domingo, 28 de março de 2010

As Sete Jóias

Adrie sentia dor nos dedos das mãos enquanto descia pela encosta rochosa da montanha. Apesar disso, suas passadas eram firmes e a elfa sabia exatamente onde segurar-se para não cair até a morte na floresta abaixo. O vento estava fraco naquela tarde e a druida parava às vezes para ver se seus amigos estavam bem. Acima dela, Keyra descia com a mesma facilidade. Não tinham cordas e, por isso, a descida era perigosa.
Medrash carregava Kubik nas costas e cravava suas garras no paredão de granito. Arannis vinha acima dele, apoiando-se com dificuldade em pedras que, às vezes, se soltavam e caíam sem ferir seus companheiros. Soveliss vinha por último, ajudando Anna, a jovem escrava que libertaram no subterrâneo.

De repente, Adrie ouviu um grito e viu Soveliss despencar. O eladrin passou por ela rápido demais para ser pego e desapareceu em meio às árvores. Medrash havia caído também mas uma saliência na montanha salvara sua vida.

Adrie começou a descer mais e mais rápido, esperando encontrar Soveliss ainda com vida. Nos últimos metros, a elfa lançou-se para as árvores e, agarrando-se aos galhos, consegiu pousar suavemente no chão da floresta.

Soveliss estava lá, inconsciente. Mal respirava. Adrie correu até ele e tentou reanimá-lo. Nesse instante, Keyra apareceu, saltando como um felino de uma das árvores. Medrash, Anna e Arannis a seguiram, estes descendo com cuidado pela encosta.

Adrie sussurrou algo no ouvido de Soveliss e então sua mão brilhou suavemente com uma luz esverdeada. A elfa tocou o peito do eladrin e este abriu os olhos, voltando à consciência.

Estavam feridos mas estavam bem. Arannis chamou os demais pois havia encontrado uma pequena gruta onde poderiam descansar. Ele e Medrash cortaram galhos com os quais fizeram um abrigo, fechando a gruta. Adrie então entoou um cântico suave e logo dezenas de pequenos seres luminosos limpavam o local e montavam camas de musgo e umça fogueira com pedras ao redor.

"As fadas da Floresta Castanha são amigas do meu povo."Disse a druida deitando-se numa das macias camas verdes.

Os heróis passaram uma noite tranquila e seguiram viagem logo pela manhã, esperando alcançar Duaspedras em dois dias. No fim do dia, enquanto caminhavam numa área de grandes árvores, duas criaturas surgiram, flanqueando o grupo. Eram seres vagamente humanóides mas tinham a pele escura como madeira antiga e estavam cobertas por folhas, musgo e galhos velhos.
As dríades sussurraram em sua língua milenar e atacaram os intrusos. Adrie transformou-se num emaranhado de garras, pêlos e névoa e atacou. Keyra esquivava-se mal por causa do terreno e sofreu com os ataques das criaturas da floresta.

Medrash estava mais à frente com Arannis e não viram quando uma enorme criatura feita de plantas apareceu atrás deles. O monstro atacou com seus poderosos braços, tentando esmagá-los, enquanto tentáculos de plantas se mexiam na direção dos dois.

Soveliss foi atacado por uma das dríades. as criaturas eram rápidas e resistentes. Por um instante, o mago olhou para a enorme criatura que atacava seu irmão e lembrou-se do que era aquela fera.

"Não use a espada elétrica! Raios curam esse monstro!"Gritou

Arannis estava inspirado naquele dia. O monstro golpeava e o paladino esquivava-se com graça, evitando os tentáculos. O eladrin girava sua espada mágica sem usar os poderes e atingia em cheio o monstro que tentava em vão atingir o paladino de Avandra. Medrash ajudava mas era mais lento e o monstro, depois de atingir o dragonborn com dois golpes terríveis, puxou-o para dentro de si, afim de devorá-lo.

Medrash estava dentro da criatura. Era possível ver sua mão com a espada e uma de suas pernas mas o resto do dragonborn estava englobado pelas plantas. Medrash urrou e rasgou o monstro para sair, caído ao lado da criatura. Arannis atacou ferozmente, ajudando seu companheiro.

A luta levou alguns minutos mas logo a grande criatura e suas dríades estavam mortas no chão da floresta.

Dois dias depois, cansados, os heróis chegaram ao Monte dos Túmulos, a grande colina repleta de pedras tumulares dos habitantes de Duaspedras. Do topo do monte, os aventureiros conseguíam ver a aldeia e suspiraram aliviados.
Andaram por mais quatro horas até que chegaram à aldeia e tiveram uma surpresa nada agradável.

Ben Talonshield, o líder da aldeia, estava no chão, cercado por bandidos. Outros camponeses estavam ao redor, com medo. Um homem com um machado enorme estava atrás de Ben e esperava a ordem para cortar sua única perna. Havia um homem magro de feições aquilinas e uma barba pontiaguda diante dele.

Medrash e Arannis estavam indo à frente, acompanhados por Adrie em forma de pantera, quando foram vistos pelos bandidos.

"Ah! Aventureiros é? Não vão interferir vão? Esta aldeia é nossa! Saiam daqui!"Disse o homem magro com uma voz esganiçada.

Medrash segurou o cabo da espada e Adrie rosnou mas Arannis segurou a pantera e disse calmamente: "Tudo bem. Nós não vamos inerferir. Estamos de passagem."

"Acho bom!"Disse o homem rindo

Arannis e os demais se afastaram e o paladino sinalizou para que circundassem a casa ao lado para atacar os bandidos por trás. Ao longe, Keyra entendeu o plano e saiu correndo na direção oposta, dando a volta, pois havia visto um arqueiro bem posicionado com duas guard drakes ao lado dele.

Adrie, enfurecida, soltou-se de Arannis e correu em sua forma de pantera na direção do homem do machado, que se preparava para decepar a perna de Ben. A pantera rugiu e saltou. Em pleno ar, transformou-se em lobo e caiu sobre o guerreiro mordendo-lhe o braço. Em seguida uivou e mágicamente surgiu um lobo feito de energía mistica atrás do bandido. Os dois lobos agora atacavam o bárbaro coordenadamente.

O arqueiro assoviou e as duas drakes correram na direção de Adrie e seu lobo invocado. Os lagartos eram do tamanho de cães e corriam em duas patas. Mordiam e guinchavam.

Arannis atacou junto com Medrash e os bandidos revidaram. Enquanto isso, os camponeses pegaram Ben e fugiram, afastando-se da batalha.

Soveliss teleportou-se para cima de uma casa e, usando sua magia, invocou uma mão de gelo enorme que agarrou o homem magro, líder dos bandidos. A mão levantou o homem até uma altura considerável enquanto este gritava desesperado por causa das queimaduras de gelo da mão. Então, Soveliss abriu sua mão e a mão de gelo obedeceu seu comando, soltando o homem.

O arqueiro havia atingido Adrie duas vezes e preparava outra flecha quando uma sombra apareceu atrás dele. Keyra segurou o homem com uma mão e com sua adaga mágica esfaqueou-o nas costas. O ferimento ficou negro instantaneamente e o homem soltou o arco e fugiu, enquanto os heróis acabavam de vencer os outros bandidos.


Depois que os bandidos haviam sido derrotados, Ben e outros aldeões apareceram. Ben agradeceu muitas vezes e falou de como os bandidos haviam chegado há duas semanas e aterrorizado a vila. Disse também que Malcor, o dono do Dragão Ébrio havia sido morto. As filhas gêmeas do taverneiro, junto com a mãe, estavam agora cuidando dos restos mortais.
Lia e Ania choravam com sua mãe mas Ania parecia menos abalada ou talvez estivesse em choque.

Arannis e Keyra foram até a taverna enquanto Medrash e Soveliss ajudavam os camponeses. Adrie transformou-se em pantera e seguiu a pista do arqueiro bandido. Seguindo seu olfato, a druida chegou até uma clareira na floresta onde estava o homem, sangrando e com o braço completamente negro devido à magia da adaga de Keyra.

Adrie rosnou e se aproximou do arqueiro que se levantou. Então, uma flecha sibilou e atingiu o homem na testa. O corpo caiu inerte ao lado de Adrie que assumia a forma de elfa nesse instante.

"Pai?"Disse ela ao ver Salis, o elfo.

"Adrie."Respondeu o ranger friamente

"Pai, você está bem? Nós salvamos a vila mas onde você estava? Você era o protetor deles!"

"Eu...falhei com eles Adrie."Disse Salis guardando o arco

"Pai, fale comigo eu, eu senti sua falta e..."

"Adeus Adrie. Boa sorte para você e seus amigos."Disse o elfo interrompendo-a.

"Pai...eu te amo."Disse a druída com lágrimas nos olhos

"Eu também."Disse o elfo sem olhar para trás, desaparecendo na floresta.

Arannis entrou no Dragão Ébrio enquanto Keyra ficou na praça da aldeia, observando. Ao entrar, o paladino viu um corpo caído. Era um dos bandidos. Sentada numa mesa da taverna estava uma mulher em trajes negros. Tinha longos cabelos negros e usava uma fina tiara de ouro. Seus olhos, de um azul estranhamente pálido brilhavam na penumbra. Tinha um rosto belo e traços finos.

"Olá. Finalmente nos encontramos, paladino."Disse a mulher com uma voz suave

"Quem é você e como sabe quem sou? Está com esses bandidos?" Respondeu o eladrin

"Não. Estou aqui porque vocês fizeram uma grande besteira. Vim ajudar vocês."

Arannis ficou calado tentando decifrar as intenções da mulher. Foi então que percebeu que além de muito pálida, ela tinha caninos afiados. "Uma vampira."Pensou o eladrin

"Eu sei o que você é. Você tem se alimentado dos aldeões, monstro?" Perguntou ele segurando o cabo da espada

"Claro que não. Somente um ou outro bandido. Mas não é sobre isso que vim falar com você."

Nesse instante, Keyra, que estava vendo tudo pela janela, entrou na taverna e sentou-se atrás do balcão, observando. Lia, uma das filhas do taverneiro estava saíndo da cozinha e Keyra falou algo em seu ouvido, fazendo sinal para que fosse embora.

"Quero ajudar vocês a destruir Agrom-Vimak de uma vez por todas. Querem minha ajuda ou não?"Disse a vampira

"Como pode nos ajudar?"Perguntou Arannis

"Se quiserem minha ajuda, lhes darei isto." Respondeu ela colocando um pergaminho sobre a mesa. "É com isto que vão derrotar Vimak."

Arannis olhou para Keyra por alguns segundos e esta perguntou: "Como encontramos você e como você se chama?"

A vampira sorriu enquanto seu olhar parecia devorar a meio-elfa. "Eu encontro vocês."

"Você não tem nome? Vou ter que inventar um?" Disse a ladina sorrindo

"Eu entrarei em contato. Temos um acordo, paladino de Avandra?"

"Sim, por enquanto." Respondeu Arannis enquanto pegava o pergaminho que lhe era entregue.

A vampira sorriu e levantou-se. Era bela e caminhava graciosamente. Na porta, sorriu novamente para Keyra e, enquanto Medrash, Soveliss e Adrie chegavam, sacou uma pequena estatueta da bolsa. Tinha o formato de um morcego. Em seguida, na frente dos aventureiros, lançou o morcego ao ar e este cresceu até se transformar numa estátua viva do tamanho de um cavalo. A vampira montou na estátua de morcego e alçou vôo.

Keyra e Arannis contaram o que havia acontecido aos demais. Juntos abriram o pergaminho que estava numa língua estranha. Por sorte, no combate contra as dríades, Soveliss encontrara um par de lentes mágicas. O mago usou o item e conseguiu ler a língua antiga.

"No vigésimo dia da batalha, Agrom-Vimak foi derrotado e sua espada partida em três pedaços. Os Sete decidiram esconder os fragmentos em lugares distantes. Um deles foi enterrado com seu dono. Outro foi levado ao templo branco de Kalag e o último perdeu-se em sua jornada para o norte. Assim perdeu-se a Espada Rubra de Agrom-Vimak e que permaneça perdida para todo o sempre." Leu Soveliss em voz alta.

"Os Sete então partiram para seus respectivos reinos, levando consigo as Sete Jóias, com as quais o poder de Agrom-Vimak foi negado." Continuou

"Tem nomes aqui. Dos Sete. Ao lado de cada nome tem o nome do reino ou da região e a cor da jóia." Disse o mago enquanto lia.

"Qual é o primeiro da lista?" Perguntou Medrash

"Vodendrin o Necromante. Levou a pedra para o oeste." Respondeu Soveliss.

"Oeste? Ilíria? O mar?"Perguntou Adrie

"Não diz nada a respeito. Os demais estão em lugares muito distantes."Disse o mago eladrin

"O que vamos fazer?" Perguntou Arannis

Enquanto resolviam, Keyra deixou a taverna. No caminho viu uma das filhas do taverneiro. Esta chorava mas tinha um olhar perdido, um tanto sinistro.

"Você está bem?"Perguntou Keyra à menina, que tinha seus quinze anos de idade. "Você se chama..."

"Ania."Respondeu friamente a garota

"Ania, o que você tem nas mãos?"Perguntou a ladina ao ver que a menina segurava um medalhão negro

"É meu. Não quero mostrar."Respondeu Ania

"Tudo bem. Não vou contar a ninguém."

A menina pareceu confiar em Keyra e mostrou. Era um medalhão escuro com um símbolo. Keyra não sabia onde tinha visto o desenho e lembrou-se que Arannis conhecia melhor essas coisas.

"Eu vou ter vingança. Meu pai foi morto e vai ser vingado."Disse a menina subitamente. "Me leve para Ilíria com vocês. Preciso ir para lá." Disse a menina

Keyra pensou por um tempo e depois respondeu: "Se formos para Ilíria e sua mãe permitir, sim."

A ladina então retornou à taverna e contou tudo a Arannis. Este ficou preocupado e decidido a falar com a jovem a respeito desse sentimento de vingança.
Horas depois, quando o grupo já havia decidido ir para Ilíria no dia seguinte, afim de descobrir mais sobre o pergaminho dado a eles pela vampira, Arannis chamou Ania para conversar.

"Posso ver o medalhão?"Perguntou firme

A menina esitou por alguns segundos e então mostrou a peça ao paladino. Este a reconheceu comos endo o símbolo de Bane, o deus maligno da guerra e conquista. O paladino ficou chocado por alguns instantes.

"Quem deu isso a você?"Perguntou

"A mulher de negro que estava aqui. Ela disse que a igreja de Bane me ajudaria."Respondeu a menina. "Vocês me levam para Ilíria?"

Arannis pensou. Olhou para os demais. Olhou para Ania que aguardava uma resposta.

"Sim. Você virá conosco."Respondeu o paladino de Avandra determinado a minar a idéia de vingança e de seguir Bane da cabeça da garota durante a viagem.

No dia seguinte, munidos de cavalos dados por Ben Talonshield, os heróis de Duaspedras partiram. Com eles estava a jovem Ania.

Depois de um dia de viagem, os aventureiros saíram da estrada na floresta. estavam agora nas planícies altas por onde a estrada serpenteava. Os campos estavam floridos e o vento era suave. Depois de subirem por uma colina mais alta, avistaram um homem sentado num tronco de árvore caído. Estava assando um esquilo numa pequena fogueira quando Keyra se aproximou.

"Olá!"Disse ela sorridente

O homem, um jovem de seus vinte e cinco anos sorriu ao ver a meio-elfa. Ele era branco e tinha olhos de um azul profundo. Seu cabelo era escuro e liso e trajava uma cota de malha curta, botas altas e roupas escuras. Sua capa era azul e adornada por enfeites em prata. Tinha uma espada longa presa ao cinto. Era alto e de boa aparência.

"Olá...me chamo Kyon. E você?"Disse fazendo uma longa reverência

"Keyra. Você está sozinho aqui?"

"Sim. Estou vagando por aí. Tive um contratempo com meu antigo grupo, os Irmãos de Sangue e acabei chegando a esta planície." Disse ele sem tirar os belos olhos azuis de Keyra.

"Os Irmãos de Sangue...sei."

"Posso juntar-me a vocês? Estou indo para Ilíria também."Disse ele quando os demais chegaram.

O grupo pensou por um tempo e então Arannis e Keyra falaram ao mesmo tempo. "Sim, claro."

Kyon Ortankler juntou-se a eles e durante a jornada contou sobre suas aventuras. Arannis descobriu que Kyon era irmão de Yalin, uma jovem paladina que conhecera anos atrás na cidade.

Os aventureiros estavam felizes por ter saído do subterrâneo e salvado Duaspedras novamente. Porém, uma longa jornada de perigos estava apenas começando...

quinta-feira, 25 de março de 2010

A Escuridão - Parte VI - Final

"Então? Quem são vocês?" Perguntou mais uma vez a guerreira de cabelos de fogo.
Arannis, Keyra, Medrash e Adrie ficaram em silêncio e somente Soveliss respondeu: "Somos os...os guardiões, isso."
"Quem?" Disse o anão levantando a tocha que levava na mão do escudo.
"Os Guardiões...do Universo!"Respondeu o mago eladrin enchendo os pulmões.
Arannis e os demais se entreolharam sem acreditar nas palavras do mago. A ruiva abaixou a espada de duas mãos e sorriu.
"Kraig, você e Linfur verifiquem o sarcófago. Não creio que os Guardiões se importem se pegamos o tesouro que viemos buscar neste buraco." Disse ela
Kraig, o anão, sorriu e caminhou para dentro da sala, guardando a espada. Linfur, o halfling, seguiu se companheiro e então os dois viram Kubik, encolhido atrás de seu mestre.
"Um goblin vivo!"Gritou Linfur sacando as adagas novamente.
"Calma. Ele está conosco. É nosso servo."Disse Arannis
A guerreira ruiva levantou a mão na direção do halfling. "Guarde suas adagas halfling. Não queremos confusão."
"Certo Damara. Me ajude aqui, Kraig."Respondeu Linfur enquanto examinava o sarcófago em busca de armadilhas. "Limpo como bumbum de ettercap!" Disse ele.
"Nunca vou entender suas metáforas."Disse o elfo que agora retirava a flecha do arco e aguardava na aljava.
Kraig abriu a o sarcófago empurrando a pesada tampa de pedra que caiu no chão despedançando-se. Linfur entrou na tumba e pegou um baú e algumas jóias.
"Certo. Depois contamos o dinheiro. Creio que nossos caros amigos aqui não se importam de NÃO dividir isso conosco, certo?" perguntou Damara.
"É de vocês. Nós só queremos sair daqui."Respondeu Medrash.
Damara concordou e ordenou ao seu grupo que seguissem na frente, enquanto ela puxava conversa com o dragonborn.
"Como chegaram ao centro da masmorra antes de nós? Tivemos que passar por dezenas de goblins."Perguntou a ruiva
"Nosso mago nos teleportou para cá."Disse Medrash apontando com a cabeça para Soveliss.
"Ele deve ser bem poderoso então."Disse Damara sorrindo.
Os dois grupos de aventureiros seguiram pelos corredores da masmorra e em cada sala encontravam um grupo de goblins morto. Numa porta havia um goblin, preso por um machado de guerra.
"Esse aí foi obra minha!" Disse Kraig gabando-se de sua pontaria.
Depois de quase uma hora e de trocar algumas informações, os Irmãos de Sangue e os 'Guardiões do Universo' saíram da masmorra. Estavam agora numa trilha nas montanhas. O céu estava claro e havia uma suave brisa. Arannis e seus companheiros sorriram e abriram os braços tentando pegar todo o ar puro que estava ao redor. Haviam passado mais de três meses no subterrâneo e a luz do sol havia se tornado um bem precioso.
Os dois grupos se despediram pois os Irmãos tinahm um compromisso na cidade dos anões ao norte, conhecida como A Forja. Soveliss e os demais sentaram-se e montaram acampamento. Não tinham comida nem água mas estavam felizes de ter chegado à superfície.
"Vamos montar a espada."Disse Arannis
"Tem certeza? Não seria melhor esperarmos até termos mais informações?"Perguntou seu irmão
"E se essa coisa nos matar ou levar para outro lugar?"Perguntou Medrash desconfiado.
"Vamos montá-la. Depois de tudo o que passamos é justo que vejamos do que ela é capaz."Insistiu
Arannis.
Todos concordaram e o eladrin pegou o cabo da espada na bolsa mágica. Soveliss pegou a esfera vermelha e entregou-a. Medrash deu a lâmina que estava com ele.
Arannis colocou a esfera no soquete do cabo e esta encaixou-se facilmente. Brilhou de leve, mostrando seu olho flamejante. Em seguida, encaixou a grande lâmina da espada bastarda e então a arma brilhou em vermelho e se tornou uma única peça.
Arannis segurou a espada com as duas mãos, admirando sua beleza selvagem. Era uma espada formidável. Então, o olho da espada brilhou e o eladrin sentiu que calor emanava da arma. Em segundos, a temperatura da espada aumentou ao ponto de queimar a luva e um pouco da pele do eladrin que a soltou imediatamente.
Medrash tentou pegar a arma no chão mas também foi queimado. A espada começou a brilhar intensamente e então, num clarão vermelho, uma figura conhecida apareceu. Era um homem alto, trajando uma armadura vermelha com uma capa negra presa às ombreiras. usava um elmo onde apenas os brilhantes olhos vermelhos apareciam. O guerreiro pegou a espada no chão e retirou o elmo. Tinha pouco mais de vinte anos de idade e seus cabelos eram raspados. Tinha feições belas mas duras e seus olhos brilhavam com a mesma luz vermelha da espada.
"Obrigado por reunirem minha espada. Fizeram um excelente trabalho. Por isso não os matarei, agora."Disse a estranha figura que havia aparecido aos heróis uma vez, na tumba de Agrom-Vimak.
"Sou Vimak." Disse a aparição enquanto fazia uma leve reverência e desaparecia em pleno ar, logo em seguida.
Os heróis ficaram pasmos, sem saber o que fazer. Medrash jogou seu escudo no chão e chutou terra enfurecido. Soveliss sentou-se numa pedra, atônito, Arannis cruzou os braços e olhou para onde estava a marca da espada no chão. Adrie afastou-se sem acreditar no que tinha visto e Keyra ficou esperando uma reação.
"E agora? Todo este trabalho para deixar a arma cair nas mãos de um conquistador morto?"Disse Medrash "Agora temos certeza de que Vimak era maligno."
"O que vamos fazer agora?" perguntou Adrie
"Nós trouxemos essa coisa de volta à vida. Nós vamos levá-la de volta ao túmulo."Disse Arannis olhando na direção do vale onde a Floresta Castanha e Duaspedras podiam ser vistas.

sexta-feira, 19 de março de 2010

A Escuridão - Parte V

Adrie, Keyra, Medrash e Anna estavam de pé no convés de um barco. O homem que era seu novo dono era um humano mas seus servos eram outros escravos e alguns drows. Ele tinha cabelos ruivos longos e lisos e falava pouco. Por três dias, navegaram até chegar a Xindrak. Era uma cidade escura, negra, iluminada por faróis de cor roxa.

O feitor de escravos, um drow, abriu os colares para colocar novos e foi nesse momento que Adrie se jogou no rio escuro, transformando-se num rato para em seguida desaparecer na escuridão.
Medrash e Keyra foram levados para a casa do humano ruivo. Depois de alguns dias, Keyra se tornou a espiã do homem. Ele a usava para invadir a casa de drows influentes e até mesmo para matar alguns deles. Ela foi equipada e aprendeu a língua do subterrâneo rapidamente. Medrash recebeu equipamento mas só podia ser usado em ocasiões especiais, quando o dragonborn lutava na arena da cidade em nome de seu dono. Adrie passou a viver nas ruas da cidade, escondendo-se o tempo todo.


O Vizarii brilhou na escuridão e apareceu magicamente a cem metros do cais de Xindrak, a cidade dos drows. O barco githzerai pousou sobre as águas negras e navegou como uma embarcação comum até a doca. Dois soldados drows estavam no cais e conversavam sobre amenidades em sua língua. O capitão apressou-se em saudar os elfos negros com um tom quase servil.

"Saudações poderrrosos senhorrres do subterrãneo! Trrrago merrrcadorrrias parrra todos vocês!"Disse o githzerai.

Os drows se entreolharam e saltaram sobre o convés. "O que tem de bom em seu maldito barco, gith?"Disse um deles, o mais alto.

O outro começou a verificar a carga do barco enquanto o primeiro olhava fixamente para outros dois drows no convés.

"Quem são vocês?"Perguntou num tom autoritário

"Não é da sua conta. Viemos comprar escravos e é só o que você precisa saber."Disse Soveliss na língua drow, imitando a forma arrogante com que seus odiados inimigos falavam.

"Isso mesmo. Onde achamos escravos aqui?"Disse Arannis segurando o cabo da espada

"Na taverna. O Olho do Monstro. Lá tem mercadores de escravos."Respondeu o guarda "De onde vocês são mesmo?"Perguntou

"Como meu irmão disse, não é de sua maldita conta, escória plebéia."Disse Arannis enquanto Bahamut pousava no seu ombro.

O drow examinou os dois de cima a baixo e sorriu. "Vão."

Soveliss saltou para a doca com Kubik e Bahamut e Arannis se aproximou do capitão e sussurrou na língua do subterrâneo. "Lembre-se do acordo. Você nos espera até estarmos de volta com nossos amigos e o outro para as passagens. Quanto tempo disse que vai durar o efeito da poção?"

"Cinco horrras amigo. Tenham cuidado. Eu esperrrarrrei por vocês."Respondeu o githzerai sorrindo.
Os gêmeos, transformados em drows por completo, seguiram pelas ruas da cidade escura acompanhados pelos olhares curiosos de outros elfos-negros.

Os gritos da turba eram ensurdecedores. Os drows negociavam apostas ao redor do fosso da arena, cujas paredes eram revestidas por um metal enegrecido e manchado de sangue. A taverna O Olho do Monstro era grande e suas longas mesas retangulares de pedra estavam apinhadas de elfos negros que bebiam e discutiam. As luzes do lugar eram amarelas e uns poucos braseiros aqueciam o ambiente.

Adrie percorria as paredes da taverna na forma de uma aranha do tamanho de um punho. Como os drows veneravam as aranhas, essa era a forma animal mais segura para se andar pela cidade.
Vários drows estavam reunidos ao redor de uma mesa e gritavam balançando sacos de moedas. No pouco que Adrie entendia da língua do subterrâneo, ficou claro que era um leilão de escravos. Um drow estava sentado e negociava com os demais. Sobre a mesa, colares de escravo e pequenas pedras mágicas, além de muitas moedas de ouro.

Quando um escravo foi vendido, o drow pegou uma das pedras e a encostou no colar que este usava. O colar abriu-se magicamente. As pedras eram a chave da fuga de Keyra e Medrash, sem falar da jovem Anna que havia sido vendida com eles.

Adrie havia evitado o drow do elmo de caveira, o mesmo que matara um orc nas cavernas meses atrás. O drow, conhecido na cidade como Pesadelo, tinha um olho postiço. Era uma jóia mágica que lhe permitia ver a verdadeira forma da elfa. Portanto, a jovem druida evitava ao máximo o terrível inimigo. Ela estava no teto, acima da mesa do mercador de escravos e ficou observando, esperando o momento certo.

Os gritos ao redor da arena aumentaram quando Medrash entrou por uma pequena porta. Vestia uma armadura escura e levava nas mãos uma espada dragonborn e um escudo grande de boa qualidade. Do outro lado da arena, um orc urrava selvagem. Usava apenas uma tanga de peles e um machado enorme de pedra. Sua pele era marcada por cicatrizes e tatuagens tribais e lhe faltava o olho direito.
Medrash pisou na terra batida do fosso e fitou seu adversário. O jovem dragonborn tinha agora várias cicatrizes e havia sobrevivido a mais de seis lutas na arena. "Orc. Ainda bem que não é um inocente. Vamos acabar com isso logo."Pensou

O orc gritava e levantava o machado, exibindo-se e Medrash lembrou-se das regras da arena. "Não há regras. Viva ou morra."Disse a si mesmo.

"Bahamut!"Gritou, invocando o deus da justiça. Em seguida, o dragonborn correu na direção do orc e atacou. Ele desferiu um golpe que teria partido o inimigo em dois mas o orc, apesar de estar distraído exibindo-se, girou para o lado do escudo de Medrash.

O machado girou no ar e caiu pesadamente sobre o escudo. Medrash sentiu o golpe e cerrou os dentes ao ver o sangue escorrer de seu braço esquerdo.
Gritando, o dragonborn atacou com sua espada ferindo a barriga do orc. Apesar do ferimento, o orc pareceu não importar-se com o sangue que escorria. Medrash recuou e viu o machado de pedra vindo em sua direção. Desta vez a arma rústica atingiu o peitoral de sua armadura, empurrando-o. Foi então que a famosa fúria dragonborn emergiu. Medrash rosnou e correu na direção do orc, posicionando o escudo à frente, empurrando o orc para trás e derrubando-o.

Antes que o adversário ficasse de pé, Medrash abriu a boca e uma anorme labareda saiu dela, queimando a pele e chamuscando o cabelo do orc. Medrash não perdeu tempo e, movendo-se rapidamente, girou o corpo, aumentando o arco de ataque de sua espada dragonborn. A lâmina sibilou em pleno ar e atingiu o orc no pescoço, decapitando-o.

A multidão silenciou. O Estrangeiro, como era conhecido o humano ruivo, sorriu e começou a coletar o dinheiro ganho no embate. Alguns drows descontentes começaram a discutir e então uma briga irrompeu na taverna. Era o momento certo. Adrie saltou do teto e assumiu sua forma verdadeira em pleno ar, caindo sobre a mesa de pedra transformada em elfa. Agarrou uma das pedras-chave e pulou da mesa, transformando-se num gato preto enquanto os drows gritavam enfurecidos. "Matem o elfo!"
Adrie desapareceu nas ruas da cidade.

Arannis e Soveliss estavam nas ruas quando o mago viu um gato negro atravessar correndo. "Gatos no subterrâneo?Algo está errado."Pensou Soveliss enquanto puxava seu irmão pelo braço, seguindo o gato.

Adrie correu, fugindo de dois drows. Entrou num beco sem saída e temeu pela sua vida quando Arannis e Soveliss apareceram. Para ela, eram drows. Porém, ao ver Bahamut e Kubik, a druída percebeu que os gêmeos drows eram seus amigos.

Transformou-se novamente e abraçou os dois depois que estes falaram seus nomes.
Por mais de uma hora conversaram e Adrie contou tudo o que havia acontecido nos últimos três meses. Decidiram libertar Keyra e Medrash com as pedras-chave mas antes Soveliss sugeriu que tentassem comprar os dois negociando com o Estrangeiro.

Adrie levou os gêmeos até a casa do ruivo, transformada em rato. Ao chegarem, foram recebidos por um criado que, intimidado pelo tom de voz autoritário dos falsos drows, foi rapidamente chamar seu mestre. O homem desceu as escadas da casa e olhou os dois drows.

"O que querem comigo?"Disse sem parecer intimidado

"Viemos comprar seu escravo, o lutador."Disse Arannis

"Não está a venda."Respondeu friamente o Estrangeiro

"Temos algo que vale muito. Já ouviu falar na espada de Agrom-Vimak?"Disse Soveliss para a surpresa de seu irmão.

"A espada?Vocês tem a espada?"Disse o ruivo com os olhos arregalados

"Temos uma parte. Vale o lucro de seu escravo por anos."Disse Soveliss

"Mostrem."

"Não está aqui."Responderam os dois em uníssono.

"Entao tragam e negociaremos. Agora saiam da minha casa, drows."

Os gêmeos saíram, pensando no que fazer em seguida. Adrie os encontrou em seguida. Tinhda consigo várias anotações e um mapa das montanhas a nordeste da Floresta das Aranhas. Disse pertencerem ao ruivo que também parecia estar atrás da Espada Rubra. O grupo seguiu até um beco perto do templo de Lolth. Segundo Adrie, ela e Keyra sabiam que havia um portal dentro do templo. Um portal que os levaria para a liberdade.

Quando estavam quase chegando ao templo, um drow usando roupas negras de couro se aproximou e falou na língua do subterrâneo com um sotaque estranho.
"Sou eu, Keyra."Disse o drow sorrindo. "Estou usando esta pedra mágica. Ela me permite assumir outras formas."Disse mostrando uma esfera negra.

Depois de conversarem por algum tempo, decidiram libertar Medrash escondidos. Voltaram até a casa do Estrangeiro e encontraram Medrash na jaula dos escravos. Depois de o libertarem, entraram na casa escondidos depois que Keyra abriu a fechadura. Medrash pegou as armas e armadura que usava nas lutas e então o grupo seguiu de volta ao templo de Lolth, levando Anna com eles.

Estavam perto do grande templo quando viram uma movimentação enorme na praça. Drows e mais drows observavam enquanto Pesadelo, o terrível general drow esganava o capitão do Vizarii.
"Vamos sair daqui e rápido."Disse Arannis "Não temos mais o barco."

O grupo começou a caminhar na direção do templo quando Soveliss olhou para seu irmão e viu que era um eladrin. O efeito da poção havia acabado. Arannis olhou para Soveliss e então viu que dezenas de drows gritavam e apontavam para eles.

"Matem os elfos! matem!" Gritavam

Adrie, Kubik, Bahamut, Keyra, Soveliss, Medrash e Arannis correram como nunca. Entraram no templo e fecharam as enormes portas gradeadas, passando o ferrolho. Os drows disparavam setas envenenadas e tentavam abrir o portão.

"Para o portal! Rápido!" Gritou Keyra

Eles correram até a pequena sala do portal e fecharam a porta atrás deles. Soveliss começou a ativar as runas mágicas junto com Adrie enquanto os demais se posicionavam. No chão, o portal formou a imagem de uma pradaria sob o sol da primavera.

"Finalmente vamos sair desta maldita escuridão!"Disse Medrash aliviado e então uma porta se abriu atrás dele. Um enorme troll apareceu e atacou o dragonborn com suas longas garras negras. Medrash estava muito ferido mas conseguiu chegar até o portal, onde estavam os demais.

"Vamos!"Gritou Arannis "Agora!"

Soveliss apertou a última runa e eles desapareceram, deixando o troll para trás. Por um instante, viram a pradaria com nitidez mas então tudo ficou branco. Os dois pedaços da espada brilharam nas bolsas mágicas e então a escuridão e o silêncio reinaram. estavam agora numa sala totalmente escura e sem ar. Soveliss usou sua magia para iluminar o lugar. Estavam numa tumba e, sobre um sarcófago estava a lâmina vermelha.

Arannis pegou a espada com facilidade e a guardou. Estavam todos cansados.

"Vamos descansar aqui. Parece seguro."Disse o paladino.

Nesse instante a porta da tumba se abriu. Luz de tochas iluminou a sala. Uma humana trajando uma armadura cor de bronze e com uma enorme espada nas mãos apareceu. Tinha cabelos ruivos longos e era muito alta. Ao seu lado, um elfo tinha duas flechas no arco e apontava para Soveliss. Um anão levava a tocha na mão do escudo e tinha uma espada na outra. Um halfling sorria com seis facas nas mãos.

"Somos os Irmãos de Sangue. Quem são vocês e o que fazem em nosso labirinto?"Disse a ruiva

A Escuridão - Parte IV

"Arannis? O que foi querido?"Disse a suave voz de Valanae, a rainha de Kohdan.

O paladino de Avandra estava na janela da alcova e respondeu sem virar-se. "Estava pensando em Soveliss e nos outros."

"Não fique assim. Seu irmão é escravo de Dazed. Os demais, infelizmente, foram comprados por aquele homem."Disse a eladrin espreguiçando-se na cama enorme.

Arannis fechou os punhos enquanto as lembranças daquele distante dia, três meses atrás, reapareciam em sua mente.

Medrash, Keyra, Adrie e um punhado de outros escravos haviam sido levados até o mercado e colocados sobre uma plataforma de pedra onde eram vendidos a pessoas da cidade e de fora dela. Havai drows comprando escravos e uma raça estranha de anões de pele cinza. Valanae havia atendido ao pedido de Arannis e um escravo seu havia corrido até o mercado com ouro para comprar os três amigos. Porém, alguém conseguiu pagar bem mais pelo lote de escravos.

Medrash rolou pela plataforma e parecia muito doente mas foi carregado por guardas até seu novo dono, um homem de cabelos vermelhos numa armadura negra, que também havia comprado Adrie e Keyra. Os três, apesar da algazarra criada pelo dragonborn, foram levados até as docas e desapareceram na multidão. Arannis observou tudo do quarto da rainha, sem poder fazer nada.

"Três meses Valanae. Preciso ver meu irmão. Preciso sair desta maldita cidade esquecida pelos deuses e resgatar meus amigos."Disse Arannis dando um soco na parede.

"Meu amor, eu sei. Foi por isso que decidi ajudar você."A eladrin, coberta por um robe de seda pegou algo na gaveta do criado mudo. "Esta chave abrirá a sala do tesouro do meu marido. Suas coisas estão lá. Mas há uma magia de alarme. Você precisa sair de lá rapidamente e retornar até aqui. Então fugiremos até as docas por uma passagem secreta. Tenho um barco esperando por nós."

"Tem certeza de que quer vir conosco?"Disse Arannis enquanto examinava a chave em suas mãos. "Estaremos no subterrâneo ainda e sem saber onde fica a saída até a superfície."

"Não importa. Desde que eu esteja com você."Disse a rainha. "Vá. Encontre seus pertences e seu irmão e volte para mim."

Arannis sorriu e beijou Valanae. Correu pelas escadarias da torre, indo na direção oeste do castelo, onde ficava a torre de Dezad o meio-drow.


Soveliss estava lendo livros da biblioteca de seu amo. Dezad falava pouco mas Soveliss conseguiu aprender alguns truques nojos espionando o mago. Havia um baú onde o meio-drow guardava vários itens mágicos e anotações. Soveliss estava preparando-se para abri-lo quando alguém bateu na porta da torre. Seu coração quase saiu pela boca com o susto. Ele caminhou até a porta e a abriu. Não havia ninguém. Olhou para um lado e para o outro do corredor e então ouviu algo abaixo.

"Mestre!!!"Gritou Kubik abraçando as pernas do eladrin.

Bahamut apareceu em seguida e pulou nos braços de seu dono lambendo seu rosto. Soveliss estava sozinho há três meses e finalmente parte de seu grupo estava ali, ao seu lado.

"Kubik como você? O que aconteceu com você?"Perguntou.

"Ninguém olha Kubik, mestre! Kubik e Babamut andam pela cidade e ninguém quer matar nós!"

"Sabe onde estão os outros Kubik?"

"Não mestre. Kubik só sabe de Kubik e Babamut que come ratos o dia todo e fica gordo gordo gordo."

"Er...certo Kubik. Eu gostaria de poder sair daqui com você mas estou preso e..."

"Mestre, Kubik achar ouro e coisas!"Interrompeu o goblin pegando uma sacola de couro presa à cintura por um cordão. Em seguida, o goblin derrubou o conteúdo no chão. Moedas, nacos de carne seca e restos de ossos caíram no chão. Uma pedra brilhante também caiu e Soveliss imediatamente a reconheceu. Era uma pedra-chave e era sua passagem para a liberdade.

Soveliss pegou a pedra e tocou o colar de escravo que se abriu com um barulho seco. Estava livre. "Bom trabalho Kubik! Estou orgulhoso de você! Vamos!" Disse enquanto pegava várias coisas do baú, inclusive roupas de Dazed.
O mago vestiu uma capa escura e puxou o capuz sobre a cabeça. "Vamos salvar nossos amigos."

Arannis corria pelo castelo, evitando guardas. Outros escravos pouco sabiam sobre Soveliss mas o paladino estava determinado a salvar seu irmão. antes de invadir o tesouro de Alas, o Conquistador. Estava falando com dois escravos quando viu um homem encapuzado no corredor. O homem se vestia como Dazed, o meio-drow, e Arannis sentiu raiva mas então notou Kubik e Bahamut.

"Soveliss?"Perguntou não acreditando totalmente em seus olhos.

"Arannis?"Perguntou o encapuzado deixando seu rosto aparecer.

Os gêmeos eladrin se abraçaram e derramaram lágrimas juntos. Kubik pulava ao lado dos dois aplaudindo.

"Temos que sair daqui. Vem comigo. Tenho a chave para o tesouro de Alas e um barco esperando por nós." Disse Arannis

"Precisamos de uma distração para fugir. Kubik, pode fazer fogo na sala de tapeçarias do castelo?"

"Sim mestre! Kubik faz fogo muito bem!"Respondeu empolgado o goblin.

O plano foi traçado e, enquanto Kubik fazia seu trabalho, os gêmeos entraram na sala do tesouro. A chave encaixou-se na estranha fechadura no formato de uma careta bizarra e duas enormes portas se abriram revelando uma sala grande repleta de ouro, armas mágicas e pedras preciosas. A sala não tinha janelas e nem ornamentos mas havia uma quantidade enorme de itens mágicos.

Arannis fechou a porta atrás deles e os dois começaram a procurar pelas peças da Espada Rubra e por seus pertences. Soveliss achou suas coisas facilmente mas seu irmão não teve a mesma sorte. Porém, uma boa armadura, um escudo redondo e uma espada mágica foram uma boa recompensa pelo seu esforço.

"Que som é esse?"Disse Arannis enquanto pegava o elmo que vinha com a armadura.
"Alarme. Magia de alarme."Disse Soveliss.
"Maldição! Vamos, precisamos correr!"

Os irmãos abriram a porta e viram Kubik chegar correndo enquanto o som alto do alarme mágico ressoava pelo corredor. Os três tomaram o caminho para a torre da rainha, com guardas em seu encalço.
Depois de muito correr e subir escadas, chegaram ao quarto Valanae.

"E assim acaba sua traição, vadia."Disse Alas enquanto segurava sua esposa pelo pescoço.

Valanae estava muito ferida e o meio-orc a segurava perto da janela. "Arannis, meu amor..."balbuciou ela mas então Alas a aremessou pela janela.

"Não! Vou matar você desgraçado!"Gritou Arannis enquanto sacava sua nova espada e corria em direção ao rei dos escravos.

Seu golpe atingiu o peito nu do meio-orc mas soou como metal. Então, a armadura mágica do rei mudou de forma, brilhando como um peitoral de placas.
Alas então disse uma palavra e suas luvas enormes materializaram uma maça-estrela. Ele atingiu o escudo de Arannis com força e quase o derrubou.

O paladino recuou um passo e então gritou ao cortar o flanco do rei com sua espada que brilhava.
Soveliss recitou um encanto e uma mão enorme feita de gelo se materializou ao lado de Alas. A mão agarrou o meio-orc mas este se soltou quebrando pedaços de gelo com sua enorme força.
Arannis desferiu outro golpe ineficaz que foi retribuido com a maça. O elmo do eladrin voou longe e seu rosto foi muito ferido.
Alas gargalhou e atacou novamente, desta vez derrubando Arannis com o braço sangrando. A dor era aguda e Arannis sentiu que iria desmaiar mas então Soveliss agarrou novamente o rei com sua mão de gelo gigante e o arrastou até a janela. Antes que Alas pudesse soltar-se novamente, o mago sorriu e arremessou-o pela janela.
Alas caiu batendo nas paredes do castelo, chegando ao fim da queda ainda vivo, em pleno mercado.
"Vamos embora."Disse Soveliss ajudando seu irmão a levantar.
Os dois seguiram pela passagem secreta quando os guardas chegaram ao quarto. Por vários minutos caminharam por corredores escuros acompanhados por Kubik e Bahamut. Depois de algum tempo chegaram às docas onde o barco alugado pela rainha esperava.
O Vizarii era uma embarcação estranha. Não tinha remos nem velas. Parecia uma criatura viva e ao mesmo tempo parecia feita de metal e não de madeira. No convés uma estranha criatura, um githzerai, aguardava. Tinha uma pele amarelada, quase verde e enormes olhos. Era estranho, alienígena.
"Vocês vierrram com a rainha?"Disse o capitão.
"Ela não vem mais. Vamos embora."Respondeu Arannis amargo.
"Ah mas ela me pagou apenas parrra levarrr dois passageirrros."Disse o githzerai sorrindo. "São trrrezentas moedas porrr cabeça."Completou.
"Tome. Tire-nos daqui."Disse Soveliss pegando dinheiro na bolsa de seu irmão.
O capitão sorriu e os deixou entrar. Enquanto os gêmeos, Kubik e Bahamut se acomodavam, o githzerai deu a ordem com um olhar para seu imediato, um ser da mesma estranha raça mas gordo e mais baixo.
O barco brilhou e começou a afastar-se do cais. Depois, em segundos, navegava pela escuridão do rio subterrâneo.
No barco, coisas estranhas entulhadas pelo convés chamavam a atenção de Soveliss. Arannis permanecia calado o tempo todo e toda vez que o capitão falava com eles, parecia que sabia exatamente o que iam dizer. Soveliss entendeu que ele tinha algum tipo de poder mental e que conseguia ler seus pensamentos.
"Precisamos ir à cidade drow."Disse Arannis.
"Hum...prrrecisam mesmo? Posso levá-los até lá senhorrres. E tenho exatamente o que prrrecisam parrra entrrrar lá e ficarrr vivos."Disse ele com seu estranho sotaque.
"Vai nos custar. Não é?"Perguntou Soveliss.
O capitão apenas sorriu e deixou os dois sozinhos.

terça-feira, 9 de março de 2010

A Escuridão - Parte III

Medrash acordou sentindo as pancadas das botas do feitor de escravos. Era um humano gordo, de braços musculosos e rosto desagradável. Vestia apenas uma tanga e um jibão de couro e suas botas eram velhas e escuras. Numa das mãos levava um pequeno cajado com uma esfera na ponta. Na outra um chicote que estalou no ar e acertou as costas do dragonborn.

Medrash levantou-se enfurecido e tentou agarrar o homem mas este apenas recuou um passo e tocou o cajado. Os colares dos escravos, incluindo o de Medrash, brilharam e então uma dor insuportável se apossou de todos. Homens rolavam no chão, segurando os colares. Medrash caiu de joelhos diante do feitor e este gargalhou.

"Quando quiser encostar em mim de novo, cão, todos vocês irão sofrer."

Medrash encarou o feitor e cerrou os dentes quando a dor aumentou.

"Irão sofrer muito mais se você tentar me acertar."Disse o feitor jogando uma picareta na direção do dragonborn. "Agora vamos! Cave!"

Medrash olhou em volta e viu que estava num túnel escuro, iluminado apenas por algumas lâmpadas. Outros escravos cavavam e carregavam carvão para fora.

"Isso não vai ficar assim."Pensou.

Keyra abriu os olhos e viu uma menina de seus dezesseis anos de idade. Sua visão ficou turva por alguns segundos e então ela viu que a menina tinha belos olhos azuis e cabelo castanho claro, preso por um pente de osso. Vestia apenas uma tanga e uma tira de seda escondia seus pequenos seios. A menina tinha colar de escravos, com uma runa mágica.

"Você está bem?" Disse a menina. "Meu nome é Anna."

A meio-elfa olhou em volta, procurando pelos demais e viu Adrie. Esta usava um colar igual ao de Anna e vestia uma roupa similar. Muitas outras mulheres estavam ao redor delas, numa sala grande e circular com grandes montes de almofadas. Três salas menores abrigavam os quartos e uma sala de banhos. As mulheres usavam os colares de escravo mas pareciam felizes naquele lugar. Uma delas tentou ajudar Keyra e então Adrie gritou de dor. Havia tentado mudar de forma e o colar mágico começou a brilhar, causando uma dor terrível.

Várias mulheres tentaram ajudar a elfa. O colar parou de brilhar depois de algum tempo e Adrie conseguiu respirar novamente. Ela olhou para keyra, que se aproximava.
"Que lugar é este?" Perguntou a meio-elfa
"É a casa das mulheres do rei."Disse Anna tentando sorrir calmamente.
Adrie e Keyra conversaram com as demais escravas por algum tempo e souberam que Alas tinha dezenas de escravas para satisfazer suas necessidades. Descobriram também que a rainha havia sido escrava um dia. Alas, o rei, usava as mulheres quando tinha vontade e tinha predileção por novidades.
Subitamente, as grandes portas do arém se abriram e Alas entrou quando as duas novas escravas conversavam com a jovem Anna.
"Ha! Finalmente vou experimentar você!"Disse abrindo os enormes braços musculosos na direção de Keyra.
Nesse instante, Anna correu e ficou entre eles.
"Meu senhor, por favor, a meio-elfa está sangrando."Mentiu
Alas olhou para Keyra por alguns instantes e acreditou na mentira da menina. "Muito bem. Daqui a alguns dias eu me divirto com ela. Hoje voc~e serve."Disse ele tomando Anna pelo braço e levando-a até um monte de almofadas onde ficou com ela até estar satisfeito.
Keyra e Adrie olharam horrorizadas enquanto as demais mulheres pareciam achar tudo normal.
Arannis estava praticamente nu. Vestia apenas uma tanga de tecido e o colar de escravo. Dois guardas bem armados o levavam através de corredores subterrâneos e escadas. Haviam deixado a cela dos escravos do castelo e ninguém falava com Arannis desde então. Uma longa escada estreita se pronunciava no fim do corredor escuro. Um dos guardas apontou para os degraus e ordenou ao eladrin que subisse. Arannis esitou por alguns segundos e então subiu. Eram degraus altos e a escada era muito estreita. No fim, uma porta secreta estava aberta e uma suave brisa levantava uma cortina de seda branca.
Arannis entrou, olhando ao redor desconfiado. Estava num quarto circular, dentro de uma torre. Almofadas e mobilia rica adornavam o quarto e havia uma enorme cama. Quatro janelas grandes davam para o mercado da cidade subterrânea. Um suave perfume pairava no ar.
"Finalmente. Esperei você por um longo tempo."Disse uma voz suave atrás de Arannis.
O eladrin se virou e viu a rainha. Agora, sem a figura de Alas presente, a eladrin parecia mais bela e graciosa. Vestia apenas alguns tecidos sobre o corpo esbelto e rosado. Seus longos cabelos dourados pendiam soltos e seus olhos brilhavam como jóias. Era a mulher mais linda que arannis já tinha visto.
Ela sorriu gentilmente e puxou Arannis pela mão até perto da cama. "Venha."Disse ela convidativamente. "Seja meu."
Arannis ainda tentava lembrar-se de seu irmão e seus amigos mas a visão da bela eladrin confundia sua mente. Era impossível resistir a ela e logo o jovem paladino se entregou aos prazeres da rainha dos escravos.
Soveliss acordou numa sala de dois por dois metros. Havia palha no chão e ele estava semi-nu. Um colar pesado e certamente mágico estava em seu pescoço. O eladrin olhou em volta e não viu nenhum de seus companheiros, nem mesmo Bahamut, seu pseudodragão.
Levantou-se com dificuldade e viu que a porta estava aberta. Cambaleou na direção da saída e deu de cara com um homem alto e muito forte, vestido com roupas negras. O homem o fez sair da sala com um empurrão e Soveliss chegou a uma sala maior que mais parecia um laboratório arcano.
O meio-drow estava lá. Seu nome era Dezad, como Soveliss rapidamente se lembrou.
"Limpe e traga tudo o que eu pedir. Se me atacar ou desobedecer morrerá no ato."Disse Dezad com uma voz fria.
Soveliss não viu alternativa e obedeceu o seu novo mestre. Talvez assim ele encontrasse alguma forma de fugir e ajudar os demais e aprender algo sobre magia no processo.
"Peguem o goblin! Peguem o maldito demônio de pele verde filho de uma cadela!"Gritava um meio-orc na praça do mercado enquanto um pequeno goblin corria segurando uma sacola de couro. O goblin era seguido de perto por um pseudodragão albino.

segunda-feira, 1 de março de 2010

A Escuridão - Parte II

As horas se tornaram dias e Medrash, Arannis, Soveliss, Adrie , Keyra, Bahamut e Kubik vagaram por caminhos estranhos. Não eram mais cavernas apertadas e sim trilhas, vales e desfiladeiros perigosos. Tudo na mais completa escuridão. Apenas a luz do bastão solar iluminava o caminho do grupo. Fazia calor e a medida que eles desciam pela trilha, o calor parecia aumentar cada vez mais. Adrie ia à frente, transformada em pantera, buscando caminhos seguros para os demais.

Dois dias depois, enquanto caminhavam por uma trilha sinuosa, perceberam luz, centenas de metros abaixo. Adrie usou sua agilidade felina para descer até uma distância segura e observar os dois grupos de luzes que se encontraram na trilha inferior. Em sua forma de gato, a elfa era pequena o suficiente para não ser notada por quem quer que fossem os portadores das lanternas mágicas.
A elfa viu dois grupos. Um deles era formado por orcs. Os orcs carregavam a carcaça de um animal estranho e pareciam estar muito indispostos com o outro grupo, uma comitiva drow.

Os elfos negros vinham num grupo maior, com lagartos de carga e muito bem armados. Um deles, montado num lagarto menor, passou à frente e foi falar com os orcs.
O drow vestia uma armadura escura, com tons de roxo. Usava uma capa roxa que cobria o dorso do lagarto de montaria. Seu elmo era aterrador. Cobria seu rosto com a face de uma caveira negra. O drow desceu do lagarto e parou em frente ao líder dos orcs. Disse algo na língua do subterrâneo e o orc respondeu sem demonstrar medo.
Então, o drow retirou o elmo e sorriu. Em seguida virou-se em direção aos seus companheiros e jogou o elmo nas mãos de outro drow. O movimento foi tão rápido que Adrie teve dificuldade para entender o que aconteceu. No momento em que o drow lançou seu elmo ao ar, sacou uma enorme espada que vinha presa às costas. Num movimento extremamente rápido, o drow girou, cortando a cabeça do orc, cujo corpo ficou em pé por alguns segundos antes de desabar no chão.

Os orcs arregalaram os olhos e saíram do caminho dos drows instantaneamente. O drow limpou a espada no cadáver orc e gargalhou enquanto o outro elfo negro lhe devolvia o terrível elmo. Adrie escalou de volta até onde seus amigos esperavam. Keyra estava deitada sobre o bastão solar, abafando a luz.
Abaixo, os drows seguiram seu caminho e os orcs, amedrontados continuaram até desaparecerem na escuridão.

"Drows?! Então temos que seguí-los e matar cada um deles!" Gritou Arannis enfurecido. Até aquele momento, o paladino havia se mostrado uma pessoa calma. Mas ao ouvir da boca de Adrie que havia drows tão perto, o eladrin lembrou-se do tempo em que ele e seu irmão foram feitos escravos. Lembrou-se da noite em que centenas de drows invadiram sua cidade natal e mataram ou escravizaram seu povo.

Demorou um bom tempo até o grupo convencer os gêmeos eladrins a continuar pelo caminho aparentemente seguro, pois ir atrás dos drows certamente os levaria até um cidade desse povo e à morte ou escravidão.
Cinco dias de caminhada nas trevas. Os bastões solares estavam acabando e apenas o escudo de prata de Arannis iluminava o caminho depois de um tempo. A água dos cantis havia acabado e a comida estava quase no fim, a não ser por alguns cogumelos colhidos por Kubik no caminho, entre as rochas do subterrâneo.

Chegaram a um túnel sem saída e tiveram que usar cordas para descer por um buraco. A uma profundidade de duzentos metros, encontraram um túnel maior. Todos desceram o longo caminho com cordas sem problemas. Todos menos Aranis que por pouco não despencou pelo buraco. Mesmo assim, o eladrin feriu-se bastante.

Quando estavam em segurança, ouviram passos vindos do túnel ao sul. Rapidamente se esconderam e desligaram um dos últimso bastões solares que tinham.

Nas trevas, apenas Adrie, transformada em rato, conseguiu ver o grupo de cinco bugbears que vinha pelo túnel. Eram enormes e fediam. Tinham o corpo peludo e presas grandes. Todos carregavam maças-estrela e mochilas de peles.
Parecia que os bugbears não tinham visto os heróis na escuridão mas então alguém tropeçou entre as pedras grandes do túnel, revelando-se.

Os bugbears, que enxergavam perfeitamente na escuridão, atacaram os heróis. Keyra pensou rápido e acendeu um bastão solar, arremessando-o no centro do túnel. Agora a luta estava mais equilibrada.
Os heróis saltaram de seu esconderijo e lutaram contra os goblinóides. As criaturas eram muito fortes mas sucumbiram diante do trabalho em equipe dos aventureiros.
Depois disso, tendo descansadoum pouco, os heróis decidiram seguir o caminho de onde vieram os bugbears.

Chegara a uma saída do túnel. Um desfiladeiro os levou até um vale estreito onde uma verdadeira floresta de cogumelos gigantes e outros fungos de tamanho descomunais brilhavam com uma luz suave. O lugar era estranho mas tinha sua beleza. Porém, não havia água e apenas alguns cogumelos pareciam ser comestíveis.

A longa jornada pelo vale se tornava cada vez mais difícil sem alimento e os heróis não tinham mais a iluminação dos bastões mágicos. Somente a luz prateada do escudo mágico do paladino iluminava as trevas depois que os heróis deixaram o vale e começaram a andar pelo que se assemelhava a uma planície rochosa.

Então viram luzes ao longe. Pareciam luzesde uma cidade mas poderia ser qualquer coisa. A medida que andavam, ficava mais claro que estavam vendo uma cidade. Quando estavam certos de que aquilo eram luzes de edificações, viram um grupo de quinze pessoas indo em sua direção, usando um globo de luz mágica na ponta de um cajado.

O grupo era bizarro. Era composto por humanos, orcs, meio-orcs, halflings e meio-elfos. Vinham bem armados mas usavam roupas de pele e a maioria tinha o torso nu ou coberto por escamas de ferro de armaduras velhas. Um deles, um orc enorme que carregava duas cimitarrasnas costas falou na língua comum.

"Quem são vocês? O que querem em Kohdan?"

"Estamos perdidos. Somos aventureiros. Podem nos ajudar?" Disse Keyra

"Querem ajuda?"Disse o orc gargalhando. "Então venham conosco."

O orc deu uma ordem aos seus homens e estes viraram-se para escoltar os aventureiros até a cidade. Nenhum deles fez mensão a tomar as armas dos heróis e todos tinham um ar amigável.

Os grandes portões de Kohdan se abriram quando um gnoll da comitiva tocou uma trombeta de chifre. Os heróis, escoltados pelo estranho grupo, passaram pelas maciças portas de pedra e viram dois gigantesco ogros que puxavam as correntes que moviam o portão. Dentro da cidade, escavada na pedra, casas e grandes edifícios antigos podiam ser vistos do portão, que ficava muitos metros acima de Khodan. As casas estavam em ruínas e muitas haviam sido reconstruídas com materiais de péssima qualidade. Havia um enorme mercado por onde os heróis foram conduzidos.
Nas ruas estreitas havia todo tipo de criatura humanóide. Havia humanos, meio-elfos, orcs, meio-orcs, elfos, anões e halflings, além de tieflings, trogloditas, homens-lagartos e gnolls. Todos eles pareciam conviver pacificamente e Arannis e Adrie perceberam que a maioria deles tinha cicatrizes ou marcas de escravos, como as marcas que Arannis e Soveliss tinham nos braços.

No teto da gigantesca caverna que abrigava Kohdan havia uma enorme pedra vermelha que emetia uma luz parecida com a do sol. Era como finalemente estar na superfície, por mais estranha que fosse a cidade no subterrâneo.

Os heróis foram levados até um castelo no centro da cidade. Duas enormes portas de ferro foram abertas. Subiram por uma longa escadaria até um salão iluminado por brazeiros. O teto do salão era alto e seis pilares o sustentavam. O castelo, ao contrário do resto de Kohdan, era luxuoso. Havia tapeçarias e estátuas, mesmo que arruinadas, nas paredes. Um círculo de azulejos com um mosaico que representava uma batalha ficava no centro do salão, diante de um pedestal que ostentava três cadeiras feitas de granito.
Nos tronos estavam sentadas três pessoas.

No centro estava um meio-orc muito musculoso, de pele bronzeada e braços descomunais. Estava vestindo apenas uma tanga de peles e seus pés calçavam sandálias de couro. Seu torso, coberto por cicatrizes estava nu a não ser por duas faixas de couro que se cruzavam sobre o peito. O meio-orc tinha duas manoplas de couro e metal que faziam com que suas mãos parecessem maiores o que eram. Seu cabelo era negro e estava raspado naslaterais da cabeça. Uma longa "crina" caía pelas costas do guerreiro, que tinha um olhar selvagem, além das presas proeminentes que se sobrepunham ao lábio superior.

À sua esquerda estava um homem baixo e magro, de longos cabelos brancos e um bigode fino e até cômico da mesma cor que caía sobre seu peito. A pele do homem era cinzenta e suas feições lembravam as de um elfo. Era um meio-drow. Vestia um longo manto negro-azulado e um chapéu vermelho. Tinha um cajado azul em uma das mãos e observava imóvel os aventureiros.

No trono oposto estava uma eladrin. Era a mulher mais bela que qualquer um dos aventureiros já havia visto. Tinha cabelos loiros muito lisos e longos e sua pele era muito clara. Seus olhos eram verdes e ela usava um vestido branco longo com um decote que mostrava sua pele até o umbigo. Ela olhou para Soveliss e Arannis e sorriu.

O silêncio foicortado quando o meio-orc falou com uma voz forte.

"Ha! Aventureiros! Como chegaram aqui? Sejam bem vindos ao meu reino! Eu, Alas o Conquistador quero saber de tudo sobre a superfície!"

"Nós estamos perdidos. Não sabemos como chegar à superfície e..." Começou Keyra e foi interrompida por Alas.

"Uma mulher fala por este grupo?!" Vociferou.

"Todos nós falamos pelo grupo." Disse Arannis diplomaticamente.

"E a mulher é sua?Tem bom gosto eladrin!" Disse Alas devorando Keyra com os olhos e gargalhando em seguida.
"Quero saber de tudo! Servos, preparem um banquete para os convidados de seu rei! Agora!"

Os heróis foram conduzidos até outro salão onde uma mesa de pedra com bancos longos estava sendo preparada. Eles se sentaram à mesa depois que Alas estava numa cadeira enorme na cabaceira da mesma. Sua rainha não estava presente, nem seu conselheiro, o estranho meio-drow.

Bandejas com comidas estranhas, incluindo um kruthik assado foram servidas e taças com vinho foram oferecidas aos aventueiros.

Alas pegou uma enorme taça de ouro cravejada de rubis com o mesmo vinho e levantou-se, fazendo um brinde aos aventureiros. Em seguida, o rei de Kohdan bebeu e o vinho escorreu pelos cantos da boca.
Os aventureiros, nao querendo ofender o rei, beberam o vinho. Todos menos Arannis que apenas fingiu beber.

Depois de comer e beber com o rei, o meio-drow apareceu ao lado do rei. Os aventureiros não haviam notado sua presença o que deu ao conselheiro um ar ainda mais misterioso.

"Sol? O que é o sol?" Perguntava o rei aos aventureiros quando o meio-drow apareceu.

"Meu senhor, o sol é uma grande bola de fogo que ilumina a superfície."

"Maldição Dezad! Já ordenei que você parasse de surgir assim do nada!"

"Peço desculpas meu amo. Vim apenas dizer que os quartos de hospedes e os banhos estão prontos para seus convidados."

"Os banhos! Ótimo! Vocês podem tomar um bom banho e depois descansar! Nos falaremos amanhã!" Disse Alas enquanto se levantava cambaleando pelo efeito do vinho.

Dezad desapareceu da mesma forma que surgira ao lado do rei.

Os aventureiros foram levados por servos até um salão abaixo onde o vapor tomava conta do lugar. As paredes eram revestidas de azulejos, alguns quebrados e havia uma enorme piscia de água quente. Algumas luzes mágicas iluminavam a sala de banhos. Os heróis foram despidos pelos serviçais e logo estavam desfrutando do banho quente com aroma de ervas.
Todos menos Kubik que saiu correndo ao ouvir a palavra banho.

Depois do merecido banho, os aventureiros foram levados até seus quartos, suntuosas habitações numa das torres do palácio. Apesar de terem sido oferecidos quartos individuais, o grupo preferiu dividir as acomodações.
Soveliss e Medrash foram para um dos quartos enquanto Keyra e Arannis pensaram em dividir o outro. Adrie ficou sozinha num quarto menor.

Então, Arannis percebeualgo errado. Keyra desmaiou sobre a cama e os servos colocaram um colar mágico em seu pescoço. Parecia do mesmo tipo de colares mágicos usados por escravos drows.
Arannis tentou reagir mas percebeu que vários guardas apontavam bestas carregadas em sua direção.

"Um movimento e estará morto, eladrin." Disse um guarda orc.

Arannis foi algemado e recebeu um colar e viu enquando os demais eram carregados desacordados.

"O vinho...o maldito vinho." Pensou o paladino. Então sentiu uma pancada na cabeça e o mundo se encheu de trevas.