais fácil lembrar-se dos castigos drows no subterrâneo e da vida em Ilíria do que das brincadeiras na torre da guarda e nos pátios cheios de árvores de sua cidade natal. Porém, o ar da floresta era reconfortante e amedrontador. Fadas pareciam espreitar em troncos enormes. Flores e insetos luminosos davam ao lugar um tom mágico e até mesmo os animais eram diferentes.

Adrie sabia onde estavam. A jovem druída havia sido criada na Floresta Castanha mas sua mãe a levara até a região ao norte, onde os limites entre o mundo real e a Feywild se tocavam. Era um lugar perigoso e belo, mágico e escuro. A elfa sabia que a floresta antiga era um lugar perigoso e estava atenta e apreensiva, apesar de também sentir uma energía reconfortante.

Keyra estava envolta em seu manto negro e olhava para cada flor que se abria, para cada luz que aparecia e desaparecia. Estava fora de seu habitat. Porém, o que deixava a ladina mais inquieta era a pergunta: "Como viemos parar aqui?"
A última lembrança da meio-elfa era do castelo do necromante, na Ilha dos Mortos. Assim que Arannis saiu da sala branca, acompanhado pela funesta figura do lich, o grupo pensou no próximo curso de ação.

O lich havia dado a primeira jóia para Arannis. Era um anel vermelho. O próprio paladino examinou o anel e entendeu que este não tinha poder algum se não estivesse reunido às outras seis jóias. O lich disse a eles que estavam livres para ir e negou qualquer outra ajuda. Disse apenas que o barco de Quasor, que os esperava perto da ilha, havia afundado. Inicialmente os heróis não acreditaram mas o necromante gerou uma imagem dos destroços do navio e de seus tripulantes mortos.
Keyra deu a idéia e todos concordaram. Tinham que tentar usar o pilar de teletransporte onde Medrash desaparecera.
O necromante disse apenas que suas criaturas não os atacariam mas que eles deviam apressar-se.
Os heróis correram de volta. Desceram as escadas e atravessaram a cidade morta dos anões. O tempo todo, as sombras espreitavam sem se aproximar.

Ao chegarem ao enorme pilar com rostos esculpidos, os heróis ficaram por quase meia hora tentando entender seu funcionamento. Havia uma chance de conseguirem usar o teletransporte corretamente mas as coisas também poderiam sair totalmente erradas.
Enquanto decifravam o poder do pilar, mortos-vivos começavam a chegar cada vez mais perto. Algo ainda parecia segurar os mortos mas a cada instante as criaturas pareciam estar sobre os heróis.
Por fim, guiados por Soveliss e Ecniv, os aventureiros tocaram o rosto élfico no pilar e, segundos depois estavam todos com as mãos sobre o tronco de um carvalho gigantesco.

A árvore estava coberta por trepadeiras luminosas e sua copa escurecia o ambiente. Era uma floresta escura, apesar das suaves luzes das fadas e das plantas brilhantes. Estavam na Feywild.

Parte de Keyra se sentia aliviada por ter saído da ilha morta do lich mas a aparência daquela floresta lhe causava arrepios. Era um lugar antigo. Antigo e perigoso.

Por algumas horas os aventureiros caminharam rumo ao norte, uma vez que Adrie, transformada em corvo, subiu acima das árvores para entender onde estavam. A druida percebeu que estavam muito ao norte, perto das montanhas e cercados por floresta. Soveliss leu novamente o pergaminho sobre os Sete e o grupo decidiu caminhar para o norte, em busca da segunda jóia, no reino de Scan.

Era tarde quando encontraram uma clareira com alguns sinais tênues de ocupação anterior. Ecniv encontrou um caldeirão dourado em miniatura e logo descobriu tratar-se de um objeto mágico que produzia sopas ao seu comando. Feliz pelo achado, o bardo pôs-se a tocar sua flauta enquanto Adrie comandava as fadas da região num ritual para montar acampamento. Luzes deixaram as árvores e pequeninas fadas começaram o trabalho de limpar a área, montar camas de musgo e criar uma fogueira. Soveliss, por sua vez, usou um ritual para encantar o fogo, fazendo com que este fosse invisível para quem estivesse fora do acampamento.

O grupo dormiu por algumas horas mas no turno de Arannis algo aconteceu. O farfalhar das folhas ao redor do acampamento chamou a atenção do eladrin, que acordou os demais. Logo encontraram vestígios de algo que espreitava nas sombras. Ecniv e Adrie haviam achado pêlos castanhos perto do caldeirão mágico, além de pegadas parecidas com as de uma cabra. Concluíram tratar-se de um sátiro.

"Hey! Alguém pegou minha bolsa mágica!!!" exclamou o bardo "Levaram tudo!"

O grupo levantou acampamento e, Adrie, transformada em lobo, captou o cheiro do sátiro ladrão. Por um bom tempo, os heróis seguiram a trilha da criatura pelos intrincados caminhos da floresta antiga. estranhamente, a luz parecia diminuir a cada passo. As tochas de luz infinita que Keyra e Arannis carregavam foram perdendo a força e logo estavam todos imersos na mais completa escuridão.

"Soveliss! Adrie!"Gritou Arannis

"Aqui!" Gritou o mago de volta

Estavam todos perto mas não conseguiam ver-se. Então, tateando, Arannis pegou sua corda e a amarrou à cintura de todos. Todos menos Keyra. A ladina havia desaparecido.

"Keyra!" Gritavam todos sem resposta.

Caminharam por um tempo e a luz da tocha era mínima. Estavam num lugar diferente. As árvores não brilhavam e os animais que pareciam espreitar nas sombras eram feitos de um material escuro, quase etéreo. Não havia som algum, além das passadas e das vozes do grupo que continuava a chamar o nome da meio-elfa.
Sombras se mexiam na escuridão daquela floresta estranha e assustadora. Então Soveliss percebeu.

"Estamos na Shadowfell! Entramos no mundo das sombras quando corremos atrás do sátiro!" Disse o mago um tanto animado demais para o gosto de seus companheiros

"Certo. O que diz o pergaminho sobre isso?"Perguntou Arannis

"Diz aqui...'E Tundra a Cruel retirou-se para o reino das sombras.' Será?" perguntou Soveliss usando as lentes mágicas que lhe permitiam ler o pergaminho.

"Nunca se sabe. Podemos estar no caminho certo mas Keyra desapareceu." Disse Adrie voltando à forma élfica

"Meus amigos! Precisamos encontrá-la e encontrar a saída deste lugar pavoroso!" Disse Ecniv balançando as mãos.

"Eu posso ajudá-los...ou não."Disse uma voz baixa e rouca na escuridão

Os heróis sacaram as armas instintivamente e viram um vulto saltar de uma árvore. A pequena criatura, pouco maior que Ecniv, sorriu. Tinha dentes amarelos e um nariz enorme. Seus olhos brilhavam brancos na escuridão e suas roupas eram negras como as sombras que o cercavam. Tinha pés estranhos e parecia mancar levemente ao andar.

"Um escuro!" Exclamou Soveliss sem querer

"Conhece minha raça, eladrin...e eu conheço a sua."Disse a criatura "O que querem aqui?"

"Estamos procurando uma amiga que se perdeu. Uma meio-elfa. Também estamos atrás de um sátiro." Disse Adrie apontando o cajado na direção da criatura

"Hum hum hum...amiga é? Quanto pagam? Quanto pagam para que eu a encontre na escuridão e não a mate?" Disse o escuro

"Se você a encontrar, a trará para nós viva. Entendeu criatura?" Disse Soveliss mostrando a espada para o pequeno ser das sombras

"Sim senhor mas espero recompensas!" Disse a criatura rindo. "Bem, posso levá-los adiante se quiserem e depois procuro sua amiguinha."

Depois de negociar, o grupo seguiu o escuro pela trilha nas sombras. A criatura escura os levou até uma clareira onde uma construção negra mantinha as árvores afastadas.

"Ali encontrarão o que procuram. Sim. O sátiro foi por ali. Sim sim."Disse o escuro recuando quando Arannis se aproximou.

"Muito bem criatura. Agora vá e ache nossa amiga. E terá sua recompensa." Disse o paladino enquanto seu irmão mostrava duas pérolas

O escuro sorriu com sua enorme boca torta e partiu, desaparecendo nas sombras. Arannis olhou para os demais. Estavam todos sem saber que lugar maldito era aquele e se tinha alguma relação com Tundra a Cruel, mencionada no pergaminho. Keyra estava desaparecida e o sátiro havia entrado naquele lugar profano envolto em sombras.

"Vamos entrar." Disse o paladino de Avandra decidido

Os outros o seguiram.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

A Ilha dos Mortos - Final

Arannis havia acabado de entrar na sala de pedras brancas. A porta se fechara atrás dele e desaparecera por completo. Ele apertou o cabo da espada e olhou ao redor, nervoso. Segurava seu escudo com firmeza e uma fina gota de suor escorreu de sua testa. Por alguns instantes, nada aconteceu e a espera deixava o paladino de Avandra cada vez mais aflito.

Então, num piscar de olhos, a sala desapareceu. Arannis estava agora num pátio a céu aberto. À sua esquerda estava uma muralha alta coberta por trepadeiras e flores luminosas. À sua direita havia uma casa alta, possivelmente uma torre. O chão era de pedra mas estava tomado pelas plantas, não de forma desordenada, pois parecia um jardim muito bem cuidado. O paladino olhou para cima e viu um céu azul, sem nuvens. Algo de familiar nos odores e sons lhe veio à cabeça.
Seus devaneios foram interrompidos pela risada de crianças, na esquina, saíndo do pátio. Ouviu também o choro de um garoto.

Caminhou até a esquina e, olhando para a direita viu um grupo de crianças eladrins com menos de doze anos de idade. Todas gargalhavam enquanto um garoto, mais alto, empunhava um pedado de madeira e falava com outro garotinho à sua frente. Esse pequeno eladrin, de uns seis anos de idade, estava caído diante do maior. Chorava e esfregava os punhos contra os olhos. Tinha cabelos longos e prateados e vestia uma túnica longa de cor azul. Arannis reconheceu seu irmão gêmeo instantaneamente. Era Soveliss quem chorava e o paladino recordou-se daquele momento de suas vidas.

"Deixem meu irmão em paz!"Pensou em dizer, mas a mesma frase foi dita por um garoto eladrin que surgiu, segurando uma vara longa de ébano. Era Arannis, com seis anos de idade.

"Veio defender a menininha foi?"Disse o garoto mais velho. Mas antes que o pequeno Arannis respondesse, um adulto apareceu.

"Arannis, Soveliss! Para casa já!"Disse ele e então o paladino de Avandra chorou. Era seu pai quem estava lá, vivo.

Arannis se manteve escondido na esquina enquanto as crianças, com medo de seu pai, corriam em todas as direções.

"Se metendo em confusão de novo filho?" Perguntou o pai dos gêmeos ao pequeno Soveliss. "Venha. Vamos para casa. E você solte essa 'arma' Arannis."

Os três deixaram a esquina e caminharam na direção da torre onde viviam mas o pai voltou-se na direção do Arannis adulto e olhou por alguns segundos, como se conseguisse vê-lo. Até então, Arannis não havia sido visto pelas crianças.

O paladino decidiu segui-los até a torre. Entrou sem problemas e subiu as escadas até o escritório de seu pai. Este estava lá, atrás da mesa de mogno onde fazia suas anotações e expedia suas ordens à guarda da cidade eladrin.

"Quem é você?"Disse o eladrin ao ver Arannis diante dele. "Como entrou aqui?"

"Pai...sou eu, Arannis."Respondeu o paladino

"Isso não é possível. Meus filhos têm somente seis anos. Quem é você?"

"Sou eu pai, pergunte qualquer coisa. Eu fui enviado aqui por alguma razão e..."

"O que é que eu tenho tatuado no peito, 'Arannis'?"Disse seu pai segurando o cabo da espada

"O nome de nossa mãe e a data quando se conheceram."Respondeu Arannis sem pensar duas vezes

Convencido, o pai dos gêmeos abraçou o paladino e por alguns minutos conversaram. Então, a vista de Arannis ficou turva e, segundos depois ele estava num corredor. Era noite e o som de luta podia ouvir-se por toda parte. Gritos nas ruas da cidade e fogo em toda parte. Diante dele estavam os pequenos gêmeos e a criada que tentara salvá-los dos drows. Seu pai, vestindo sua armadura completa, gritava ordens enquanto enfrentava sozinho cinco elfos negros.
Arannis sacou sua espada mas não conseguiu impedir a morte do seu pai. O paladino, enfurecido, atacou os drows e sua espada rasgou ao meio um deles, que se desfez em fumaça.

O paladino de avandra estava agora no subterrâneo. Duas crianças eladrins eram açoitadas por um drow que gargalhava enquanto olhava para ele. Antes que pudesse fazer qualquer coisa, as imagens mudaram novamente e agora ele estava no dia da revolta de escravos em que ele e seu rimão fugiram graças a um grupo de aventureiros. Ele viu os eladrins gêmeos seguindo os heróis por uma escadaria. Abaixo, viu algo que não vira quando criança.

Um grupo de escravos sendo devorados por uma criatura horrível, meio-demônio meio-drow. Os guardas drows assistiam a tudo rindo e então as visões pararam e Arannis estava de volta à sala branca de Vodendrin.

Diante dele pairavam no ar dois globos de energía. Pareciam esferas sólidas de pedra mas emanavam luzes mágicas e flutuavam como penas ao vento. Arannis aproximou-se da esfera da esquerda e uma imagem formou-se dentro dela. Ele olhou de perto e viu uma cena rica em detalhes.

Um campo de batalha. De um lado, um enorme exército usando a cor vermelha e composto por humanos, orcs e outros monstros. Usavam uma bandeira negra com uma espada vermelha no centro. Atrás dele, numa colina, estava Agrom-Vimak em armadura de batalha. Seu elmo era a face do terror e a Espada Rubra flamejante em suas mãos girava enquanto o exército avançava devagar. Vimak estava montando um pesadelo, um cavalo negro com crina e cascos de fogo saído do abismo. A criatura usava uma ardmadura de batalha negra.

Abaixo, do outro lado do campo, um exército esquálido esperava. Homens feridos, mal equipados, quase todos humanos, se aglomeravam atrás de uma mulher grandiosa. A rainha de Ilíria montava um garanhão negro com armadura prateada. A sua armadura estava suja de sangue mas brilhava com a luz do sol. Sua capa branca estava suja mas voava atrás dela. Seus cabelos dourados estavam trançados e uma fina coroa de ouro adornava sua cabeça.

Arannis observava a imagem no globo mágico e ficou surpreso quando, no centro do campo de batalha uma esfera de luz brilhou e lá estavam ele, Soveliss, Keyra, Adrie, Ecniv, Medrash e mais algumas pessoas que não reconheceu. Ele mesmo empunhava uma espada totalmente negra. Na lâmina escura sete jóias brilhavam. A imagem de Agrom-Vimak era nítida agora. O guerreiro vermelho tirou seu elmo e o jogou ao chão. Sua face era de terror.

A imagem do campo de batalha desapareceu e agora Arannis via uma sala de tortura onde um grupo de humanos cortava e perfurava um drow com adagas. O drow, indefeso por estar acorrentado à parede, gritava. O drow pareceu olhar na direção de Arannis com um ar de súplica.

O paladino afastou-se e decidiu verificar a outra esfera. Aproximou-se dela e uma imagem diferente se formou. Nesta, uma cidade, Ilíria, estava destruída. Um grande castelo feito de cristais vermelhos escurecia as ruínas. Dentro dele, Agrom-Vimak estava sentando no trono, rindo enquanto Arannis, de joelhos, entregava sua espada ao guerreiro vermelho. Então o paladino da visão olhou para Agrom-Vimak e sorriu, levantandou-se para apertar sua mão em seguida.

Arannis recuou assustado. Aquela visão era algo contra ele lutaria com todas as suas forças. Então, a imagem no globo mudou e o paladino de Avandra viu seu irmão, Soveliss, acorrentado e sendo torturado por um grupo de soldados. Ele recuou, olhou para os dois globos por alguns instantes e então, com passos seguros, foi até o primeiro globo e o tocou. Apareceu dentro da sala de tortura onde o drow estava sendo castigado. Os homens fugiram ao ver o paladino e abriram uma porta de onde saiu um enorme troll.

O monstro babava com a idéia de devorar o eladrin. Suas enormes garras negras estavam prontas para rasgar a carne do paladino. Arannis não se intimidou, espero que a criatura atacasse. O monstro tentou cortar a garganta de Arannis com suas garras mas este foi mais rápido e usou o escudo para bloquear o ataque. A espada do paladino não conseguiu penetrar na carne do monstro. Novamente o troll atacou, desta vez Arannis esquivou-se agilmente.
O paladino desferiu mais um golpe que teria causado estrago mas o monstro era rápido, apesar do tamanho.

O terceiro ataque do troll rasgou parte do peitoral da armadura de Arannis, ferindo-o. Porém, o seu ataque foi também certeiro e o monstro urrou quando a espada de força atingiu seu braço. Arannis usou o poder de sua arma e uma faixa de força aprisionou o troll, derrubando-o diante do paladino que, sem esperar um segundo sequer, enfiou a ponta da espada no peito do monstro.

Antes que o troll pudesse soltar-se, Arannis tocou o ferimento em seu peito e curou-se com seus poderes de paladino. Então o troll arrebentou a faixa de energía mística criada pela espada e levantou-se. Foi o suficiente para que Arannis desferisse mais um golpe digno de grandes heróis. O mosntro havia regenerado parte dos ferimentos mas como o paladino atacava sem dar trégua, ficava cada vez mais difícil que o monstro o derrotasse. Por fim, Arannis enfiou a espada no flanco direito do monstro quando este feria um dos seus braços com as garras afiadas. A criatura caiu num espasmo bizarro enquanto o paladino recuava ofengante.

"Fogo! Use fogo!" Gritou o drow acorrentado apontando para um brazeiro com a cabeça

Arannis correu e pegou o brazeiro. Virou-se e notou que o monstro começava a regenerar-se. Arremessou o brazeiro aceso sobre o troll e este urrou como nunca, guinchando e espernenando enquanto era consumido pelas chamas até não sobrar nada além de cinzas.

O paladino ofegava e estava ferido mas já havia visto combates piores. Olhou para o drow e viu que este estava morrendo.

"Me...ajude..."Disse o elfo negro

"Quem é você?"Perguntou Arannis

"Me...aju..."Disse uma vez mais o drow antes de desmaiar

Arannis pensou por alguns segundos e então usou seus poderes de cura. Então ouviu passos descalços atrás dele. Virou-se empunhando a espada por instinto e viu uma jovem meio-elfa com roupas simples, carregando um par de botas nas mãos. Era uma mulher jovem e com ar sereno. Ela sorriu e calçou as botas. Sua aparência então mudou. Agora ela trajava roupas de viagem, um cajado de andarilho e o símbolo de Avandra no peito.

"Você escolheu o drow. Por que?"

"Não escolhi o drow. Escolhi a visão certa."Respondeu Arannis ainda desconfiado

"E como você poderia saber?"

"Nesta visão, Agrom-Vimak era derrotado." Disse ele muito seguro

"Ele não parecia derrotado com aquele exército gigantesco."

"Ele...estava com medo. Isso já indica sua derrota para mim." Disse Arannis guardando a espada

"Entendo...Você deixou de salvar seu irmão, que pode estar morto agora, apenas porque acha que Agrom-Vimak será derrotado."

"Naquela visão eu era tudo o que odeio. Esta é a escolha certa. Quem é você?"

"Muito bem paladino. A escolha foi sua." Disse a mulher que então começou a transformar-se novamente. Desta vez, no lugar da jovem meio-elfa estava Vodendrin, o lich.

A criatura morta-viva abriu a túnica vermelha e Arannis pôde ver o anel preso a uma costela. O lich retirou a jóia e a ofereceu ao paladino. "Agora...vá..." disse este com sua voz baixa e sem vida

Arannis olhou na direção da porta e viu que estava aberta. Seus amigos aguardavam do outro lado.


domingo, 16 de maio de 2010

A Ilha dos Mortos - Parte III

"Cuidado!" Gritou Arannis enquanto era atacado por dois ghouls dentro de um corredor

Soveliss estava sendo protegido por Adrie, que mudava de forma a cada ataque que fazia. Ecniv havia sido arremessado longe por um ghoul estranho com a barriga tomada por algo que parecia energía. Keyra, usando sua pedra de disfarce, mudou de forma, ficando idêntica ao ghoul, mas segurando suas armas. Kubik estava escondido atrás de um dos pilares, gritando de medo ao ver os mortos-vivos.

A luta começara mal. Cada um atacou o primeiro morto-vivo que viu e logo o combate estava um caos. Arannis se afastou demais do grupo e foi cercado pelos dois ghouls que mordiam sua armadura, atingindo sua carne, enquanto suas garras rasgavam sua pele. Ele se sentia tonto e mal conseguia lutar com as criaturas.

Ecniv estava com medo. Havia despertado poucas horas atrás de um transe de quarenta anose já estava lutando ao lado de um grupo de desconhecidos. Além disso, a falta de organização causou estranhesa no gnomo que tentava correr e fugir dos ataques do ghoul modificado magicamente.

Os mortos-vivos atacavam implacavelmente e tudo parecia perdido. Então, Ecniv curou Keyra e esta moveu-se para mais perto do grupo. Soveliss passou a controlar a área com suas magias e Adrie chegou perto de Arannis para ajudar. O próprio paladino, tomado por um momento de inspiração divina, derrotou os dois ghouls numa série de golpes e fintas perfeitas. Decepou a cabeça das duas criaturas e saiu vitorioso, retornando até o grupo para ajudar os demais.

No fim do combate, o paladino de avandra estava ferido, mancava e seus companheiros não estavam em tão melhor estado. Mas haviam vencido as criaturas.

Durante toda a viagem na ilha, haviam visto brumas que se juntavam e pareciam formar um crânio ornamentado por uma coroa. A presença os seguiu até o salão. Agora, quando descansavam, a forma etérea surgiu novamente, causando preocupação.

"Onde diabos está Medrash?!" Disse Keyra visilmente preocupada. "Temos que encontrá-lo!"

"Encontraremos. Mas não faça nada de errado."Disse Arannis enquanto Adrie fazia alguns curativos em seu pescoço mordido.

Soveliss não conteve sua curiosidade e apertou a cabeça de anão no pilar. Nada aconteceu.
Adrie vasculhou as quatro salas perto do lugar onde haviam lutado, e encontrou algo numa delas. Um cheiro metálico levou o grupo até uma mesa de pedra onde um machado de duas mãos descansava, provavelmente há centenas de anos. Ecniv saltou sobre a mesa e pensou em levantar a arma mas Keyra tratou de pedir que ficasse quieto, enquanto ela verificava a existência de armadilhas.

A arma era magnífica. Trabalho anão, com certeza, e extremamente afiada. Keyra pegou o machado e usou suas novas luvas, encontradas na clareira dos espelhos. O machado desapareceu, ficando guardado magicamente numa das delas.

Depois de mais buscas, decidiram continuar.

Seguiram por um longo corredor até uma arcada bastante característica da arquitetura anã. Depois disso estavam numa grande caverna e, com a luz das tochas mágicas, conseguiram ver o que parecia ser uma cidade. Vagaram pela rua principal e era possível notar que as acasas e demais construções eram extremamente antigas. O que parecia ter sido um centro comercial era agora um espaço aberto em meio às casas. O tempo todo, uma sensação de opressão pairava no ar. Vultos se mexiam na escuridão, chamando a atenção dos aventureiros a cada passo. Era dificil não sentir medo pois o perigo assombrava cada movimento deles.

Chegaram finalmente a uma ponte de pedra muito antiga que atravessava um abismo. Adrie jogou uma pedra esperando saber a profundidade do buraco mas nada se ouviu. Decidiram atravessar a ponte que parecia muito segura. Nesse instante, o som de ossos estalando se ouviu e em coisa de segundos, onze esqueletos atacavam o grupo sobre a ponte.

Enquanto Adrie, Keyra e Arannis tentavam segurar os esqueletos na ponte que tinha vários buracos, Ecniv usava sua magia de bardo para ajudar. Soveliss parecia divertir-se toda vez que lançava sua magia fantasmagórica e derrubava os esqueletos no abismo. Não demorou muito para que todos estivessem longe de alcance, perdidos no fundo do buraco.

Os heróis respiraram fundo e continuaram. Uma longa escadaria surgiu diante deles e estes subiram por mais de duas horas. No fim estavam num corredor longo que os levou até uma porta. Abriram a mesma e chegaram a uma sala totalmente branca. Luz parecia emanar das lajotas das paredes, teto e chão, dando ao lugar um aspecto de limpeza fora do normal, se comparada a qualquer outro lugar do complexo subterrâneo. Do outro lado havia uma porta. O grupo atravessou o lugar com muita desconfiança e saíram por um corredor longo, decorado com armaduras e tapeçarias antigas. Do lado direito do corredor, vitrais grandes de cor azul eram cobertos por cortinas de veludo estragadas, antigas, mas que ainda resistiam, de alguma forma. Uma luminosidade azulada penetrava através das janelas. Um sussurro pairava no ar, vindo do fim do corredor.

O grupo avançava devagar, com medo. No fim do corredor, encontraram uma porta aberta que dava para uma sala grande, com colunas laterais e algumas janelas do mesmo tipo visto no corredoer. Na parede central da sala havia um trono de pedra.
Os aventureiros entraram, ainda atentos aos arredores, quando uma voz lúgubre surgiu no ar.

"O que fazem...em meus domínios?"

"Nós viemos em paz!" Disse Arannis. "Viemos pedir..."

"Por que destruíram meus...servos?"Disse a voz, que parecia sair de todos os cantos da sala.

"Nós não tivemos a intenção. Fomos atacados pelas criatu..." Tentou dizer Ecniv quando a voz sussurrou novamente.

"O que...fazem...aqui?"

"Nós viemos em busca de sua jóia, para deter Agrom-Vimak!" Disse Arannis

Uma nuvem surgiu, vinda de todas as direções da sala. Essa névoa escura parou sobre o trono e começou a juntar-se até que um vulto emergiu das trevas. Um esqueleto trajando um longo manto vermelho apareceu sentado no trono. Nos globos oculares, luzes vermelhas brilhavam e o lich usava uma coroa de ouro.

"Agrom-Vimak está...morto." Disse o lich

"Não, nós o libertamos, sem querer."Disse Adrie

Ecniv engasgou pois até então estava disposto a ajudar o grupo usando seus talentos de oratória.

"Vocês o que?!" Disse ele sem saber mais o que dizer

O lich não demonstrava emoção alguma, a não ser por sua voz que acabara de ficar mais forte.

"Eu sou Vodendrin. Estes são meus...domínios. Vocês vieram para dizer que reviveram Agrom-Vimak e agora querem minha...ajuda?"

"Sim. Temos que resolver o problema que criamos."Disse Arannis

"Senhor, permita-me que fale sobre isso. Meu nome é Ecniv e eu estou com este grupo tentando ajudar mas..."

"O que vocês...têm para dar em troca de minha...jóia?"Disse Vodendrin

"Bem, senhor, nós...er...er...eu tenho esta chave que!"Disse Ecniv mostrando uma chave encontrada no salão da entrada das catacumbas. "Ou então um machado mágico que temos!" Completou olhando para os demais em busca de aprovação.

"Pretendem pagar por minha ajuda com meu próprio...tesouro?" Perguntou o lich em tom de zombaria

O grupo ficou sem palavras e, segundos depois a criatura tornou a falar.

"Emprestarei a vocês a minha jóia. Mas antes devem passar por um...teste."

"Como assim?!" Disse Soveliss

"Escolham...um...dentre vocês. Somente ele será...testado." Disse Vondendrin levantando-se do trono.

"Se seu escolhido passar no teste, poderão levar...isto." O lich abriu sua túnica e os aventureiros viram a caixa toráxica da criatura. Um anel vermelho estava preso numa das costelas. Vodendrin tirou a jóia e a mostrou a eles.

"Somos um grupo. Trabalhamos como uma unidade. Porque não nos deixa entrar em seu teste juntos?" Disse Adrie atrás de Soveliss.

"Somente...um."Respondeu o lich

O grupo conversou por alguns longos minutos. Nenhum conseguia chegar a uma conclusão. Arannis ofereceu-se mas disse que faria como o grupo decidisse. Então, depois de muito ponderar, o grupo escolheu.

"Eu irei." Disse Arannis resoluto

"Que assim...seja..."Disse o lich apontando para o corredor, onde a sala branca aguardava

Arannis sorriu para os demais e caminhou seguro de si até a porta. Entrou na sala e olhou para seus amigos uma vez mais e sorriu. A porta fechou-se atrás dele.


quarta-feira, 5 de maio de 2010

A Ilha dos Mortos - Parte II

"Ouch!" Gemeu Soveliss ao cortar o dedo nas pedras pontiagudas da floresta petrificada

"Quer que Kubik pegue curativo mestre?"Disse o goblin pegando uma gosma na pequena sacola presa á cintura

"Não Kubik. Estou bem. É só um arranhão."Respondeu o mago enquanto chupava o próprio dedo para estancar o sangue.

Soveliss olhou em volta. Estava cansado da caminhada pelo terreno acidentado repleto de pedras e erosão. Seu irmão gêmeo ia à frente, junto com o dragonborn, Medrash. Estes conversavam baixo, atentos à escuridão ao seu redor. Keyra estava mais perto e parecia calma. Ela havia mudado muito desde a época em que o grupo matara o dragão verde de Duaspedras. Os meses no subterrâneo haviam deixado a ladina mais sombria.
Adrie estava transformada em pantera, algo muito mais comum que sua forma natural de elfa. Possivelmente, pensava Soveliss, a druida havia ficado acostumada. a viver como um animal naqueles meses terríveis no mundo dos drows.

O caminho pela floresta de rochas estava cada vez mais difícil. Pedras se soltavam debaixo dos pés dos aventureiros e era cada vez mais difícil enxergar à frente, devido à densa escuridão que os cercava, mesmo sendo ainda de manhã. Soveliss era seguido por Kubik e Bahamut continuava empoleirado em seu ombro. O eladrin era muito calmo e, apesar da caminhada, mantinha um leve sorriso nos lábios.

Adrie farejava o ar. estava nervosa mas seus companheiros não parcebiam isso quando ela estava em suas formas animais. Era uma pantera agora. Misturava-se às sombras e seus olhos brilhavam à luz da tocha carregada por Arannis. A elfa se mantinha algumas dezenas de metros adiante, atenta ao perigo. Estava muito escuro e o ar estava pesado. Uma luz surgiu.
Parecia a luz de uma fogueira em meio às brumas e estava aproximando-se rapidamente. Adrie parou.
Pensou em gritar e avisar seus companheiros mas lembrou-se que não podia falar em sua forma bestial. Tentou virar-se e foia tingida em cheio por uma esfera flamejante. As chamas cobriram seu pêlo negro e ela sentiu dor mas lembrou-se dos braceletes mágicos que usava e ativou seu poder. Os braceletes, escondidos magicamente sob a forma de pantera, absorveram as chamas. Então Adrie virou-se novamente e viu um esqueleto envolto em chamas.
Ao mesmo tempo, outros esqueletos surgiram da escuridão, cercando o grupo.
Iniciou-se uma batalha em meio às rochas. Medrash e Arannis conseguiram reorganizar o grupo e os cinco venceram os mortos-vivos.

Depois de descansarem por alguns instantes, os heróis continuaram a árdua caminhada. Depois de algumas horas, chegaram ao que parecia uma clareira. Cinco grandes pedras estavam no centro da mesma. Cada uma das pedras tinha um lado liso, extremamente polido. Ao se aproximarem, os aventureiros notaram que a parte polida das grandes rochas retangulares refletiam perfeitamente suas imagens, como grandes espelhos perfeitos.
Havia três estátuas perto de três dos espelhos. Uma era a de um elfo e estava um pouco quebrada. A segunda era a de um dragonborn com asas mas esta tinha um buraco enorme no peito. A última, quase não foi notada pois era pequena. Era um halfling ou gnomo.
As estátuas eram muito bem feitas e pareciam vivas.

O grupo verificou a área toda. Adrie, na forma de um corvo, sobrevoou a clareira. Por um instante, a druida pareceu notar um vulto na colina acima da clareira. Era uma subida íngreme de onde estavam os espelhos até onde algo havia se mexido furtivamente, mais rápido do que a elfa pudera notar.
Abaixo, na clareira, os demais analizavam os espelhos mágicos. Keyra subiu numa das grandes pedras para observar melhor enquanto Soveliss e Arannis viram que havia objetos dentro dos espelhos, como se fosse o reflexo de algo real diante da pedra polida. Ao esticar as mãos, os eladrins conseguiram pegar os objetos como se o espelho fosse feito de algum tipo de líquido. Enquanto Keyra olhava em volta, algo cortou o ar sibilando.

Uma flecha atingiu a meio-elfa em cheio, ferindo seu ombro. A flecha mordeu sua carne e Keyra sentiu uma tontura. Esta arrancou a flecha que caiu no chão, transformando-se numa serpente que morreu em seguida. Keyra estava vendo o mundo rodar mas mesmo assim, saltou para trás da pedra, tentando proteger-se de outros ataques. Sentia vontade de vomitar. "Veneno..."Pensou, enquanto tentava limpar a ferida.

"Cuidado!"Gritou Medrash e outra flecha veio da colina acima, atingindo-o nas costas.

Arannis correu colina acima, procurando pelo agressor. Adrie sobrevoou a floresta de pedra e avistou um vulto novamente. Enquanto isso, Keyra começou a correr até Arannis. Medrash, mais lento, subia usando as pedras como proteção.

Soveliss olhou para um dos espelhos e viu uma pessoa coberta por um manto. A pessoa retirou o capuz e então o mago viu um ser parecido com um réptil com cabelos em forma de cobras vivas. A criatura olhou em sua direção através do espelho e Soveliss sentiu que suas pernas pesavam mais do que o normal. Ele olhou para baixo e viu que estava transformando-se em pedra lentamente. Usando sua força de vontade, o eladrin conseguiu resistir ao poder da medusa. Em seguida, recordando-se de antigas lendas a respeito desse tipo de monstro, teve uma idéia e correu, esperando alcançar seu irmão.

Arannis chegou até a medusa, que tentava atingí-lo com suas flechas envenenadas. Adrie, transformada em corvo, mergulhou sobre a criatura e, no último segundo, transformou-se em urso, tentando atingir o monstro. Arannis tocou sua espada, abençoando-a e então ativou o poder da arma. Um golpe certeiro atingiu a medusa e uma faixa de força surgiu magicamente, jogando a o monstro no chão e aprisionando-o por alguns instantes. Adrie golpeou a medusa mas sem muito sucesso. Keyra chegou perto e ajudou os demais. Enquanto isso, Medrash continuava correndo colina acima, conforme o peso de sua armadura perimitia.

Soveliss, tendo conseguido teletransportar-se até uma pedra alta, demorou para visualizar o combate em meio às árvores de pedra. Então, lançou uma magia que criou a mão gigante de gelo e tentou agarrar a medusa. A criatura lançava seu olhar petrificante contra os heróis. Todos conseguiram resistir.

A criatura lutava desesperada e, quando conseguiu soltar-se da faixa de energía da espada de Arannis, foi agarrada pela mão de gelo de Soveliss. A mão levantou a medusa até uma altura considerável e então a soltou. A medusa caiu ruidosamente no chão rochoso, no exato momento em que Medrash alcançava os aventureiros. Segundos depois, a criatura estava morta.
Antes que alguém pudesse argumentar, Soveliss pegou um vidro em sua bolsa e começou a colher sangue da medusa. Ninguém entendeu.

"Vocês já vão ver. Calma."Disse o mago enquanto terminava de encher o pequeno vidro. "Sangue de medusa fresco consegue reverter a petrificação. Podemos ajudar um daqueles pobres coitados lá em baixo."Completou

O grupo chegou à clareira dos espelhos e então começaram a vasculhar a área. Encontraram alguns objetos de valor. Enquanto isso, Soveliss, que recolhia uma espécie de musgo negro das estátuas, pensava em qual delas receberia o sangue da medusa para voltar à vida. Estavam todas avariadas e ele pensou que, se alguma delas voltasse a viver, provavelmente morreria por causa dos ferimentos. Apenas a estátua menor estava intacta. Então, Soveliss e os demais decidiram derramar o sangue sobre ela.

O líquido escuro e viscoso escorreu pela cabeça da pequena estátua cinzenta. Estranhamente, pareceu ser absorvido por ela. Segundos depois, devagar, a estátua mudou de cor. A pedra adquiriu tons de vermelho, ouro, branco e logo um gnomo estava totalmente resaturado. Este olhou para os demais, sem saber o que se passava. Tinha cabelos brancos e olhos negros. Suas roupas eram vermelhas com alguns tons de dourado e estava vestido como um viajante. Uma bolsa pequena e certamente mágica pendia de sua cintura e uma flauta longa estava presa ás costas, num estojo fabricado para esse fim. Levava um pequeno caderno preso ao ombro e continuava a olhar atônito para os aventureiros.

"Que...quem são vocês? Meu irmão? Os demais? Meu pássaro? Onde?"Disse o gnomo confuso

"Calma, você foi transformado em pedra por uma medusa mas já cuidamos disso."Disse Soveliss orgulhoso

"Me-medusa? Mas...como? Quanto tempo?"Perguntou novamente o gnomo

"Olha, este é o ano 521. Quando foi que você veio pra cá?" Perguntou Keyra

"Por Avandra! 521?! São quarenta anos!" Disse ele colocando as mãos na cabeça

"Calma, respire."Disse Medrash enquanto o gnomo se deixava cair sentado no chão.

"Quarenta anos...quarenta anos..."Repetia ele olhando para o vazio

Alguns minutos depois, o gnomo respirou fundo e olhou para os demais. Levantou-se e, olhando para Soveliss, disse: "Serei eternamente grato por me salvarem. Sou Ecniv!"

"Ecniv...Ecniv...Ecniv, prazer..."Dizia ele enqquanto apertava firmemente a mão de cada membro do grupo até que viu o enorme urso que era Adrie. "Ecn...er...er..."Disse o gnomo recuando

Os aventureiros conversaram por algum tempo com Ecniv, contando-lhe a respeito de sua jornada mas sem mencionar muitos detalhes. Eles deixaram claro que havia um barco esperando por eles na volta e que ele seria bem vindo para juntar-se a eles até saírem da ilha. Ecniv aceitou, baseando-se na gratidão que sentia pelo grupo. Depois de descansarem enquanto conversavam, seguiram viagem, subindo a colina. Ecniv olhou para trás uma única vez e pensou: "Vince...por que?"

Depois de horas caminhando por terrenos acidentados, os aventureiros chegaram à entrada de uma garganta, ladeada por paredões de pedra. Seria muito demorado escalar e Arannis e Medrash concordaram que a estreita passagem entre as formações rochosas era um lugar perfeito para uma emboscada. Mesmo assim, depois de muito ponderar, os heróis entraram na passagem, seguindo o caminho por mais algumas horas, até chegar a uma entrada em forma de arco. Acima da passagem, uma inscrição, lida por Soveliss que usava suas lentes mágicas, dizia: "Bem vindo".

Relutantes por alguns instantes, todos entraram depois que Keyra respirou fundo e penetrou a escuridão. Arannis e Ecniv tiraram as duas tochas de luz infinta das bolsas e iluminaram o enorme salão onde estavam agora.

Enormes pilares sustentavam um teto com mais de sete metros de altura. O salão parecia escavado na pedra e tinha pouca ornamentação, que Arannis reconheceu como trabalho anão. No primeiro pilar, logo na entrada, estavam representados quatro rostos, um virado para cada lado da coluna de pedra. O primeiro era o de um anão. Havia também um tiefling, um elfo ou eladrin e um humano. Os rostos eram muito bem feitos mas um tanto geométricos demais. Medrash examinava um deles quando o grupo ouviu o som de lamentos ou gemidos vindos da escuridão. O dragonborn, por reflexo, tocou um dos rostos de pedra e um brilho místico saiu do pilar. Medrash desapareceu instantaneamente.

Antes que pudessem dizer qualquer coisa, os aventureiros foram atacados.

Um grupo de mortos-vivos surgiu da escuridão e os heróis estavam com um a menos.