terça-feira, 19 de outubro de 2010

A Jóia do Anão - Parte I

Murmur hesitou por um momento. Olhou para a porta de madeira da casa. Podia ouvir as vozes conhecidas do outro lado. Respirou fundo e bateu. Segundos depois, a porta se abriu. Era Adrie, a elfa.

"Que bom que chegou. Arannis estava esperando para começarmos."Disse a druída sorrindo, apesar do ar distante de sua voz

"Obrigado."Disse Murmur passando pela porta. "Desculpem o atraso." Disse o goliath quando os demais olharam em sua direção.

"Não se preocupe. Não foi dito nada demais...ainda."Disse Arannis.

A mesa de madeira da pequena casa alugada pelo paladino em Skan era redonda e lembrava muito as mesas da taverna do outro lado da rua. Tinha oito bancos de madeira e uma vela no centro iluminava a pequena sala. Sentados à mesa estavam Soveliss, Arannis, Ecniv, e Keyra.
Murmur notou uma pequena caixa aos pés do paladino de Avandra e perto de Ecniv. O goliath sentou-se perto de Arannis e foi seguido por Adrie, que sentou-se ao lado de Keyra.

"Creio que podemos começar agora." Disse Arannis olhando para todos. "Tenho coisas importantes a dizer."Completou

Murmur ainda se sentia um estranho. Dias atrás, quando o grupo fora até sua casa para jantar, não esperava ser convidado para juntar-se a ele. Agora era um dos membros da Ordem da Liberdade mas ainda se sentia um pouco fora do grupo. O gigante cinza ficou calado enquanto Arannis iniciava a reunião. Preferia observar e entender, do que dizer algo sem ter ainda intimidade suficiente com os demais.

"Quando formamos este grupo, éramos inexperientes. Fomos atrás de um tesouro sem nem ao menos saber do que se tratava. Encontramos a primeira parte da espada de Agrom-Vimak. Eu confesso que vi a chance de vingar minha família, meu povo, usando essa arma contra os drows. O que me moveu e moveu meu irmão foi justamente essa possibilidade." Disse Arannis olhando nos olhos de cada um dos aventureiros

"E foi esse desejo de vingança que me desviou do caminho. Não fiz o que devia ter feito como líder deste grupo. Ignorei os momentos em que vocês precisavam de ajuda ou apenas de algumas palavras." Continuou o paladino

"Temos lutado sem parar. Ido de um ponto a outro, atrás dessas sete jóias para desfazer a besteira para a qual minha tentativa de vingar-me dos drows nos levou. Somente agora, nestes dez dias, depois da morte de um membro do grupo que consideramos amigo e de ver que Keyra e Adrie estão se distanciando, percebo que fui negligente." Arannis suspirou

Os demais olhavam sem dizer nada. Keyra brincava com uma adaga nervosamente. Seus olhos estavam vermelhos.

"O que quero dizer é que estou de volta. Nós somos um grupo de aventureiros. Somos a Ordem da Liberdade. Somos o mais próximo que posso chamar de família. Não vamos nos distanciar. Não vamos deixar ninguém para trás e esquecê-lo. Eu não vou deixar isso acontecer." Disse Arannis

"Eu tenho me sentido mal."Interrompeu Keyra "Os três meses que passamos no subterrâneo...fiz coisas horríveis. Matei. Matei drows. Matei outras coisas e pessoas. Tudo isso me fez ver que a vida não valia nada. Hoje eu mato e nem ao menos me incomodo. Além disso, vejo que esquecemos sim os que se vão. Foi assim com Medrash. Ninguém, por um longo tempo, nem ao menos mencionou seu desaparecimento. Ecniv está indo embora. Vamos esquecer dele também? Eu vejo que o grupo descarta seus membros e nem se importa. Vai ser assim se eu me for também?" Keyra disse estas últimas palavras chorando

"Não Keyra. Não é assim. Talvez tenhamos deixado Medrash esquecido por um tempo por causa da situação em que estávamos. Mas não é como você diz. Eu daria minha vida por cada um de vocês e tenho certeza de que todos fariam isso também." Disse Arannis

"Eu não sei. Vejo somente que estou ficando boa no que faço...que mato e não sofro por isso. E ninguém acha ruim. Até mesmo Soveliss veio me perguntar que técnicas de assassinato aprendi, quando saímos da prisão drow." Disse Keyra cravando a faca na mesa. Suas lágrimas escorriam pelo belo rosto e sua voz tremia, assim como suas mãos.

Murmur olhava sem saber o que dizer. Adrie parecia distante, séria. Ecniv parecia nervoso e Soveliss estava calado, ao lado do irmão.

Arannis respirou fundo e pegou a caixa que estava ao seu lado, colocando-a sobre a mesa.

"Keyra, nós vamos voltar a ser o que éramos. A Ordem da Liberdade vai fazer a coisa certa. Não vamos matar quando não for necessário e isso já começou. Capturamos Ogramum, o líder orc. Não o matamos. Você tem meu apoio, minha amizade. Eu estou dizendo que este grupo vai ser o que tinha que ser desde o início e vou dar meu sangue pra isso acontecer. Eu quero dizer a todos que voltei. Estive ausente mas voltei." Disse o eladrin

"Eu mandei fazer estes anéis" Disse ele abrindo a caixa. Nela havia seis anéis de ouro com o emblema do grupo "Mandei fazer como presente para vocês e como um símbolo deste dia, em que a Ordem da Liberdade volta a ser o que era desde o início: um grupo de amigos, companheiros, uma família."

Cada um dos aventureiros pegou o anel. Murmur hesitou.

"Você também Murmur. É um de nós agora." Disse Soveliss

Murmur pegou o anel e sorriu. "É uma honra. Obrigado. Farei o meu melhor." Disse o grandalhão

Keyra, Murmur e Soveliss deixaram a casa. O goliath foi até sua família, Keyra foi encontrar-se com seu amante, Malcom. Soveliss foi até a hospedaria onde Damara o esperava. Era o início da noite. Ecniv deixou uma caixa com cartas, túnicas e um estandarte com o emblema da ordem e desapareceu na noite. Ele detestava despedidas.



Alguém bateu na porta da casa onde Arannis e Adrie estavam. Eles abriram a porta e lá estava uma criança de uns doze anos.

"Boa noie. O senhor é Arannis, o paladino?"Disse o menino que carregava uma lanterna

"Sim...er...não é tarde para você estar na rua?"Disse Arannis

"Meu mestre pediu que os levasse até sua torre." Disse o garoto sorrindo

"Seu mestre?" Perguntou Adrie

"Mestre Danen, conselheiro do rei."Respondeu o menino

Arannis e Adrie seguiram o garoto pelas ruas de Skan, na direção da torre do mago. No caminho encontraram Murmur, Keyra e Soveliss. Todos estavam acompanhados por crianças carregando lanternas.

Ao chegarem à torre um dos meninos abriu o portão que protegia o jardim ao redor da casa de Danen. Os aventureiros entraram num jardin suntuoso, cheio de plantas, flores e árvores, algumas desconhecidas por eles. Algumas esferas flutuavam em pontos estratégicos do jardim, iluminando-o suavemente. A torre em si era uma construção estranha. Era muito alta mas muito estreita também. Dava a impressão de ter cômodos minúsculos em seu interior.
A porta de madeira abriu-se facilmente quando outra das crianças girou uma chave de ferro.
Os heróis entraram e então perceberam que nenhuma das crianças estava ao seu lado. Haviam desaparecido por completo.

Por dentro, a torre parecia muito mais ampla. Estavam numa sala grande, com uma decoração rica e exótica. Tapetes, almofadas douradas e estantes com livros e pequenos objetos de decoração, além de uma lareira, decoravam o lugar. Keyra aproximou-se de uma das estantes e discretamente pegou uma pequena peça dourada representando um animal que ela nunca vira em sua vida.

Subitamente, a porta se fechou e passos vieram da escada em espiral no centro da enorme sala. Outra criança, desta vez um pequeno drow segurando uma lanterna, apareceu.
"Boa noite" Disse o menino "Meu mestre os aguarda

"Chá?" Disse outra voz infantil atrás da Ordem da Liberdade. Era uma menina elfa carregando uma bandeja com pequenos copos de vidro enfeitados com tiras de ouro. Dentro dos copos uma bebida escura e fumegante chamou a atenção de Soveliss, que aceitou.

O grupo seguiu o pequeno drow pela escada em espiral até uma sala menor. De lá, ele os levou até uma porta que dava para um vão onde inúmeras escadas subiam, desciam e pareciam desafiar a realidade. Os aventureiros não entendiam bem aquilo. Começaram a descer uma escada e logo estavam subindo outra. Depois de caminhar por um tempo, estavam vendo a entrada da sala, mas de cabeça para baixo. Era um lugar totalmente bizarro.
Algum tempo depois, chegaram a uma sala onde sentiram uma leve brisa. No centro do teto havia uma grande abertura para o céu noturno e um enorme tubo de bronze com roldanas e engrenagens passava pela abertura até uma cadeira onde estava um velho envolto em roupas negras.

"Boa noite." Disse Arannis "Queria nos ver?"

O velho saltou da cadeira e sorriu. Com um gesto dispensou o pequeno drow que desapareceu em pleno ar. Em seguida, o mago deixou sua forma humana e transformou-se, usando a forma de genasi do fogo que os aventureiros conheceram ainda no castelo do rei.

"Chamei vocês sete aqui para conversar sobre assuntos de seu interesse." disse o genasi

"Sete?" Perguntou Adrie

"Sete." Respondeu o mago apontando para a porta onde Damara e Kraig haviam acabado de chegar

"Vamos ao que interessa. Eu pesquisei muito e encontrei uma das jóias que vocês procuram."Disse Danen "Ela está no mar do norte e pertence a um mago chamado Ulfgar, um anão." Completou

"Mar do norte? E como vamos chegar até lá?"Perguntou Soveliss

"Não se preocupem. Tenho tudo arranjado. Vocês partem amanhã!" Disse Danen abrindo os braços enquanto as labaredas em sua cabeça aumentavam sutilmente

domingo, 3 de outubro de 2010

Biografias: Hans

Raça: Humano
Classe: Guerreiro
Jogador: Lobo






O pai é ferreiro da Guarda de Ilíria, a mãe é cozinheira da casa real. Eles sentem muito orgulho de seu único filho Hans ser parte da guarda real de Ilíria. Sua trajetória foi bem interessante.

Em Ilíria, a família Franson, de humanos, era vizinha muito amiga da família Amarathar, composta por Aravillar, elfo e Kara, humana. Hans e Keyra, filha dos Amarathar tornaram-se grandes amigos. Muito ligados na infância e no início da juventude.

Como Hans era amigo da família de Keyra, por vezes treinava com o pai dela, Aravillar. Um aventureiro com maestria em espadas e habilidades em combate. Além disso, ajudava o pai na forja de armas e armaduras, mas não aprendeu o ofício, aproveitava para fortalecer seus músculos, pois tinha em mente seu objetivo de ser guerreiro da guarda real de Ilíria.

Ao completar 15 anos, Hans ingressa na guarda real. Não foi um teste fácil para ingressar na guarda. Fez teste de força e maestria de armas para saber em qual serviço Hans se enquadraria. Teve que conversar com cada superior para analisarem em qual área se encaixaria. Foi aceito para guerreiro da guarda, como soldado. Realizara seu sonho.

Feliz, retornou para sua casa contando a novidade para sua mãe, cujo sonho sempre fora ter seu filho servindo à guarda real. Então, convida a família Amarathar para um jantar em sua casa. Hans assou um Javali para todos enquanto sua mãe, Ella, preparou o restante da refeição. Hans ficava muito feliz com o olhar de sua amiga Keyra admirada com a conquista.

Cinco anos depois, já como sargento da guarda real, Hans se despede da família e de Keyra, que estava com 14. Ele partiria em missões na fronteira sul de Ilíria para conter o avanço dos bárbaros. Ao desperdir-se de Keyra, seu desejo dele era beijá-la, aconchegá-la em seus braços, mas se conteve pois não queria perder a amizade dela, da qual estima muito.

Partiu. Com o tempo. As viagens e missões como guerreiro estavam tornando-se muito frequentes. Uma vez por mês ele voltava para Ilíria. Sempre conseguia um tempo para contar as suas aventuras para Keyra. Ele via os olhos dela brilharem... Mas não sabia se aquilo era sentimento por ele ou vontade de se aventurar pelo mundo também. Ela também contava que, algumas vezes, seu pai permitia que ela fizesse pequenas e curtas viagens em busca de aventura. E que um dia ela também iria para longe cumprir o seu destino de aventureira como o pai.

Até que, três anos depois, ele precisa viajar mais para mais longe no sul, em uma missão que não tinha previsão de retorno. Ele se despede novamente de sua família, mas demora mais tempo com Keyra. Cheio de pesar no coração ele dá um abraço longo, ouvindo dela:

- Confio em ti, és forte, vai conseguir vencer os bárbaros.

Hans passa 2 anos em missão no sul, enfrentando diversas hordas diferentes, ataques vindos de todos os lados. Ele recebe um regimento para comandar. Fora promovido a Tenente. Ao fim da missão ele retorna para Ilíria, com sua nova armadura e posto.

Ao chegar, muito animado, ele bate à porta de sua casa:

- Abram a porta para o tenente Franson!

Os pais o recebem com imensa alegria. Abraços e beijos cheios de lágrimas e agradecimentos a Kord pelo retorno do filho amado, são e salvo.

Mas, após breves momentos em casa, suficientes apenas para acomodar suas coisas, quando fala aos pais que vai visitar Keyra, eles entreolham-se tristes e dizem para Hans:

- Filho, Keyra partiu há muito tempo. Saiu em busca de aventura.

Hans sente um aperto no peito. Esperava despedir-se de sua amiga num dia tão glorioso para ela. Engolindo em seco, retoma sua postura e diz:

- Mas pai, ela vai voltar em breve. Ela sempre se aventura aqui por perto e volta.

Conhecedor dos sentimentos do filho, o velho Lars diz, da maneira mais terna que conhece:

- Não meu filho, dessa vez é diferente, ela partiu mesmo em aventura.Não sabemos quando volta...

Sem acreditar direito, implorando a Kord para que seus pais estivessem enganados, Hans sai em visita à casa dos Amarathar.

Ao chegar, sem jeito e nervoso, diz a primeira frase que lhe vem à mente, já que o Sr. Aravillar abriu a porta antes que ele conseguisse sair correndo como um adolescente bobo.

- Keyra está?

Aravillar, surpreso e feliz responde:

- Seu pai não te contou meu jovem?

Ruborizado, de cabeça baixa e com voz sumida diz:

- S-si-sim...


- Ela não vai voltar em breve... Ela está seguindo o coração dela. - Responde entre orgulhoso e preocupado.

Girando sobre os pés, como se estivesse em posição militar, e saindo sem se despedir, Hans diz:

- Obrigado sr. Amarathar.

Ao perceber o uniforme diferente e notar a medalha indicativa da nova patente, Aravillar ainda tem tempo de dizer:

- Olha só! Tenente!! Parabéns, meu filho!

Já sem se importar com a novidade, Hans responde apatico:

- Ah... Obrigado, Sr. Com licença? Preciso de um tempo.

Aravillar diz:

- Tudo bem, que os deuses te protejam.

- Amém! Kord te dê força. - Hans responde enquanto volta rápido para casa.


Hans reza todos os dias para Kord, pedindo proteções para Keyra e seu grupo. Mas, principalmente para Keyra.


Dedicado e esforçado, ele segue seu serviço militar em Ilíria, quando, então, é convocado para uma guerra ao sul, onde deveria reunir-se à formação de 1000 soldados que já se encontrava no local. Orgulhoso, ele segue para a batalha com seu grupamento composto de 150 soldados.

Infelizmente, nesse embate, o exército de Ilíria foi derrotado. Yalin, a Paladina de Avandra e parte da liderança do exército de Ilíria, ordenava a fuga dos sobreviventes, quando Hans caiu, quase morto, ao ser lançado longe por um golpe certeiro de um gigante. Yalin o salva e dois colegas no combate o carregam de volta para Ilíria.

No caminho de volta, Hans, suando de febre, quase desmaiado, entre delirando e consciente, vê um clarão vindo do céu, imagens de um mar congelado, e, diante dele, as costas de uma mulher de cabelos castanhos, balançando ao vento. Sua aparência e vestes são familiares. Uma agústia muito grande toma seu coração. Ele sente necessidade de encontrar esta mulher. Prestando mais atenção, percebe ser uma meio-elfa... Seu coração dispara: "Keyra?!". Ele tem um pressentimento ruim... "Keyra!". O vento bate nos cabelos castanhos com mais força mostrando o rosto de uma bela moça, a Keyra. A constatação do fato expressa-se imediatamente em sua face machucada e semicoberta pelo lençol branco. É noite. Sua careta e seu gemido chamando por Keyra são interpretados como dor pelos companheiros ao seu redor. O curandeiro do grupamento aplica-lhe algumas compressas de ervas, mas fica perplexo ao notar o sinal de Kord na testa do enfermo. Ordena que todos saiam daquela área e o deixem vigiar o doente até a manhã seguinte.

Ele acorda sob os cuidados de curandeiros, se levanta rapidamente, pegando suas coisas e tentando sair daquele lugar mesmo com dores muito fortes pelo corpo. Quando está saindo, o curandeiro que o acompanhou a noite toda pergunta o que foi que ele viu durante a noite para que o sinal de Kord aparecesse tão claramente em sua testa. Este sinal é visível somente para os seus seguidores.

Convencido da mensagem que foi recebida, assim que ele tem forças, parte apressado até Marlon, um mago que ele acredita poder ajudá-lo. Hans gasta quase todas as suas economias para que esse mago possa descobrir onde está Keyra. Eis que ele mostra, em uma bola de cristal, que Keyra está em Skan, muitos quilômetros ao Norte dali. Levaria muitos dias para chegar até lá.

Hans compra um cavalo, mantimentos para si e o cavalo, prepara seus pertences e deixa tudo pronto. Gasta todas as suas economias e deixa sua mãe inconsolada e seu pai esperançoso.

Ele segue até o comando da Guarda Real. Conversa com o general pedindo baixa da guarda.

- Kord me enviou uma missão muito importante, preciso cumpri-la urgentemente, esse é meu motivo. Somente Kord sabe o porquê de me enviar numa missão nesse momento de grande necessidade de Ilíria. Peço licença para cumprir essa missão sem previsão de retorno.

Hans consegue a permissão depois de muita insistência e segue a cavalo para Skan, fazendo pouco descanso e parada, mas buscando sempre poupar o cavalo. Até que, muitos dias após sua partida, avista no horizonte uma cidade murada... Seu coração acelera na iminência de um reencontro.

À sua frente está Skan...

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Enquanto isso em algum lugar dos Nove Infernos...

Sua carne ardia. As queimaduras eram terríveis e seu braço esquerdo estava quebrado. Ela mal conseguia ficar de pé. Seus longos cabelos loiros estavam chamuscados e um corte enorme havia deixado o osso da mandíbula exposto. Por um instante, lembrou-se de seu pai. De como os bandidos haviam tomado a aldeia de Duaspedras e haviam matado, saqueado e feito os aldeões de escravos.

Segurou firme o cabo da espada. Soltou o escudo que estava preso ao braço quebrado. Encarou os demônios à sua volta e lembrou-se dos aventureiros que salvaram Duaspedras.
"Como era mesmo o nome daquela meio-elfa?"Pensou. Não importava. Ao menos agora não. A jovem levantou a lâmina e sorriu. "Bane!!!" Gritou, lançando-se contra os monstros.

Sua espada cortava a carne nefasta dos demônios enquanto o símbolo de bane em seu peito a protegia. Um raio de luz avermelhada deixou o amuleto e cortou o ar, atingindo um demônio que caiu chamuscado. A jovem era uma arma. Uma arma de Bane. Lutava como se estivesse possuída e atingia seus inimigos com grande habilidade.
No fim, os cadáveres jaziam amontoados ao redor da garota.

"Muito bem...muito bem criança."Disse uma voz terrível saindo das sombras.

A jovem estava muito ferida. Mas levantou a espada na direção da voz.

"Você está pronta." Disse novamente a voz.

Um demônio enorme, com grandes asas de couro saiu das sombras. Seus olhos brilhavam como fornalhas e carregava consigo uma enorme espada flamejante.

"Eu sirvo a Bane. Você é só meu...treinador."Disse a menina

"Sim. E digo que você está pronta para retornar ao mundo dos mortais. depois destes dez anos de treinamento."Disse o demônio "Agora beba isto e volte a ser você."Disse a criatura jogando um frasco com um líquido verde na direção da garota.

Ela bebeu o conteúdo e em questão de segundos, sua pele, seus ferimentos e até mesmo seu cabelo se regeneraram. Era bonita novamente. Uma jovem de seus vinte e cinco anos de idade. Seus cabelos eram loiros e longos. Seu rosto não tinha imperfeições. Porém, um olhar sinistro marcava seu rosto. Havia passado dez anos no inferno mas sabia que no seu mundo, o tempo não havia passado. Ela deixara Ilíria ainda com quinze anos de idade e o tempo nos Nove Infernos passava devagar.

O demônio sorriu e então desenhou um círculo no chão, usando suas garras. O círculo brilhou com a magía profana da criatura quando esta recitou algumas palavras.

"Vá. Agrom-vimak a aguarda, criança."Disse o monstro com um tom de sarcasmo

"Meu nome é Ania, demônio. Não se esqueça disso."Disse a jovem "Sou Ania, clériga de Bane."

"É assim que se fala, clériga de Bane. É assim que se fala."Disse o demônio gargalhando enquanto Ania entrava no círculo de teleporte e desaparecia em seguida.

Ania surgiu no centro de um campo de batalha. Corpos espalhados por todos os lados eram o festim dos corvos que desciam em grandes bandos para alimentar-se. Um grande exército estava reorganizando-se quando Agrom-Vimak apareceu, montando o pesadelo com crina de fogo.

"Finalmente. Gosta do que vê, Ania?"Disse Agrom-Vimak

Ania olhou ao redor. Aquilo agradava Bane.

"Sim. Gosto. Temos uma vitória então, meu senhor?"Disse ela

"Teremos muitas outras. Em nome de Bane."Disse ele saltando do cavalo e parando ao lado dela.
"Sabe o que você tem que fazer? Não sabe?"Perguntou Agrom-Vimak sorrindo enquanto retirava o temível elmo

"Sim...reunir seus escolhidos e destruir a tal Ordem da Liberdade."Ania disse isso olhando o massacre no campo de batalha. "Destruir a Ordem da Liberdade e invocar o poder de Bane." Completou

"Boa menina..."Disse Agrom-vimak satisfeito