quarta-feira, 5 de maio de 2010

A Ilha dos Mortos - Parte II

"Ouch!" Gemeu Soveliss ao cortar o dedo nas pedras pontiagudas da floresta petrificada

"Quer que Kubik pegue curativo mestre?"Disse o goblin pegando uma gosma na pequena sacola presa á cintura

"Não Kubik. Estou bem. É só um arranhão."Respondeu o mago enquanto chupava o próprio dedo para estancar o sangue.

Soveliss olhou em volta. Estava cansado da caminhada pelo terreno acidentado repleto de pedras e erosão. Seu irmão gêmeo ia à frente, junto com o dragonborn, Medrash. Estes conversavam baixo, atentos à escuridão ao seu redor. Keyra estava mais perto e parecia calma. Ela havia mudado muito desde a época em que o grupo matara o dragão verde de Duaspedras. Os meses no subterrâneo haviam deixado a ladina mais sombria.
Adrie estava transformada em pantera, algo muito mais comum que sua forma natural de elfa. Possivelmente, pensava Soveliss, a druida havia ficado acostumada. a viver como um animal naqueles meses terríveis no mundo dos drows.

O caminho pela floresta de rochas estava cada vez mais difícil. Pedras se soltavam debaixo dos pés dos aventureiros e era cada vez mais difícil enxergar à frente, devido à densa escuridão que os cercava, mesmo sendo ainda de manhã. Soveliss era seguido por Kubik e Bahamut continuava empoleirado em seu ombro. O eladrin era muito calmo e, apesar da caminhada, mantinha um leve sorriso nos lábios.

Adrie farejava o ar. estava nervosa mas seus companheiros não parcebiam isso quando ela estava em suas formas animais. Era uma pantera agora. Misturava-se às sombras e seus olhos brilhavam à luz da tocha carregada por Arannis. A elfa se mantinha algumas dezenas de metros adiante, atenta ao perigo. Estava muito escuro e o ar estava pesado. Uma luz surgiu.
Parecia a luz de uma fogueira em meio às brumas e estava aproximando-se rapidamente. Adrie parou.
Pensou em gritar e avisar seus companheiros mas lembrou-se que não podia falar em sua forma bestial. Tentou virar-se e foia tingida em cheio por uma esfera flamejante. As chamas cobriram seu pêlo negro e ela sentiu dor mas lembrou-se dos braceletes mágicos que usava e ativou seu poder. Os braceletes, escondidos magicamente sob a forma de pantera, absorveram as chamas. Então Adrie virou-se novamente e viu um esqueleto envolto em chamas.
Ao mesmo tempo, outros esqueletos surgiram da escuridão, cercando o grupo.
Iniciou-se uma batalha em meio às rochas. Medrash e Arannis conseguiram reorganizar o grupo e os cinco venceram os mortos-vivos.

Depois de descansarem por alguns instantes, os heróis continuaram a árdua caminhada. Depois de algumas horas, chegaram ao que parecia uma clareira. Cinco grandes pedras estavam no centro da mesma. Cada uma das pedras tinha um lado liso, extremamente polido. Ao se aproximarem, os aventureiros notaram que a parte polida das grandes rochas retangulares refletiam perfeitamente suas imagens, como grandes espelhos perfeitos.
Havia três estátuas perto de três dos espelhos. Uma era a de um elfo e estava um pouco quebrada. A segunda era a de um dragonborn com asas mas esta tinha um buraco enorme no peito. A última, quase não foi notada pois era pequena. Era um halfling ou gnomo.
As estátuas eram muito bem feitas e pareciam vivas.

O grupo verificou a área toda. Adrie, na forma de um corvo, sobrevoou a clareira. Por um instante, a druida pareceu notar um vulto na colina acima da clareira. Era uma subida íngreme de onde estavam os espelhos até onde algo havia se mexido furtivamente, mais rápido do que a elfa pudera notar.
Abaixo, na clareira, os demais analizavam os espelhos mágicos. Keyra subiu numa das grandes pedras para observar melhor enquanto Soveliss e Arannis viram que havia objetos dentro dos espelhos, como se fosse o reflexo de algo real diante da pedra polida. Ao esticar as mãos, os eladrins conseguiram pegar os objetos como se o espelho fosse feito de algum tipo de líquido. Enquanto Keyra olhava em volta, algo cortou o ar sibilando.

Uma flecha atingiu a meio-elfa em cheio, ferindo seu ombro. A flecha mordeu sua carne e Keyra sentiu uma tontura. Esta arrancou a flecha que caiu no chão, transformando-se numa serpente que morreu em seguida. Keyra estava vendo o mundo rodar mas mesmo assim, saltou para trás da pedra, tentando proteger-se de outros ataques. Sentia vontade de vomitar. "Veneno..."Pensou, enquanto tentava limpar a ferida.

"Cuidado!"Gritou Medrash e outra flecha veio da colina acima, atingindo-o nas costas.

Arannis correu colina acima, procurando pelo agressor. Adrie sobrevoou a floresta de pedra e avistou um vulto novamente. Enquanto isso, Keyra começou a correr até Arannis. Medrash, mais lento, subia usando as pedras como proteção.

Soveliss olhou para um dos espelhos e viu uma pessoa coberta por um manto. A pessoa retirou o capuz e então o mago viu um ser parecido com um réptil com cabelos em forma de cobras vivas. A criatura olhou em sua direção através do espelho e Soveliss sentiu que suas pernas pesavam mais do que o normal. Ele olhou para baixo e viu que estava transformando-se em pedra lentamente. Usando sua força de vontade, o eladrin conseguiu resistir ao poder da medusa. Em seguida, recordando-se de antigas lendas a respeito desse tipo de monstro, teve uma idéia e correu, esperando alcançar seu irmão.

Arannis chegou até a medusa, que tentava atingí-lo com suas flechas envenenadas. Adrie, transformada em corvo, mergulhou sobre a criatura e, no último segundo, transformou-se em urso, tentando atingir o monstro. Arannis tocou sua espada, abençoando-a e então ativou o poder da arma. Um golpe certeiro atingiu a medusa e uma faixa de força surgiu magicamente, jogando a o monstro no chão e aprisionando-o por alguns instantes. Adrie golpeou a medusa mas sem muito sucesso. Keyra chegou perto e ajudou os demais. Enquanto isso, Medrash continuava correndo colina acima, conforme o peso de sua armadura perimitia.

Soveliss, tendo conseguido teletransportar-se até uma pedra alta, demorou para visualizar o combate em meio às árvores de pedra. Então, lançou uma magia que criou a mão gigante de gelo e tentou agarrar a medusa. A criatura lançava seu olhar petrificante contra os heróis. Todos conseguiram resistir.

A criatura lutava desesperada e, quando conseguiu soltar-se da faixa de energía da espada de Arannis, foi agarrada pela mão de gelo de Soveliss. A mão levantou a medusa até uma altura considerável e então a soltou. A medusa caiu ruidosamente no chão rochoso, no exato momento em que Medrash alcançava os aventureiros. Segundos depois, a criatura estava morta.
Antes que alguém pudesse argumentar, Soveliss pegou um vidro em sua bolsa e começou a colher sangue da medusa. Ninguém entendeu.

"Vocês já vão ver. Calma."Disse o mago enquanto terminava de encher o pequeno vidro. "Sangue de medusa fresco consegue reverter a petrificação. Podemos ajudar um daqueles pobres coitados lá em baixo."Completou

O grupo chegou à clareira dos espelhos e então começaram a vasculhar a área. Encontraram alguns objetos de valor. Enquanto isso, Soveliss, que recolhia uma espécie de musgo negro das estátuas, pensava em qual delas receberia o sangue da medusa para voltar à vida. Estavam todas avariadas e ele pensou que, se alguma delas voltasse a viver, provavelmente morreria por causa dos ferimentos. Apenas a estátua menor estava intacta. Então, Soveliss e os demais decidiram derramar o sangue sobre ela.

O líquido escuro e viscoso escorreu pela cabeça da pequena estátua cinzenta. Estranhamente, pareceu ser absorvido por ela. Segundos depois, devagar, a estátua mudou de cor. A pedra adquiriu tons de vermelho, ouro, branco e logo um gnomo estava totalmente resaturado. Este olhou para os demais, sem saber o que se passava. Tinha cabelos brancos e olhos negros. Suas roupas eram vermelhas com alguns tons de dourado e estava vestido como um viajante. Uma bolsa pequena e certamente mágica pendia de sua cintura e uma flauta longa estava presa ás costas, num estojo fabricado para esse fim. Levava um pequeno caderno preso ao ombro e continuava a olhar atônito para os aventureiros.

"Que...quem são vocês? Meu irmão? Os demais? Meu pássaro? Onde?"Disse o gnomo confuso

"Calma, você foi transformado em pedra por uma medusa mas já cuidamos disso."Disse Soveliss orgulhoso

"Me-medusa? Mas...como? Quanto tempo?"Perguntou novamente o gnomo

"Olha, este é o ano 521. Quando foi que você veio pra cá?" Perguntou Keyra

"Por Avandra! 521?! São quarenta anos!" Disse ele colocando as mãos na cabeça

"Calma, respire."Disse Medrash enquanto o gnomo se deixava cair sentado no chão.

"Quarenta anos...quarenta anos..."Repetia ele olhando para o vazio

Alguns minutos depois, o gnomo respirou fundo e olhou para os demais. Levantou-se e, olhando para Soveliss, disse: "Serei eternamente grato por me salvarem. Sou Ecniv!"

"Ecniv...Ecniv...Ecniv, prazer..."Dizia ele enqquanto apertava firmemente a mão de cada membro do grupo até que viu o enorme urso que era Adrie. "Ecn...er...er..."Disse o gnomo recuando

Os aventureiros conversaram por algum tempo com Ecniv, contando-lhe a respeito de sua jornada mas sem mencionar muitos detalhes. Eles deixaram claro que havia um barco esperando por eles na volta e que ele seria bem vindo para juntar-se a eles até saírem da ilha. Ecniv aceitou, baseando-se na gratidão que sentia pelo grupo. Depois de descansarem enquanto conversavam, seguiram viagem, subindo a colina. Ecniv olhou para trás uma única vez e pensou: "Vince...por que?"

Depois de horas caminhando por terrenos acidentados, os aventureiros chegaram à entrada de uma garganta, ladeada por paredões de pedra. Seria muito demorado escalar e Arannis e Medrash concordaram que a estreita passagem entre as formações rochosas era um lugar perfeito para uma emboscada. Mesmo assim, depois de muito ponderar, os heróis entraram na passagem, seguindo o caminho por mais algumas horas, até chegar a uma entrada em forma de arco. Acima da passagem, uma inscrição, lida por Soveliss que usava suas lentes mágicas, dizia: "Bem vindo".

Relutantes por alguns instantes, todos entraram depois que Keyra respirou fundo e penetrou a escuridão. Arannis e Ecniv tiraram as duas tochas de luz infinta das bolsas e iluminaram o enorme salão onde estavam agora.

Enormes pilares sustentavam um teto com mais de sete metros de altura. O salão parecia escavado na pedra e tinha pouca ornamentação, que Arannis reconheceu como trabalho anão. No primeiro pilar, logo na entrada, estavam representados quatro rostos, um virado para cada lado da coluna de pedra. O primeiro era o de um anão. Havia também um tiefling, um elfo ou eladrin e um humano. Os rostos eram muito bem feitos mas um tanto geométricos demais. Medrash examinava um deles quando o grupo ouviu o som de lamentos ou gemidos vindos da escuridão. O dragonborn, por reflexo, tocou um dos rostos de pedra e um brilho místico saiu do pilar. Medrash desapareceu instantaneamente.

Antes que pudessem dizer qualquer coisa, os aventureiros foram atacados.

Um grupo de mortos-vivos surgiu da escuridão e os heróis estavam com um a menos.






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