sábado, 27 de fevereiro de 2010

A Escuridão - Parte I

Soveliss sentia que seus pulmões iriam explodir. A correnteza o levava por um túnel apertado e ele estava ficando sem ar. Não havia tempo para pensar. Tudo era rápido demais. Sentia que pedras e seu próprio equipamento batiam contra ele, cortando-o. Não conseguia enxergar nada. Estava num tunel inundado e sendo arrastado pela torrente.
De repente, a água desapareceu e Soveliss sentiu-se em pleno ar. Caiu instantaneamente, indo de encontro com mais água. Começou a afundar e, como não havia correnteza, conseguiu nadar até a superfície e em seguida até a margem. Não enxergava abosulatamente nada na escuridão absoluta até que viu a luz prateada do escudo de seu irmão irromper do túnel muitos metros acima. Arannis caiu no lago subterrâneo e desapareceu mas a luz ainda era visível. Estava afundando rapidamente. Soveliss estava desesperado e tossia sem parar, cuspindo água quando algo segurou seu braço.

"Rápido, segura a corda! Vai até a margem!" Gritou Keyra enquanto mergulhava na direção da luz do escudo mágico do paladino.

Soveliss obedeceu e na margem usou sua magia de luz para iluminar uma pedra. Adrie surgiu na água e gritou algo que inicialmente o mago não entendeu devido à confusão mental do momento.

"Eu disse: me passe a corda!" Gritou novamente Adrie enquanto se transformava em urso. Soveliss entendeu e amarrou a corda à cintura da fera.

A corda foi puxada por algo dentro do lado e Adrie começou a andar na direção oposta. Soveliss ajudava a puxar e logo Kubik se juntou a ele. O pequeno goblin estava ensopado e com um corte na testa. Graças aos esforços deles, Medrash foi retirado do lago mas estava desacordado. Imediatamente, Adrie transformou-se de volta à sua forma natural e começou a tentar reviver o dragonborn que não parecia reagir.
Soveliss olhava em desespero, ainda vendo a luz prateada no fundo do lago. Viu Keyra mergulhar novamente e desaparecer. Então, a luz do escudo cresceu, e num jorro de água, Keyra e Arannis surgiram na superfície do lago. A meio-elfa tentava nadar com o peso da armadura do eladrin mas ambos estavam vivos.

Nesse instante Bahamut pousou ao lado de Soveliss que tinha lágrimas nos olhos que tratou de limpar antes que seu irmão chegasse à margem.
Arannis caiu de costas na rocha da caverna e respirou aliviado, ainda ofegante. Keyra sentou-se ao seu lado e sorriu dizendo: "Foi por pouco hein?"

Várias horas se passaram. Não havia nennuma forma de fazer uma fogueira e os heróis tiveram que esperar que suas roupas secassem. Haviam perdido algumas coisas na enxurrada mas nada de importância. Comeram um pouco das rações de viagem que ainda estavam secas por algum milagre e observaram a escuridão. Apenas um bastão solar imluminava a caverna. O teto, a dezenas de metros era opressor. Não conseguiram ver o buraco por onde a água os trouxe. O silêncio era absoluto na enorme caverna.

Adrie transformou-se em pantera e procurou por algum caminho para fora do lugar. Encontrou cinco túneis mas um deles parecia mais seguro e menos estreiro que os demais. Depois que estavam todos descansados, eles seguiram a druída na escudirão, iluminando o caminho com o escudo prateado de Arannis.
Por longas horas os aventureiros caminharam por túneis escuros e estreitos. Esgueirando-se entre colunas de pedra e buracos no chão. Enfim chegaram a um túnel amplo. O chão era mais arenoso e haviam dezenas de túneis menores nas laterais e no chão. Parecia um formigueiro gigante. Ao longe, ecoando pelos túneis, o grupo conseguiu ouvir um som estranho. Parecia o sibilar de uma serpente seguido por cliques metálicos. O som se repetia pelas galerias menores e parecia estar em toda parte. Então, criaturas do tamanho de cães surgiram dos burcaos. Pareciam insetos com uma carapaça metálica. Faziam um ruido horrível e haviam cercado os aventureiros.

Os kruthiks atacaram cuspindo dardos venenosos. Foi um combate longo pois as criaturas se mexiam rapidamente, cavando ou entrando nos túneis. No fim, as carcaças fedorentas dos enormes insetos jaziam, patas para cima, no chão do túnel. Soveliss reconheceu as criaturas e Adrie concordou com o nome sitado pelo mago. Além disso, a druída disse que os kruthiks se afastavam de outros kruthiks mortos. Pensando nisso. Soveliss criou um disco arcano e várias carcaças foram empilhadas sobre o construto de energía. Assim, os aventureiros esperavam manter afastados outros insetos da colônia.
Por algum tempo o grupo vagou pelos túneis ouvindo o som característico das feras bizarras. Depois, a medida que o túnel descia, o som ficou mais fraco e logo pairava no ar um silêncio sepulcral. Depois de passar por uma abertura menor, os heróis chegaram a uma câmara enorme onde uma pilha de equipamentos e tesouro reluzia à luz do bastão solar.
Na caverna, cinco kruthiks defendiam um sexto, muito maior e estranho. Era a rainha das criaturas. Os aventureiros atacaram e foram cercados pelos kruthiks de tamanho normal. O maior cuspiu um jato ácido contra Medrash e Arannis.
Os heróis lutaram ferozmente mas em pouco tempo Medrash jazia no chão, inconsciente.

"Esqueçam os menores! Ataquem o grande!" Gritou Arannis. Keyra corria ao seu lado. A ladina pegou uma faca e a arremessou enquanto corria, atingindo um dos olhos da rainha dos insetos. A criatura guinchou horrivelmente e cuspiu ácido em seguida.
Foi uma batalha rápida e desesperada. Os kruthiks menores cuspiam uma chuva de dardos venenosos enquanto os aventureiros atacavam a rainha. Então, Soveliss disparou um míssil mágico e atingiu a criatura que já sangrava uma gosma escura em grande quantidade. O projétil mágico matou a criatura e então Keyra subiu sobre a carcaça e gritou alto, desafiando os kruthiks.

As criaturas fugiram, talvez por causa da morte de sua rainha ou talvez graças ao grito de vitória de Keyra.
Os aventureiros estavam exaustos mas haviam sobrevivido. Minutos depois, seguindo um dos túneis, chegaram a um enorme desfiladeiro.

"Montanhas no subterrâneo?" Perguntou Adrie

As Ruínas Brancas

"Desgraçados." Disse Keyra enquanto Medrash enfaixava seu braço ferido pelas garras da criatura tumular que jazia aos seus pés.


"Odeio mortos-vivos, é sério Medrash." Disse a meio-elfa.

"Concordo. Mas devemos encontrar mais neste maldito lugar." Disse Medrash olhando para o corredor envolto em trevas.

"Se encontrarmos, Avandra irá nos ajudar e vamos mandá-los de volta ao abismo." Completou Arannis jogando um pouco de água de seu cantil sobre a cabeça.

"Irmão, creio que quanto antes possamos sair deste lugar, melhor." Disse Soveliss enquanto acariciava o pequeno pseudodragão albino em seu ombro.

"Mestre! Kubik ver coisa ruim ali!" Guinchou o goblin apontando para o corredor.

"Vamos. Fiquem juntos." Disse Medrash levantando-se.

Arannis percebeu algo nos escombros e, examinando um cadáver de perto encontrou um pedaço de pergaminho onde o morto havia anotado símbolos estranhos ao lado da escrita anã. Colocou a anotação no bolso e seguiu seus companheiros.

Os aventureiros seguiram pelo corredor e desceram as escadas. Os degraus eram estreitos e altos, dando uma sensação vertiginosa a medida que o grupo descia. No fim da escadaria, uma luz dourada vinha de uma sala. Arannis foi o primeiro a entrar, seguido pelos demais.
Estavam agora num salão de teto alto, com mais ou menos três a quatro metros de altura. Havia uma porta de metal escuro diretamente oposta ao corredor por onde eles haviam chegado. Keyra examinou a porta, procurando uma fechadura e possíveis armadilhas mas nada encontrou. No centro da sala, perto da parede norte, um enorme pedestal de pedra suportava o peso de uma estátua grotesca. A primeira vista parecia um sapo enorme mas, examinando-a de perto, Arannis percebeu ser algum tipo de demônio. Não havia nada que indicasse sua origem mas depois de algum tempo, o eladrin encontrou um botão num dos olhos da estátua. Além disso, algo parecia brilhar na garganta do sapo-demônio. Soveliss disse que certamente era algo mágico e Keyra, tocando a pedra gelada, percebeu que a área da garganta estava quente. Enquanto isso, Medrash e Adrie estavam intrigados com
uma placa de metal com letras estranhas em alto relevo.

"Não consigo entender nada." Resmungou Medrash.

Arannis reconheceu os símbolos. Eram os mesmos contidos no pedaço de pergaminho que ele encontrara minutos antes no cadáver na sala acima.

"Não sei se ajuda mas..."Disse o eladrin entregando as anotações a Medrash.

O dragonborn e Adrie começaram a ler e tentar decifrar a placa de metal enquanto Keyra e Arannis continuavam buscando uma maneira de pegar o objeto mágico dentro da estátua.

"Todos devem servir..."Medrash começou a ler, depois de um bom tempo tentando decifrar a escrita bizarra.

"Não leia isso em voz alta!" Interrompeu Arannis. "Pode ser que ative alguma armadilha ou qualquer coisa do tipo."

Medrash concordou e escreveu o que ele e Adrie haviam decifrado. Todos se reuniram para decidir o que fazer. Estavam no centro da sala, de frente para o pedestal da estátua quando Keyra, que ainda estava examinando o sapo-demônio fez sinal para que se afastassem da área da estátua. Keyra apertou o botão do olho do ídolo de pedra e então jatos de fogo irromperam de duas aberturas pequenas no chão, em frente à placa de metal onde, minutos antes, Adrie e Medrash estiveram.
Segundos depois as chamas se extinguiram.

"Uma bela armadilha. De nada!" Disse Keyra piscando.

Lendo o que Medrash e Adrie haviam escrito, Arannis lembrou-se de algo a respeito do nome sitado na placa. Era o nome de um demônio ou deus antigo, conhecido como o deus do sangue. Os aventureiros não sabiam o que fazer pois a mensagem na placa de metal era enigmática e familiar demais.

"Todos devem servir Kopor, ele guarda o Olho de Vimak." Essas eram as palavras. Depois de muito conversarem, eles decidiram tentar algo. Medrash e Arannis obrigaram o pobre Kubik a dizer as palavras diante da estátua. O goblin gaguejava com medo mas tinha mais medo das ameaças dos dois. Com a voz esganiçada, Kubik disse as palavras mas nada aconteceu.

Medrash tirou o goblin do lugar e falou as palavras em voz alta diante da estátua mas nada aconteceu. O silêncio reinava enquanto os aventureiros esperavam por uma armadilha ou inimigos. Nada aconteceu.
Então Soveliss disse: "Acredito que você deva ajoelhar-se. A placa diz que todos devem servir esse monstros. Servos se ajoelham perante seus mestres."

"Bahamut, meu senhor, me perdoe pelo que irei fazer." Orou rapidamente o dragonborn enquanto se ajoelhava diante de Kopor. "Todos devem servir Kopor, ele guarda o olho de vimak!" Gritou. Nada aconteceu. Então teve uma idéia. Usando sua espada, fez um corte em sua mão esquerda e deixou que o sangue caísse no chão enquanto falava novamente a frase sinistra. Mais uma vez, a estátua de Kopor continuou imóvel.
Então, Medrash tocou a placa de metal com sua mão ferida e o sangue foi sugado magicamente para dentro das letras que brilharam num vermelho intenso. Em seguida, a bocarra da estátua se abriu, assim como a porta de metal. Keyra enfiou o braço dentro da estátua e tirou uma pequena pedra preciosa, parecida com um rubi. A gema brilhava e era quente. Medrash guardou o Olho de Vimak na mochila e os aventureiros seguiram pelo corredor que continuava até uma encruzilhada.

Seguindo reto, havia uma sala quase tão grande quanto a anterior. No centro da sala, um poço emanava uma fraca luz azulada. Diante do poço, um trono de ferro feito de espadas retorcidas assustou os heróis. As lâminas do trono estavam manchadas de sangue e uma pequena placa na base do trono mostrava o nome Vimak.

Soveliss analizou o encanto do poço e, aparentemente ele era abençoado com poderes curativos. Os demais beberam da água mágica e se sentiram renovados. Ferimentos se fecharam e estavam agora gozando de um novo ânimo. Medrash sentou-se no trono e disse o nome de Vimak em voz alta mas nada aconteceu além de cortar-se profundamente com as lâmina da cadeira monstruosa. Então, ele entrou no poço e seus ferimentos se curaram. Arannis fez o mesmo, lavando-se no poço.

Keyra e os demais encheram os cantis com a água abençoada da sala. Os cantis brilhavam com a luz azulada mas quando o grupo deixou a sala, o brilho e os poderes da poção desapareceram.

O grupo seguiu por um corredor onde uma escada descia ainda mais. Porém, no centro da escadaria havia um buraco enorme. Keyra sorriu pois era algo fácil para suas habilidades acrobáticas. Tmou fôlego e correu em direção ao abismo, deu três longas passadas e saltou. Por um instante pareceu voar mas o impulso não fora suficiente e ela caiu antes de chegar ao outro lado do fosso. Keyra desapareceu na escuridão, para a surpresa e desespero de seus amigos. A meio-elfa caiu, esfolando os braços ao tentar segurar-se na parede do fosso. Apesar de não parar sua queda, isso permitiu que a velocidade diminuisse. Ao cair de costas no chão escuro do buraco, Keyra encontrou uma túnica mágica que enrolou e colocou na mochila. Medrash jogou uma corda e a meio-elfa foi resgatada. Tinha ferimentos leves se comparados ao seu orgulho, que estava bem abalado.

Keyra entregou a túnica a Soveliss que usou suas habilidades para entender seu poder. Os demais conseguiram atravessar sem maiores problemas, o que deixou Keyra ainda mais chateada, afinal, saltar agilmente por cima de um fosso era algo corriqueiro para a jovem ladina. Todos atravessaram menos Medrash. O dragonborn tentou saltar mas caiu pesadamente no buraco, ferindo-se bastante. Uma corda foi jogada e Adrie, transformada em urso puxou Medrash para fora.

Depois disso, os aventureiros chegaram a uma sala com uma anorme porta de mithral. A porta era quase branca e finamente polida. Mesmo as teias de aranhas da ruína pareciam evitar a grande porta. Ao lado dela, um gongo de bronze balançava suavemente quando os heróis chegaram. Antes que qualquer um pudesse examinar a porta, Adrie, impulsivamente, tocou o congo. O som se alastrou pela sala, morrendo aos poucos enquanto todos olhavam para a aelfa, reprovando sua atitude impensada.

"O que foi? Isso deve abrir a porta ora." Disse a druída.

E ela estava certa. A massiva porta de mithral se abriu, mostrando uma sala de teto baixo onde Medrash tinha que curvar um pouco o corpo para pode andar. No centro da sala havia uma pequena piscina de água suja com alguns degraus de pedra. à esquerda da porta, um pequeno pedestal ostentava o que parecia ser uma pedra azul lisa. Símbolos mágicos brilhavam no chão ao redor do pedestal, com a mesma luz suave do poço de cura no andar superior do templo. Soveliss deduziu que se tratava de outra magia de cura.
As paredes eram frias e úmidas, cobertas de limo. Em torno da sala, perto do teto haviam vários buracos cobertos de limo e fedendo a mofo. Um gotejar podia ser ouvido pelos aventureiros embora não fosse possível saber de onde vinha. Medrash havia notado uma rachadura numa das paredes enquanto eles examinavam a sala. Arannis e Adrie notaram um sarcófago de pedra com uma figura esculpida na tampa. Parecia ser um guerreiro segurando uma espada sobre o corpo mas suas feições eram estranhas aos heróis.

"Vamos abrir?" Perguntou Adrie.

"Não sei. Acho que já encontramos o que viemos buscar. É melhor irmos embora." Respondeu o paladino de Avandra.

Enquanto discutiam que rumo tomar, Keyra resolveu usar o poder de cura do pedestal pois as escoriações da queda no fosso a estavam incomodando. Tocou a pedra azul e imediatamente a luz que iluminava a sala desapareceu. Keyra ouviu o som de pedra raspando e então água começou a jorrar em jatos violentos pelos buracos nas paredes da sala. Soveliss tentou correr na direção da porta de mithral mas esta fechou-se com um estrondo.A água começava a subir rapidamente e não havia saída da sala.

"Vamos abrir!" Disse Arannis empurrando a tampa do túmulo. Adrie transformou-se em urso e o ajudou. A tampa caiu e quebrou-se em mil pedaços. Dentro do sarcófago havia um esqueleto antigo. Uma espada velha jazia ao seu lado e duas braçadeiras mágicas de metal repousavam aos seus pés. Arannis pegou as braçadeiras e as enfiou rapidamente na mochila.

"Me ajudem aqui! É a única saída!" Gritou Medrash enquanto golpeava a rachadura na parede com o ombro. "Rápido!"

Soveliss disparou mísseis mágicos contra a rachadura enquanto Arannis, Keyra e Adrie tentavam quebrar a parede com Medrash. Até Kubik batia com uma pedra, tentando aumentar a rachadura. A água subia rapidamente.

Minutos depois, Kubik boiava sobre a mochila de Soveliss enquanto o grupo tentava lutar para ficar de pé na água turva que já estava acima da cintura. A rachadura havia aumentado mas não muito. O pseudodragão de Soveliss havia entrado no buraco e cavava enquanto todos tentavam arrebentar a parede para sair da sala que logo seriam um túmulo submerso. Seu túmulo.

A água inundou a sala por completo, deixando apenas um pequeno espaço entre ela e o teto onde os heróis ainda conseguiam um pouco de ar. Porém, os jatos continuavam a preencher a sala. Medrash pegou um último folego e mergulhou na água escura. Ele juntou os punhos e golpeou pela última vez a rachadura. Nada aconteceu e por alguns instantes os heróis acreditaram que era seu fim. Porém, a parede rachou e sucumbiu ruidosamente, sugando a água e os aventureiros por um túnel subterrâneo.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Terror na Neve

Medrash respirou fundo. Sua mão direita apertou o cabo da espada que ele tinha desde criança. Ele preparou grande escudo de metal que levava na mão esquerda. Apoiou-se firmemente, plantando os pés no chão rochoso da caverna e encarou o monstro verde que rugia para ele e seus companheiros.
Arannis fechou rapidamente os olhos, em uma prece silenciosa a Avandra e então, empunhando sua espada longa que brilhava nas trevas, gritou: "Venha e nos enfrente criatura! Venha e sinta o poder de Avandra!"

O dragão pareceu esboçar um sorriso em sua enorme boca. A criatura alçou voo, dando uma volta ao redor da caverna para então mergulhar na direção dos aventureiros. Keyra esquivou-se do ataque, rolando no chão e, em seguida, arremessou uma faca que cortou o ar com um som agudo. A faca enterrou-se no olho direito do dragão verde, de onde a gosma do globo ocular vasou misturada com sangue. O monstro verde urrou enquanto pousava numa rocha vários metros acima de onde estavam os heróis.

Soveliss lançou uma mão fantasmagórica que atingiu em cheio a criatura. Nesse instante, quando os quatro estavam preparando-se para o novo ataque do dragão, uma figura surgiu nas sombras. Era uma elfa de cabelos longos e castanhos, vestindo roupas feitas de couro e folhas. Trazia um cajado nas mão e vinha acompanhada por um lobo que brilhava debilmente como uma ilusão mágica. A elfa, muito parecida com a druída que o grupo encontrara na Floresta Castanha, falou com uma voz suave.

"Vim ajudar vocês. Não há tempo. Bebam esta poção. Ela irá protegê-los do veneno do dragão." Dizendo isso, Adrie entregou uma poção a Medrash e outra a Keyra. "Eu mesma já bebi uma. Bebam, confiem em mim."

Keyra ficou desconfiada e não bebeu a poção naquele momento. Medrash, por outro lado, engoliu o conteúdo do pequeno frasco segundos antes do dragão voar novamente e rasgar parte de sua armadura num ataque certeiro de suas enormes garras.
A dor foi terrível mas o dragonborn não sentiu os efeitos do veneno.

Num instante, a elfa transformou-se em algo estranho. Parecia uma fera feita de garras e dentes envolta em sombras. Era uma fera primordial, uma criatura selvagem. Em seguida, das trevas da fera primordial, saíram centenas de gafanhotos feitos de magia. A nuvem de insetos envolveu o dragão que já estava no chão, enfrentando os golpes hábeis de Arannis, Medrash e Keyra. Soveliss disparava mísseis mágicos e ajudava no que podia.

O dragão cuspiu uma nuvem fétida de gás venenoso que não afetou muito os heróis, visto que Medrash e Keyra haviam bebido a poção. Adrie estav imune a parte do efeito também e Arannis usava um cinto mágico que o protegia.
Depois de vários minutos enfrentando o dragão verde, os heróis conseguiram ferir a criatura que agora recuava, ofegando. Então, Soveliss disparou mais um projétil de magia pura que atingiu o monstro no peito. O dragão tentou voar mas caiu ruidosamente no chão.

Os heróis encontraram o tesouro do jovem dragão verde e Medrash cortou a cabeça da fera, que seria levada por eles até Duaspedras. Adrie explicou que sua mãe a havia enviado para ajudá-los. Todos pareceram confiar na elfa druída instantaneamente. Todos menos Keyra.

Enquanto caminhavam de volta para Duaspedras, os aventureiros foram atacados por aranhas gigantes. As criaturas pareciam sair de todos os lados da ravina onde o grupo foi emboscado e, estando em maior número, as aranhas pareciam estar vencendo. Duas flechas saíram de algum lugar na floresta, matando dois aracnídeos. Ninguém além de Keyra pareceu notar isso. A meio-elfa afastou-se um pouco, lutando com as aranhas e então viu um elfo escondido entre as árvores. O arqueiro disparou mais duas flechas e deixou a luta em pé de igualdade. Keyra abriu a boca para agradecer a ajuda mas o elfo havia desaparecido na mata.

Ao chegarem a Duaspedras, os cinco foram direto para o Dragão Hébrio, a taverna da aldeia. Uma vez lá, pediram ao taverneiro que mandasse chamar Ben, o líder da comunidade.
Ben chegou com um sorriso nos lábios. Uma das filhas do taverneiro já havia falado sobre a cabeça do dragão verde que os aventureiros haviam trazido consigo.

"Excelente trabalho! Seremos eternamente gratos por esse feito!" Disse Ben enquanto admirava a cabeça morta do monstro.

"Sim, esse dragão não vai mais devorar ninguém." Respondeu Soveliss.

"Mestre Ben, se não se importa..." Começou a dizer Arannis

"Sim, claro, a recompensa de vocês. Não me esqueci." Interrompeu o prefeito

"Não é isso. Queremos descansar um pouco e depois falar com Nimus." Respondeu o eladrin.

"Isso pode ser arranjado. Descansem heróis. Falarei com o velho resmungão. Amanhã cedo virei buscá-los."

Durante a noite, Keyra resolveu mexer nas coisas da elfa. Encontrou algumas moedas de ouro e as roubou. Soveliss percebeu e achou estranho mas Keyra disse que estava fazendo um teste. Adrie, sem deixar que Keyra soubesse, havia percebido tudo. Keyra e Adrie conversaram sobre o acontecido depois. Keyra deixou claro que queria saber se Adrie era de confiança. A elfa disse que não havia necessidade de furtar as moedas, até porque ela nem tinha utilidade para isso.

Depois de um merecido descanso no Dragão Hébrio, os aventureiros encontraram Ben, que os levou até a cabana do velho Nimus. Eles levaram a cabeça do dragão para provar seu valor, mas não sem prometer ao dono da taverna que a cabeça seria usada como ornamentação do Dragão Hébrio e como prova do grande feito do grupo.

Nimus os recebeu de uma forma menos grosseira. desta vez o alquimista deu mais informações sobre a Espada Rubra de Agrom-Vimak. Ele contou que Vimak foi um guerreiro poderoso mas que não haviam registros sobre sua tendência. Além disso, Nimus falou sobre as outras duas metades da espada. Uma delas, segundo Nimus, havia sido guardada num templo ao sul. Hoje, três mil anos depois, esse templo corresponderia às Ruínas Brancas, um lugar amaldiçoado a alguns dias de caminhada, na Floresta Castanha.

Depois de comprarem algumas poções de cura com o velho, os heróis partiram rumo ao sul, esperando encontrar a segunda parte da arma nas Ruínas Brancas.
Os dias passam longos, com neve, muita neve. Graças às habilidades de Adrie, o grupo consegue se deslocar sem muitos problemas. Um dia, pouco depois de amanhecer, os aventureiros se deparam com um pequeno vale onde uma grande caverna com carcaças de grandes animais na frente chama a atenção deles. Um enorme ogro, sentado numa pedra, devora a perna de um alce. Adrie percebe um arco élfico quebrado perto da entrada do covil e, transformada em rato resolve investigar. A druida entra na caverna e encontra dois enormes lobos negros, do tamanho de cavalos, roendo os ossos de um homem morto.

Adrie retornou até seus companheiros e contou o que viu. Depois de muito ponderar, os aventureiros decidiram contornar o vale e continuar para o sul. Horas depois, no início da noite, uma nevasca começou. Adrie encontrou três grandes árvores que serviriam como refúgio. Ajudada por Arannis e Medrash, a elfa conseguiu fazer dois abrigos com galhos e folhas. Não era muito mas ao menos o grupo estava a salvo de morrer congelado.

Era noite e o vento rodopiava forte enquanto mais neve caía sobre os abrigos. A pequena fogueira mal aquecia os aventureiros, Kubik e Bahamut. Adrie estava transformada em lobo e era Medrash quem mantinha a guarda. Em meio ao som uivante do vento, algo chamou a atenção do dragonborn. Três silhuetas se pronunciavam perto do acampamento. Pareciam humanóides mas estavam parados, em silêncio, olhando para os heróis.
Medrash levantou-se enquanto acordava Adrie e Arannis. O dragonborn gritou, ordenando que os três homens se identificassem mas não teve resposta. Então, subitamente, mãos geladas destruíram o abrigo onde Keyra e Soveliss dormiam e agarraram a meio-elfa, puxando-a para trás.

As mãos da criatura eram azuladas e uma aura congelante emanava de seu corpo. Keyra desvencilhou-se da criatura e então viu que era um homem congelado, morto. A criatura gemeu enquanto suas garras geladas se aproximavam do corpo de Keyra. Ela sacou a espada e enfrentou o morto-vivo enquanto outro aparecia logo atrás dela.

Os três outros mortos-vivos atacaram Medrash e os demais. Cada vez que se aproximavam dos heróis, os cadáveres congelados pareciam esfriar ainda mais o ar em torno deles. Olhos vidrador e mão com garras vinham na direção dos aventureiros que lutavam desesperadamente, tendo sido pegos de surpresa.
Arannis sofreu um ataque terrível das garras geladas dos monstros e revidou invocando o poder de Avandra. A lâmina de sua espada brilhou como o sol enquanto cortava a carne morta das criaturas. O primeiro monstro estava caíndo mas antes de ser destruído explodiu, arremessando cristais de gelo em todas as direções. Os cristais cortaram a pele de Arannis e Adrie, que, transformada em lobo mordia o braço gelado de outro morto.
Foi um combate difícil mas no fim, cansados, cortados e com frio, os heróis conseguiram descansar o resto da noite.

Várias horas se passaram. A nevasca parou mas os aventureiros sentiam grande dificuldade em caminhar com o terreno difícil de neve até os joelhos. Todos menos Adrie e Medrash. A elfa caminhava sem dificuldade, pisando em lugares seguros e andando sobre a neve sem afundar muito. O dragonborn fazia o mesmo não por ter essa habilidade mas graças às botas mágicas que usava. Depois de algum tempo, os aventureiros chegaram a uma clareira onde encontraram ruínas em meio à neve. As pedras eram quase tão brancas quanto o manto do inverno.

Não demorou para que Keyra encontrasse a entrada das ruínas. Um portal com inscrições feitas numa língua esquecida. Ao lado da porta, um conjunto de runas chamou a atenção de Soveliss que sorriu ao descobrir que eram parte de um ritual. O mago invocou o poder das runas que brilharam e em seguida uma boca mágica se materializou no ar. A boca falou na língua comum: "Há somente morte neste lugar. Cuidado."

Medrash e Arannis iam à frente, seguidos pelos demais. Adrie estava transformada em gato e caminhava ao lado de Keyra e as duas eram seguidas por Soveliss com Bahamut no ombro e Kubik ao lado.
A cripta era escura, muito escura. Estranhamente, o bastão solar que eles carregavam não iluminava muito. As paredes do lugar eram antigas e haviam muitos escombros no caminho. Então, Keyra encontrou um corredor que levava até uma escada de pedra que descia. A ladina se preparava para avisar o grupo quando figuras terríveis surgiram na escuridão.

Três esqueletos levantaram-se dos escombros da sala de entrada, empunhando armas. Duas criaturas feitas de sombras atravessaram as paredes e atacaram. Um espectro surgiu também, saíndo do chão, ao lado de Medrash. Uma das criaturas de sombras parecia sussurrar algo que encheu os aventureiros de um sentimento ruim, pesado. Além disso, umaq criatura extremamente pálida. com garras negras e olhos vermelhos atacou Keyra perto das escadas.

Os mortos-vivos haviam chegado para defender seu túmulo amaldiçoado e os heróis estavam cercados...