sábado, 24 de abril de 2010

Enquanto isso, no templo de Avandra

"Meus amigos, os gêmeos, já foram escravos, já perderam a família e tudo o que tinham. Mesmo assim, optaram por um caminho correto. Você não pode deixar que esse sentimento de vingança tome conta de você."

"Se você deixar que isso aconteça, o que será de sua mãe e de sua irmã?"

"Pense em seu pai mas não pense em vingança. Nós já cuidamos dos bandidos. Você não precisa seguir a opinião de uma mulher que é na verdade um morto-vivo, um ser das trevas."

"Nós vamos levar você a Ilíria, com a permissão de sua mãe, mas somente para que seja ensinada nos caminhos corretos, no caminho de Avandra."

A voz de Keyra ecoava nos ouvidos de Ania enquanto esta ouvia um sermão dado pelo irmão Gaius no templo de Avandra, em Ilíria. Para a jovem camponesa de Duaspedras, a voz de Gaius era irritantemente aguda. Os estudantes do clérigo eram filhos de nobres e comerciantes ricos e todos olhavam para ela como quem olha para um cão sarnento.

Ania era linda. Assim como sua irmã gêmea. Mas agora, depois da morte de seu pai, tinha um olhar sombrio. Olheiras agora se mostravam ao redor dos belos olhos azuis e seu cabelo não esra escovado há tempos.

"...e todos devemos louvar e agradecer Avandra pela boa sorte que nos concede..."Dizia Gaius em voz alta

Ania cerrava os dentes movida pela raiva. Seus punhos se fechavam até que seus dedos doíam. Ela não aguentava mais os sermões daquele homem. Estava em Ilíria há dois dias e já se sentia sufocada. Havia perdido o medalhão de Bane em Barun e isso havia despertado uma grande desconfiança nela.

A menina estava hospedada no próprio templo, numa das celas dos acólitos do local. Porém, ela queria sair e conhecer a cidade. Naquela noite, depois do sermão, Ania havia conseguido fugir.

Percorria as ruas dos templos procurando pelo de Bane e logo soube que não havia nenhum pois a divindade maligna da guerra e conquista não era cultuada abertamente em lugar algum. Foi então que encontrou o Rato.

Kalmar estava diferente. Trajava um manto negro e levava consigo dois capangas fortes. Ele abordou Ania num beco e a jovem, assustada, não teve como fugir dos dois brutamontes que escoltavam o ladrão.

"Meu mestre quer você, garota. Ele viu seu futuro."

"Me solte! Eu não sei do que você está falando!" Gritou Ania

"Você saberá. Agrom-Vimak dominará tudo e você será de grande ajuda!" Disse Kalmar, o Rato

Os homens amordaçaram a jovem e desapareceram na escuridão. Somente a gargalhada guinchante de Kalmar podia ser ouvida na noite.

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