quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Terror na Neve

Medrash respirou fundo. Sua mão direita apertou o cabo da espada que ele tinha desde criança. Ele preparou grande escudo de metal que levava na mão esquerda. Apoiou-se firmemente, plantando os pés no chão rochoso da caverna e encarou o monstro verde que rugia para ele e seus companheiros.
Arannis fechou rapidamente os olhos, em uma prece silenciosa a Avandra e então, empunhando sua espada longa que brilhava nas trevas, gritou: "Venha e nos enfrente criatura! Venha e sinta o poder de Avandra!"

O dragão pareceu esboçar um sorriso em sua enorme boca. A criatura alçou voo, dando uma volta ao redor da caverna para então mergulhar na direção dos aventureiros. Keyra esquivou-se do ataque, rolando no chão e, em seguida, arremessou uma faca que cortou o ar com um som agudo. A faca enterrou-se no olho direito do dragão verde, de onde a gosma do globo ocular vasou misturada com sangue. O monstro verde urrou enquanto pousava numa rocha vários metros acima de onde estavam os heróis.

Soveliss lançou uma mão fantasmagórica que atingiu em cheio a criatura. Nesse instante, quando os quatro estavam preparando-se para o novo ataque do dragão, uma figura surgiu nas sombras. Era uma elfa de cabelos longos e castanhos, vestindo roupas feitas de couro e folhas. Trazia um cajado nas mão e vinha acompanhada por um lobo que brilhava debilmente como uma ilusão mágica. A elfa, muito parecida com a druída que o grupo encontrara na Floresta Castanha, falou com uma voz suave.

"Vim ajudar vocês. Não há tempo. Bebam esta poção. Ela irá protegê-los do veneno do dragão." Dizendo isso, Adrie entregou uma poção a Medrash e outra a Keyra. "Eu mesma já bebi uma. Bebam, confiem em mim."

Keyra ficou desconfiada e não bebeu a poção naquele momento. Medrash, por outro lado, engoliu o conteúdo do pequeno frasco segundos antes do dragão voar novamente e rasgar parte de sua armadura num ataque certeiro de suas enormes garras.
A dor foi terrível mas o dragonborn não sentiu os efeitos do veneno.

Num instante, a elfa transformou-se em algo estranho. Parecia uma fera feita de garras e dentes envolta em sombras. Era uma fera primordial, uma criatura selvagem. Em seguida, das trevas da fera primordial, saíram centenas de gafanhotos feitos de magia. A nuvem de insetos envolveu o dragão que já estava no chão, enfrentando os golpes hábeis de Arannis, Medrash e Keyra. Soveliss disparava mísseis mágicos e ajudava no que podia.

O dragão cuspiu uma nuvem fétida de gás venenoso que não afetou muito os heróis, visto que Medrash e Keyra haviam bebido a poção. Adrie estav imune a parte do efeito também e Arannis usava um cinto mágico que o protegia.
Depois de vários minutos enfrentando o dragão verde, os heróis conseguiram ferir a criatura que agora recuava, ofegando. Então, Soveliss disparou mais um projétil de magia pura que atingiu o monstro no peito. O dragão tentou voar mas caiu ruidosamente no chão.

Os heróis encontraram o tesouro do jovem dragão verde e Medrash cortou a cabeça da fera, que seria levada por eles até Duaspedras. Adrie explicou que sua mãe a havia enviado para ajudá-los. Todos pareceram confiar na elfa druída instantaneamente. Todos menos Keyra.

Enquanto caminhavam de volta para Duaspedras, os aventureiros foram atacados por aranhas gigantes. As criaturas pareciam sair de todos os lados da ravina onde o grupo foi emboscado e, estando em maior número, as aranhas pareciam estar vencendo. Duas flechas saíram de algum lugar na floresta, matando dois aracnídeos. Ninguém além de Keyra pareceu notar isso. A meio-elfa afastou-se um pouco, lutando com as aranhas e então viu um elfo escondido entre as árvores. O arqueiro disparou mais duas flechas e deixou a luta em pé de igualdade. Keyra abriu a boca para agradecer a ajuda mas o elfo havia desaparecido na mata.

Ao chegarem a Duaspedras, os cinco foram direto para o Dragão Hébrio, a taverna da aldeia. Uma vez lá, pediram ao taverneiro que mandasse chamar Ben, o líder da comunidade.
Ben chegou com um sorriso nos lábios. Uma das filhas do taverneiro já havia falado sobre a cabeça do dragão verde que os aventureiros haviam trazido consigo.

"Excelente trabalho! Seremos eternamente gratos por esse feito!" Disse Ben enquanto admirava a cabeça morta do monstro.

"Sim, esse dragão não vai mais devorar ninguém." Respondeu Soveliss.

"Mestre Ben, se não se importa..." Começou a dizer Arannis

"Sim, claro, a recompensa de vocês. Não me esqueci." Interrompeu o prefeito

"Não é isso. Queremos descansar um pouco e depois falar com Nimus." Respondeu o eladrin.

"Isso pode ser arranjado. Descansem heróis. Falarei com o velho resmungão. Amanhã cedo virei buscá-los."

Durante a noite, Keyra resolveu mexer nas coisas da elfa. Encontrou algumas moedas de ouro e as roubou. Soveliss percebeu e achou estranho mas Keyra disse que estava fazendo um teste. Adrie, sem deixar que Keyra soubesse, havia percebido tudo. Keyra e Adrie conversaram sobre o acontecido depois. Keyra deixou claro que queria saber se Adrie era de confiança. A elfa disse que não havia necessidade de furtar as moedas, até porque ela nem tinha utilidade para isso.

Depois de um merecido descanso no Dragão Hébrio, os aventureiros encontraram Ben, que os levou até a cabana do velho Nimus. Eles levaram a cabeça do dragão para provar seu valor, mas não sem prometer ao dono da taverna que a cabeça seria usada como ornamentação do Dragão Hébrio e como prova do grande feito do grupo.

Nimus os recebeu de uma forma menos grosseira. desta vez o alquimista deu mais informações sobre a Espada Rubra de Agrom-Vimak. Ele contou que Vimak foi um guerreiro poderoso mas que não haviam registros sobre sua tendência. Além disso, Nimus falou sobre as outras duas metades da espada. Uma delas, segundo Nimus, havia sido guardada num templo ao sul. Hoje, três mil anos depois, esse templo corresponderia às Ruínas Brancas, um lugar amaldiçoado a alguns dias de caminhada, na Floresta Castanha.

Depois de comprarem algumas poções de cura com o velho, os heróis partiram rumo ao sul, esperando encontrar a segunda parte da arma nas Ruínas Brancas.
Os dias passam longos, com neve, muita neve. Graças às habilidades de Adrie, o grupo consegue se deslocar sem muitos problemas. Um dia, pouco depois de amanhecer, os aventureiros se deparam com um pequeno vale onde uma grande caverna com carcaças de grandes animais na frente chama a atenção deles. Um enorme ogro, sentado numa pedra, devora a perna de um alce. Adrie percebe um arco élfico quebrado perto da entrada do covil e, transformada em rato resolve investigar. A druida entra na caverna e encontra dois enormes lobos negros, do tamanho de cavalos, roendo os ossos de um homem morto.

Adrie retornou até seus companheiros e contou o que viu. Depois de muito ponderar, os aventureiros decidiram contornar o vale e continuar para o sul. Horas depois, no início da noite, uma nevasca começou. Adrie encontrou três grandes árvores que serviriam como refúgio. Ajudada por Arannis e Medrash, a elfa conseguiu fazer dois abrigos com galhos e folhas. Não era muito mas ao menos o grupo estava a salvo de morrer congelado.

Era noite e o vento rodopiava forte enquanto mais neve caía sobre os abrigos. A pequena fogueira mal aquecia os aventureiros, Kubik e Bahamut. Adrie estava transformada em lobo e era Medrash quem mantinha a guarda. Em meio ao som uivante do vento, algo chamou a atenção do dragonborn. Três silhuetas se pronunciavam perto do acampamento. Pareciam humanóides mas estavam parados, em silêncio, olhando para os heróis.
Medrash levantou-se enquanto acordava Adrie e Arannis. O dragonborn gritou, ordenando que os três homens se identificassem mas não teve resposta. Então, subitamente, mãos geladas destruíram o abrigo onde Keyra e Soveliss dormiam e agarraram a meio-elfa, puxando-a para trás.

As mãos da criatura eram azuladas e uma aura congelante emanava de seu corpo. Keyra desvencilhou-se da criatura e então viu que era um homem congelado, morto. A criatura gemeu enquanto suas garras geladas se aproximavam do corpo de Keyra. Ela sacou a espada e enfrentou o morto-vivo enquanto outro aparecia logo atrás dela.

Os três outros mortos-vivos atacaram Medrash e os demais. Cada vez que se aproximavam dos heróis, os cadáveres congelados pareciam esfriar ainda mais o ar em torno deles. Olhos vidrador e mão com garras vinham na direção dos aventureiros que lutavam desesperadamente, tendo sido pegos de surpresa.
Arannis sofreu um ataque terrível das garras geladas dos monstros e revidou invocando o poder de Avandra. A lâmina de sua espada brilhou como o sol enquanto cortava a carne morta das criaturas. O primeiro monstro estava caíndo mas antes de ser destruído explodiu, arremessando cristais de gelo em todas as direções. Os cristais cortaram a pele de Arannis e Adrie, que, transformada em lobo mordia o braço gelado de outro morto.
Foi um combate difícil mas no fim, cansados, cortados e com frio, os heróis conseguiram descansar o resto da noite.

Várias horas se passaram. A nevasca parou mas os aventureiros sentiam grande dificuldade em caminhar com o terreno difícil de neve até os joelhos. Todos menos Adrie e Medrash. A elfa caminhava sem dificuldade, pisando em lugares seguros e andando sobre a neve sem afundar muito. O dragonborn fazia o mesmo não por ter essa habilidade mas graças às botas mágicas que usava. Depois de algum tempo, os aventureiros chegaram a uma clareira onde encontraram ruínas em meio à neve. As pedras eram quase tão brancas quanto o manto do inverno.

Não demorou para que Keyra encontrasse a entrada das ruínas. Um portal com inscrições feitas numa língua esquecida. Ao lado da porta, um conjunto de runas chamou a atenção de Soveliss que sorriu ao descobrir que eram parte de um ritual. O mago invocou o poder das runas que brilharam e em seguida uma boca mágica se materializou no ar. A boca falou na língua comum: "Há somente morte neste lugar. Cuidado."

Medrash e Arannis iam à frente, seguidos pelos demais. Adrie estava transformada em gato e caminhava ao lado de Keyra e as duas eram seguidas por Soveliss com Bahamut no ombro e Kubik ao lado.
A cripta era escura, muito escura. Estranhamente, o bastão solar que eles carregavam não iluminava muito. As paredes do lugar eram antigas e haviam muitos escombros no caminho. Então, Keyra encontrou um corredor que levava até uma escada de pedra que descia. A ladina se preparava para avisar o grupo quando figuras terríveis surgiram na escuridão.

Três esqueletos levantaram-se dos escombros da sala de entrada, empunhando armas. Duas criaturas feitas de sombras atravessaram as paredes e atacaram. Um espectro surgiu também, saíndo do chão, ao lado de Medrash. Uma das criaturas de sombras parecia sussurrar algo que encheu os aventureiros de um sentimento ruim, pesado. Além disso, umaq criatura extremamente pálida. com garras negras e olhos vermelhos atacou Keyra perto das escadas.

Os mortos-vivos haviam chegado para defender seu túmulo amaldiçoado e os heróis estavam cercados...

Nenhum comentário:

Postar um comentário