quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Enquanto isso, ao sul de Ilíria

"São quinhentos. Não mais que isso. E não devem ser bem treinados. Eles não tiveram tempo." Disse o meio-elfo de cima de seu cavalo. "Mande mensageiros até a rainha." Completou

"Sim senhor!"Respondeu um humano montado num cavalo mais leve e carregando pouco equipamento

O batedor empinou seu cavalo e desceu pela colina, passando pela coluna de homens e animais que subia. O estandarte de Ilíria, as asas brancas sobre um fundo azul-escuro, estava em toda parte. A coluna era constituída por mil guerreiros treinados.

O meio elfo continuou olhando para o sul. Era um dos capitães de Ilíria. Sua cota de malha era azulada, feita com técnicas eladrins pelos melhores armeiros do reino. Usava uma túnica negra por cima da cota, com o brazão real, e sua capa era azul-escura e cobria o dorso de seu cavalo de batalha. Levava uma lança consigo e o elmo pendia da sela, coroado por asas de prata. O capitão espantou uma mosca e puxou os longos cabelos loiros para trás. Lhe faltava uma orelha e uma longa cicatriz marcava seu rosto com traços élficos. Seu nome era apenas Linch mas era conhecido como Lorde Linch o Rápido há muitos anos.

Não demonstrava mas estava preocupado. O que teria feito os sulistas atacarem tantas aldeias ao sul? O que estaria trazendo a guerra a Ilíria? Não importava. Ele estava lá para cumprir seu dever e morrer por sua rainha.

Abaixo, ao sul, um exército de quinhentos homens aguardava sobre uma colina similar, do outro lado do campo que logo estaria coberto de homens gritando e aço chocando-se com aço em meio a bolas de fogo e raios. Os sulistas eram guerreiros selvagens, até onde se sabia. O último confronto entre Ilíria e os reinos do sul havia acontecido há mais de cinquenta anos e o máximo que os dois povos viam eram pequenas escaramuças aqui e ali. Era diferente agora. Os 'selvagens' estavam organizados e em grande número. Ainda assim, em menos número que as forças de Ilíria que vinham acompanhadas por duas hostes de mercenários recrutados nos últimos meses.
No entanto, mesmo com a disparidade, os sulistas tocavam seus tambores e trombetas entre lanças e estandartes que tremulavam à luz do sol daquela manhã.

Um cavaleiro destacou-se da coluna nortista e subiu rapidamente pela colina, alcançando o topo em pouco tempo. Montava um corcel branco, armado para a batalha e carregava uma lança. Usava armadura de placas completa mas feita sob medida, de forma a não restringir seus movimentos como as pesadas armaduras de alguns dos cavaleiros de elite da rainha. Não usava o brazão real mas o símbolo de Avandra. Sua capa era vermelha com detalhes em prata e seu elmo era fechado mas longos cabelos negros podiam ser vistos caindo sob a proteção.

"Eles estão animados." Disse uma voz feminina dentro do elmo

"Estão. Nós também."Respondeu Linch

"Espero que sim. Os deuses vão nos dar uma boa vitória hoje."Disse a mulher retirando o elmo "Eu vi isso. Eu sei que vão."

"Espero que sim Lady Ortankler. A rainha também." Disse Linch cuspindo para o lado oposto à mulher

"Sou uma paladina de Avandra, Lorde Linch. Mas nos conhecemos desde que eu era uma criança. Pode me chamar pelo meu nome. Yalin." Disse a jovem sorrindo

Linch virou-se por um instante e a encarou. Seu sorriso era lindo. Lindo e reconfortante. Yalin Ortankler era membro de uma ordem de paladinos de vários deuses e era uma guerreira formidável. Porém, Linch ainda olhava para ela e enxergava a pequena Yalin, que corria pelos pátios da casa de seu primo, Menehan Ortankler.

"Yalin você é em Ilíria, garota. Aqui você é Lady Ortankler, paladina de Avandra, guerreira de Ilíria e flagelo desses sulistas fedorentos." Disse ele

"Sempre resmungando, 'Tio Linchiiii." Disse ela rindo e seu riso fez com que Linch esboçasse um meio sorriso

"Qual é o plano?" Perguntou a paladina

"Simples. Arqueiros destroem os bárbaros. Se eles avançam, nós destruimos os bárbaros debaixo dos cascos dos cavalos."Disse o capitão

"Duvido que a rainha ache nossa vitória tão fácil assim só por causa dos números. Eles têm magos de guerra. Nós temos alguns magos. Além disso, nossa retaguarda vai ficar descoberta contra a cavalaria deles que está subindo a colina oeste." Disse a jovem apontando naquela direção

"Por isso é que vamos jogar os mercenários na vanguarda, depois da chuva de flechas. Nós vamos cuidar da retaguarda." Disse Linch cuspindo de novo

"Podemos mesmo confiar em mercenários? Soube que muitos deles são de outros reinos e não de Ilíria." Perguntou Yalin

"Não podemos. Mas logo vamos descobrir. Não é?" Arrematou ele virando-se sobre a cela para ver os homens de Ilíria que começavam a tomar a colina. "Vamos ter um belo banho de sangue."

O enorme exército enviado por Ilíria tomou o horizonte. Estava no alto do campo de batalha e os estandartes azuis tremulavam por toda parte. Os mercenários estavam apinhados no flanco direito, com um estandarte vermelho que indicava que não pertenciam ao exército regular.
Durante duas longas horas, cavalos e homens se posicionaram sobre as colinas enquanto os sulistas apenas aguardavam.

Subitamente, uma corneta de osso ressoou na planície abaixo e uma biga de guerra saiu da formação sulista, indo em direção ao centro do campo de batalha. A biga escura era puxada por dois cavalos negros e tinha uma escolta de dois homens a cavalo.

"Está na hora de falarmos das mães deles, garota."Disse Linch "Onde diabos está Barun?"

"Estou aqui seu meio-elfo barulhento de meia-orelha."Disse um cavaleiro alto montando um cavalo negro com armadura veremelha "Desculpem a demora mas tive que parar com meus homens para me aliviar."

"Você quer dizer, beber e comer quase tudo o que eles tinham naquela estalagem na estrada." Resmungou o meio-elfo

Lorde Barun era o senhor da aldeia de Barun e um dos nobre de Ilíria que fora com o exército enfrentar os sulistas. Além de ser membro de uma das casas influentes do reino, era um dos cavaleiros mais experientes que Linch conhecia. Havia sido um aventureiro, depois um mercenário e até havia matado um dragão em sua juventude. Estava velho e barrigudo mas ainda era um homem enorme. Sua armadura era vermelha e ele usava o brazão real pintado nas ombreiras mas ostentava o próprio, no peito. Era um leão vermelho sobre um sol dourado. Barun tinha cabelos curtos e brancos e sua barba era curta. Tinha várias cicatrizes e carregava consigo duas espadas curtas e um enorme martelo de batalha que brilhava com runas anãs.

"Lady Ortankler, sua cavalaria vai esmagar sulistas depois que eu destruir a vanguarda deles?" Perguntou sorrindo

"Esperemos que nao seja necessário, Lorde Barun. Bem vindo."

"O plano é simples Barun. E vamos mandar os mercenários na frente. Se quiser se juntar a eles, por mim tudo bem." Disse Linch

"Certo, certo. Hey Linch. Está na hora de xingar as mães deles. Mandaram alguém." Disse Barun esporeando o cavalo. Os dois o seguiram


O líder sulista estava sobre a biga. Era um humano alto e bastante musculoso. Não usava armadura e tinha os braços nus, cobertos por tatuagems. Seu rosto estava pintado com tinta branca e sua pele bronzeada era marcada por cicatrizes. Levava consigo uma única arma, uma espada de lâmina negra que pendia da cintura. Um guerreiro com a aparência menos imponente guiava a biga e os dois cavaleiros que o seguiam usavam cotas de malha e peles de animais dourados com pintas negras. Os cavalos não tinham armadura.

"Vocês trouxeram todo seu exército para morrer aqui?" Perguntou o general

"Vocês também?"Retrucou Barun

"Nós vamos vencer. Nossos deuses vão vencer. Nós temos aliados fortes." Disse o sulista "Vocês não têm aliados. Vão morrer aqui e vamos pegar suas terras, suas mulheres e fazer seus filhos limparem nossa sujeira. Vamos pegar essa mulherzinha de capa vermelha e sua rainha."

"Vocês não saberiam o que fazer com nossas mulheres. Só sabem lidar com cabras."Respondeu Linch sem demonstrar sua irritação

"Vamos matar sua rainha mas só depois que o Guerreiro Vermelho acabar com ela."Continuou o general

"Vocês têm quinhentos homens. Nós temos mil. Vocês podem retornar agora, pagar pelos estragos feitos a Ilíria e voltar para suas terras fedorentas cheias de insetos e pântanos. Minha rainha nunca os atacou." Disse Linch interrompendo-o

"Ah...sua rainha. Ela vai perder a coroa. O Guerreiro Vermelho vai tomá-la. Nós vamos festejar e Bane, Bane será homenageado com centenas de mortes nesta conquista." Disse o general rindo

Os cavaleiros que o acompanhavam riram com ele.

"Meu martelo na sua fuça, porco. É isso que você vai ver."Disse Barun

"Então vamos lutar, velho gordo."Disse o general gargalhando "Vamos lutar e vou comer seu coração no fim da noite.

"Estamos entendidos então. Até logo, bárbaro."Disse Linch virando o cavalo

Os sulistas continuaram gargalhando enquanto os três cavaleiros subiam de volta até a colina.

"Guerreiro Vermelho?"Perguntou Barun

"Agrom Vimak...parece que é assim que o chamam. Dizem que é ele quem lidera os sulistas." Respondeu Yalin

"Seja lá ele quem for, vai ter que tomar Ilíria com cadáveres. Pois hoje vamos destruir esses sulistas."Disse Linch

Gritos vindos do exército inimigo chamaram a atenção dos três. Os sulistas comemoravam enquanto seu chefe retornava para suas fileiras e um grupo de feiticeiros avançava, conjurando magias que desenhavam glifos estranhos à frente do exército. Então, uma trombeta tocou no leste e um terceiro exército surgiu.

Centenas de lanças surgiram de um bosque e logo cobriram as colinas. O enorme e imponente exército de Ilíria estava agora reduzido diante dos mil homens que haviam chegado. Eram sulistas, hobgoblins e até mesmo alguns gigantes. Além disso, um grupo de homens impelia soldados mortos, esqueletos animados que avançavam sem fazer barulho.

"Em nome de Bahamut..."Disse Linch com os olhos arregalados "O que...o que é aquilo?"Disse apontando para uma figura bizarra que cortou as fileiras inimigas, surgindo adiante.

Era um cavaleiro. Sua armadura era vermelha como o sangue e sua capa negra como a noite. As ombreiras tinham longos espinhos vermelhos que pareciam brilhar com feixes de fogo. Tinha um elmo fechado, com um crânio negro de cujos olhos saíam chamas. Seu cavalo era um monstro. Um pesadelo. Um enorme corcel negro com crina de fogo demoníaco.

O cavaleiro empinou a criatura que relinchou como um demônio, sacou sua espada e com o som de um trovão, a lâmina irrompeu em chamas.

"O guerreiro vermelho..."Pensou Yalin enquanto beijava o símbolo sagrado de sua divindade

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Biografias: Murmur

Raça: Goliath
Classe: Battlemind
Jogador: Pablo








"Você tem certeza que quer ir embora, Vaicon?"

"Tenho, Skivil. E agora me chamam de Murmur, mana." O Goliath passava a mão distraidamente nas manchas da velha mesa de jantar onde tomara café-da-manhã durante sua infância enquanto respondia. Não havia animosidade por sua irmã usar, novamente, seu nome de infância, apenas uma paciência que parecia infinita.

"E por que é mesmo que te chamam assim?" Skivil mantinha o cenho fanzido enquanto fazia as perguntas para seu irmão. Sua expressão só se amainava quando olhava para o canto da sala, para o pequeno Goliath que dormia sobre um tapete do chão. Quando ela sorria, mostrava os dentes de prata que seu irmãozinho pagara para substituir os que Tarvalat quebrara.

Murmur suspirou antes de contar a estória novamente. "Foi durante meus anos de serviço a Tanstalaha. Viajamos com muitos aventureiros diferentes e começaram a me chamar assim porque eu falava pouco e, quando falava, não levantava a voz. Você sabe que eu gosto de entender as coisas antes de começar a falar, gosto de avaliar a situação. E quando se está rodeado de humanóides pequenos e frágeis, aprende-se a mover-se com cuidado, pegar as coisas com cuidado e falar suavemente."

"Tá certo. E é para esse mundo que você quer voltar? Só faz dois anos que você voltou. Você não quer estar aqui para ver o Maigai se tornar um homem?"

"Eu volto Skivil, eu prometo. Eu quero ver o Maigai virar um homem, mas quero ter histórias para contar para meu sobrinho. Quero conhecer Ilíria. Você acredita que em cinco anos de peregrinações nunca visitei aquela cidade? Quero enfrentar - e derrotar! - um dragão. Quero cruzar o mar e encontrar um tesouro de piratas."

"Você é uma criança, Vaicon!" Skivil protestou mais alto, mas sem amargura, apenas um leve sorriso tolerante para o irmão que ajudara a criar.

"É Murmur," o jovem repetiu pacientemente e com um sorriso largo ao imaginar suas aventuras futuras.

"Você está indo encontrar Tanstalaha?"

"Não!" O nome drenou toda tranquilidade de Murmur de uma vez. "Eu já te disse que não quero nada com ela. Eu não tive nada com ela, apesar do que você acha. Já falei isso várias vezes. Ela me ensinou o Caminho, apenas. Ela era minha instrutora. Ela tinha mais de cinquenta anos, Skivil!"

"Sei! Ela era uma Meia-Elfa. Se fosse humana, não pareceria mais de vinte e dois. Você sabe que sempre tem algum homem caçando uma elfa bonita, mesmo se ela for octagenária. É um absurdo essas mulheres não aparentarem a idade. E aquela Tanstalah era bonita, não tem como você negar."

"Ela era linda, sim. Mas era fria. E traiçoeira. Não sei se eu volto a confiar em alguém com sangue de fada um dia. Eu precisei da ajuda dela e confiei nela. Servi como combinado por anos, mas no fim ela me traiu, Skivil."

"Você disse que não tinha certeza."

"Não tenho certeza, é verdade. Mas meu instinto me diz que ela me traiu. E eu tenho os buracos de memória. Ainda não sei direito o que aconteceu no Feywild. Não sei como desapareceram as memórias."

"Dizem que tem fadas que compram ou roubam memórias."

"Sim, e eu sei," Murmur falou com uma certeza assutadoramente fria, "que um psiônico habilidoso pode fazer o mesmo."

Skivil sentiu um calafrio ao ouvir aquilo. Ela não queria que seu irmãozinho saísse de Skan novamente. Ela o queria por perto, ajudando, protegendo e sendo guiado. Mas quando ele a lembrava dos aspectos mais sórdidos de seu treinamento, ela sentia receio de o deixar perto do filho. O olhar que ela lançou para o pequeno Maigai, deitado no tapete com um polegar na boca, não foi de tranquilidade, mas de medo.

"Eu não queria voltar no assunto, Skivil, mas eu precisei dela. Quando ninguém mais acreditava em mim, Tanstalaha confiou, acreditou, investiu."

"Eu acreditava em você, Vai. Eu achava que você ia ser grande."

"Um grande aprendiz de cervejeiro, né? Eu não queria ser cervejeiro, nem coureiro como o papai. Eu queria ajudar Skan, lutar na muralha, coordenar tropas ou, no mínimo, vasculhar os arredores além dos portões com os Wardens e Rangers. Eu queria um trabalho do qual um Goliath pode se orgulhar." Murmur se recordava, com amargura, de suas diversas tentativas de se demonstrar digno de ser membro da guarda. Quantas provas ele fizera, quantas manhãs dedicara a correr em torno da cidade, ouvindo histórias de tática militar, tentando aprender os nomes de bichos e plantas. Mas nada fora o suficiente. Murmur - Vaicon, na época - era fraco demais, lento demais e desajeitado demais para ser um guerreiro, um Warden ou um Ranger. Nem como oficial - Warlord - ele servia. Vaicon não era pouco inteligente, mas faltava-lhe conhecimento e uma mente ágil. Suas únicas qualidades, na época, eram sua determinação e resistência. "Tanstalaha me conheceu no Barril, quando eu estava fazendo uma entrega de cerveja. Ela tinha paciência e era uma excelente ouvinte - os Meio-Elfos têm essa fama - e demonstrou interesse pelos meus problemas." Era claro que Skivil achava que havia mais que aquilo na história, mas não se atreveu a interromper o irmão. "Tansalaha me convidou a segui-la como aprendiz. Eu tive muitas dúvidas-"

"E aceitou! Partiu no meio da noite, sem se despedir!"

"Eu deixei uma carta, Skivil," disse Murmur em tom de desculpa.

"Uma carta que papai não sabia ler. Eu tive que ler para ele e ele não quis acreditar. Li três vezes para ele na manhã seguinte. E de novo e de novo a cada dia que você não veio por uma semana. E depois novamente a cada semana. No seu aniversário, todo ano, eu li a carta para papai."

"Eu não vou fazer isso de novo. Por isso estou conversando com você aqui hoje à noite."

"Para que eu conte para papai amanhã de manhã que você partiu de novo e que não se sabe quando você vai voltar?"

"Não, eu mesmo vou falar com ele amanhã." Mas, pensou Murmur, ele não vai ser tão difícil como você. Murmur sorriu para a irmã em silêncio, esperando que ela acreditasse. "Eu precisava ir daquela vez," uma pausa. "E preciso ir novamente. Daquela vez era para encontrar meu caminho - para deixar que Tanstalaha me ensinasse o Caminho - e dessa vez é para trilhar o caminho que encontrei."

Skivil olhou para o irmão e tentou conciliar o que ela via com o que sabia que estava ali. Desde muito cedo Vaicon desejava a honra de proteger Skan, de empunhar uma lança e vigiar a muralha da cidade. Mas seu irmão parecia - sempre parecera - terrivelmente inapropriado para tal serviço. Seu rosto era aberto e simpático, sorrindo facilmente para os amigos, não tinha nada da brutalidade da guerra. Ele era pequeno - muito pequeno - tendo sido criado em um dos períodos mais difíceis que a família encontrara, magro - seco! Skivil lembrava do irmão chorando ao voltar de alguma prova para ingressar na guarda, não tendo conseguido passar das primeiras eliminatórias, incapaz de escalar tão rápido quanto os outros, incapaz de arremessar uma lança suficientemente longe, incapaz de carregar um companheiro ferido por longas distâncias. Para os avaliadores, não era suficiente que ele aguentasse uma noite inteira de exposição ao frio, sem dormir, que corresse toda manhã por duas horas ou que podesse se abster de água e comida por mais tempo para compartilhar com os companheiros, era necessário ser resistente e forte.

A despeito da aparência - e das lembranças - Vaicon se tornara um defensor mais que qualificado. Skivil não queria pensar demais no que a Meio-Elfa lhe ensinara - nem como - mas ela sabia que Vaicon aprendera a buscar forças dentro de si, de moldar o próprio corpo e a dobrar a realidade. Sua irmã o vira levantar uma carroça carregada para ajudar um cliente de seu pai. Com alguns instantes de concentração os braços magros incharam com músculos que não estavam aparentes segundos antes, suas costas se alargaram, sua pernas chegaram descosturar um pedaço da calça que usava. Após o intante de auxílio, Vaicon parecera encolher e voltar a ser o garoto desengonçado que ela lembrava. Aquilo a assustara. Não era natural, não era uma dádiva dos espíritos nem fruto do trabalho duro. Parecia alguma feitiçaria malsã, mas Skivil sabia que era pior, eram aqueles truques insidiosos que Tanstalaha lhe ensinara. Skivil sabia que seu irmão não estava totalmente corrompido, sabia que ele ainda era bom. Ele era prestativo e honesto. Gostava de ajudar e nunca abusava daquela força formidável que ele era capaz de invocar de dentro de si. Na verdade, Skivil só o vira usar violência uma única vez. Apenas quando foi buscá-la na casa de Tarvalat. Skivil ainda não sabia o que sua irmã e seu pai tinham dito para Vaicon, mas ele chegou à casa vermelho, com as veias pulsando. Ele tentara manter-se calmo e composto, mas Tarvalat o desafiara, se recusara a atender às suas exigências. Vaicon tinha decidido que ela não ficaria mais vivendo em cativeiro com o marido - um bruto violento - com o filho como refém. Skivil, na época, não sabia bem se queria ficar ou ir, mas quando ela viu Tarvalat atiçando Vaicon e depois desafiando-o, dizendo que era muito pequeno para tentar qualquer coisa, ela vira Vaicon invocar essa energia que ele têm dentro de si, crescer, inchar e mover-se em direção ao marido. Na verdade, Skivil não vira Vaicon mexer, apenas o vira levantar o punho ainda longe de Tarvalat, no próximo instante, ele já estava a menos de um metro de seu estatuesco marido e desferindo o soco com os nóduos dos dedos diretamente na garganta de um dos guardas do portão. Tarvalat não se levantou até que Skivil tivesse pego todos seus pertences, embrulhado Maigai em um cobertor e acompanhado um Vaicon encolhido e silencioso até a casa da família.

"Está certo," Skivil concede finalmente. "Eu não posso segurar você aqui. Para onde você vai? Você já sabe?"

"Não, não sei. Vou sair. Pegar a estrada e procurar meu rumo."

"Você não quer esperar alguma caravana saindo para acompanhá-la?"

"Skivil, você sabe quão poucas caravanas saem de Skan. Seria uma boa oportunidade, é claro, mas não quero esperar. Queria sair amanhã ou depois ao mais tardar."

"Você vai viajar sozinho?" Skivil pergunta, incrédula. "Você não pode viajar sozinho, Vai! As montanhas são muito perigosas. A gente ouve cada história mais terrível que a outra. Orcs! Dragões!"

"Eu não vou viajar sozinho sempre, mana. Não é seguro. Todo mundo sabe. Mas talvez, no começo, eu viaje um pouco sozinho."

"Para que tanta impaciência irmão?"

"Skivil, não é impaciência. Eu passei muito tempo pensando nisso. Eu tracei uma rota, anotei a frequência dos ataques. Se ninguém for cutucar Daelvar ou os orcs, eu tenho como evitá-los. De qualquer forma, eu acho que vou para o Sul."

"Sul?" Skivil perguntou, desconfiada.

"Sul! Tem muita coisa no Sul. Não é só a terra da Tanstalaha. Será que você pode parar de achar que tudo se resume a ela?"

"Está certo."

Murmur sente a tensão no ar. Skivil ainda está nervosa. Ainda está pensando em Tanstalaha. Como fazê-la entender que ele não quer nunca mais ver aquela mulher? A Meio-Elfa era praticante da filosofia do Caminho e da Vontade, uma arte incomum, quase desconhecida, de meditação e auto-conhecimento que permitia a alguns poucos dotados do potencial, força de vontade e dedicação a desvendarem aspectos de suas mentes que permitiam-lhes dominar o próprio corpo e mente assim como o espaço ao seu redor, o tempo e até corpos e mentes alheias. Ela aceitara - ela propusera? - tomar Murmur, ainda chamado de Vaicon, como aprendiz em troca de serviços. Por três anos Vaicon viajou com a meio-elfa, servindo como aprendiz, isto é, limpando armas, pondo a sela em montarias, escovando os cavalos, carregando água, vigiando a entrada de tavernas e cavernas, traduzindo, anotando, cozinhando e costurando. Mas Tanstalaha fez o que prometeu e treinou Vaicon corretamente, ensinando-lhe a usar sua paciência e determinação de forma transcendente, de ter uma fé tamanha em sua habilidade que a realidade se dobrava a ela. Vaicon aprendeu que, com suficiente convicção, não era preciso velocidade para escorregar sua espada na falha da guarada de um oponente, nem de força para girar o machado com tal força que o escudo de um adversário, bastava determinação, paciência e resistência o suficiente para deixar os golpes choverem sobre sua couraça até que uma brecha se apresentasse ou que o adversário fraquejasse.

Depois da iniciação, Vaicon ainda serviu Tanstalaha por dois anos como pagamento pelo treinamento. Foram muitas aventuras e muitos riscos - alguns desproporcionais - por poucas recompensas (concedendo 80% de seus ganhos àquela que o treinou). Vaicon parou de carregar água e cuidar dos cavalos para pular na frente de crocodilos feéricos, agarrar demônios de espiral rúnica e distrair orcs ferozes. Ao final do período, os caminhos de Vaicon e de Tanstalaha se separaram e não em bons termos. Uma visita ao Feywild levou-os a uma emboscada organizada por Fomori e Vaicon teve razões para acreditar que sua instrutora o levara a encarar a emboscada propositalmente. Ele chegou a entrever Tanstalaha fugindo com o tesouro dos Fomori, conscientemente deixando-o para trás. O jovem Goliath só escapou da cilada por pura sorte e a muito custo. Ao voltar para o mundo físico, ele decidiu que aquela emboscada reduzia seu tempo de serviço em três meses e ele já estava livre. Não procurou Tanstalaha e não sabe como reagiria se a encontrasse novamente.


Após cinco anos de ausência, Vaicon retornou a sua cidade natal como um Goliath mudado. Ao longo de suas viagens, o jovem adotara o nome, Murmur. Ele não tinha mais a insegurança e sede de aceitação de sua juventude. Murmur foi aceito na guarda da muralha sem muito esforço, um posto que almejara por toda a infância, mas a aceitação em sua família não foi tão simples.


A família de Vaicon não estava tão feliz em receber Murmur quanto ele esperava. Aqueles anos todos sem o apoio do filho foram anos difíceis para seu pai e duas irmãs. A mãe falecera no segundo inverno após sua partida e o dote para a irmã mais velha fora pouco e implicara em um casamento desastroso. Ademais, Murmur não voltou nem com tanta fama ou fortuna quanto prometera. O primeiro ano após seu regresso foi difícil para Murmur, lembrando-lhe as dificuldades por aceitação que Vaicon sofrera junto aos jovens membros da guarda. Com muito esforço e dedicação, no entanto, os olhares hostis se tornaram mais amigáveis, Murmur ajudava a pagar pela criação do sobrinho que agora vivia na casa do pai do Goliath, ajudara a consertar a oficina do pai após um incêndio e participara dos esforços de arrecadação de recursos para o dote do casamento de sua irmã mais nova.

Para tentar apaziguar a irmã, ele muda de assunto e a faz falar.

"Sobre os orcs, o que mais você ouviu?"

"Ouvi dizer que o rei, o próprio Olmor II, está preocupado. Muitas vilas foram atacadas, muitos escravos foram levados."

"É lamentável, irmã, mas orcs fazem isso mesmo. Atacam, pilham e, de vez em quando, levam um ou outro prisioneiro."

"Dessa vez é diferente. São muitos ataques e muitos prisioneiros. Dúzias. Centenas talvez."

"Centenas, Skivil? Isso é impossível. Mesmo dúzias seria improvável. Seria necessário muita organização, muita coesão entre os orcs para fazer ataques desse tipo. E os orcs lutam tanto entre si quanto conosco."

"Foi o que eu ouvi."

"Se for verdade, a situação é mais séria. Mas não deve ser assim. Bom, se isso pode fazê-la sentir-se melhor, eu prometo perguntar a respeito amanhã. Se estiverem mesmo acontecendo esses ataques incríveis, não vou deixar Skan em um momento de necessidade como esse. Prometo ajudar, pode ser? Fico até resolver o problema dos ataques de centenas de orcs."

Murmur sorri, achando que encontrou uma tarefa fácil de resolver - imaginária até - antes de partir, para poder deixar a cidade com as bênçãos da irmã. Skivil sorri de volta, acreditando que encontrou uma tarefa impossível - infinita até - para Vaicon resolver antes de deixar a cidade.

Os Orcs, a Chuva e Karrak-dur, o dominador

A Ordem da Liberdade e os Irmãos de Sangue haviam contornado a enorme montanha que fora o domínio do dragão Daelazar e haviam penetrado nas terras selvagens do norte. Sabiam que encontrariam vilarejos e que orcs perambulavam livres por aquela região. Dois dias atrás, haviam escolhido o caminho noroeste uma vez que Adrie eCarric, o ranger dos Irmãos de Sangue, tinham encontrado um acampamento orc na trilha ao leste.

O caminho rochoso circundando as montanhas era lento e traiçoeiro e, como se não bastasse, começou a chover logo no primeiro dia de viagem. No início, a chuva era apenas uma garoa suave. Porém, horas depois era uma verdadeira tempestade. As capas estavam encharcadas e os cavalos relutavam em seguir naquele tempo. Carric então encontrou uma gruta ampla onde poderiam abrigar-se.
Os nove aventureiros alcançaram o lugar que era mais uma reentrãncia na montanha, com uma pequena gruta no fundo. O teto alto dava cobertura contra a chuva para eles e as montarias e era possível fazer uma fogueira sem maiores problemas.

Adrie usou um ritual e invocou espíritos da floresta que ajudaram a montar um acampamento confortável. Os nove se acomodaram. Kraig bebia e fazia piadas, como sempre. Soveliss observava Damara a distância. Arannis conversava com Ecniv. Carric estava isolado e falava apenas com Adrie, cuja companhia ele parecia apreciar. Linfur, sempre isolado, se mantinha de olho na vegetação fora da caverna, que era assolada pela tempestade. Keyra estava perto de Arannis e estava pensativa. Observava, prestando atenção às palavras de todos no grupo.

"Deviamos ver o que tem lá dentro." Disse Keyra no ouvido de Arannis "Não sei se é seguro ficarmos de costas para uma caverna desconhecida."

"Concordo. Vamos lá."Disse o paladino levantando-se e pegando uma tocha de luz infinita na mochila

Os dois entraram na pequena caverna e Soveliss andou rapidamente para alcançá-los. Ecniv apenas coçou a barba e observou enquanto os três desapareciam caverna adentro.

Arannis, Soveliss e Keyra caminharam pelo túnel, atentos. Era um túnel estreito e não muito longo e rapidamente chegaram a uma pequena caverna. Havia um outro túnel que havia entrado em colapso há muito tempo. Keyra notou um esqueleto. Usava uma boa armadura que Soveliss percebeu ser mágica. Enquanto Arannis e seu irmão tiravam os restos de osso de dentro da armadura, o crânio rolou pelo chão e então uma voz ressou nas cabeças dos três.

"Ah finalmente! Finalmente alguém veio me tirar daqui!"

"Em nome de Avandra, quem..."Disse Arannis

"Quem?! Como ousa criatura inferior?! Como ousa não reconhecer Karrak-dur, o dominadooooor?!" Questinou a voz na mente dos aventureiros

"Er...quem?"Perguntou Keyra, olhando ao redor, em busca da origem da voz

"Maldição! Sempre sou encontrado por mentes inferiores. Esse último infeliz ainda morreu numa armadilha orc. Sou Karrak-dur, o dominador, mestre de centenas de escravos, destruidor de nações, mente sobre a metéria, a mente mais poderosa que já existiu! E estou preso numa tiara..." Disse a voz

Soveliss pegou a tiara presa ao crânio do morto e percebeu tratar-se de um objeto mágico de poder considerável. "Irmão, esta tiara parece ser muito poderosa, eu poderia..."

"Sim! Sim! Finalmente alguém com atitude! Me use e me tire desta escuridão! Juntos seremos invencíveis! Você me servirá bem e será bem recompensado, eladrin!" Disse Karrak-dur

"Espera. Não. Isso pode querer te dominar. Não vamos fazer nada disso."Disse Arannis preocupado

"Olha, eu acho que poderiamos deixar esse imbecil esquecido aqui mesmo."Disse Keyra

"Mas...mas...eu posso usar a tiara e tirar vantagem disso."Disse Soveliss

"Isso! Muito esperto, até mesmo para uma mente inferior."Disse Karrak-dur

"Pára! Que coisa insuportável! Deixa logo essa porcaria aí!" Interveio Keyra, já levantando a voz

"O que está acontecendo aqui?" Disse Ecniv entrando pelo túnel

"AAAAH! Talvez você seja mais inteligente do que estes inferiores!" Disse Karrak-dur

Arannis levou as mãos à cabeça.




"Vocês demoraram. O que aconteceu?" Perguntou Damara quando os quatro finalmente saíram da gruta.

"Melhor nem saber." Resmungou Arannis

"Nada demais. Contamos depois."Disse Ecniv sorrindo enquanto apalpava sua bolsa mágica, onde havia enfiado a tiara megalomaníaca.



No dia seguinte, os aventureiros seguiram viagem, mesmo com a chuva constante. Alcançaram uma aldeia abandonada onde viram sinais claros de ataque por parte ados orcs. Muitos ossadas de moradores da aldeia e casas semidestruídas. Arannis fez uma oração pelas pessoas mortas e estava noitecendo quando Carric avistou uma patrulha orc. Os aventureiros já tinham decidido acampar na aldeia e os cavalos estavam dentro de uma casa de teto mais alto. Então, aproveitando a surpresa, a Ordem da Liberdade e os Irmãos de Sangue lutaram juntos pela primeira vez.
Não foi uma luta difícil e para os orcs foi o terror vindo da escuridão. Flechas cortaram o ar, adagas perfuraram carne orc e os gritos de batalha de Damara e Arannis ecoaram na noite chuvosa. Em minutos, mais de doze orcs estavam mortos e nenhum dos nove heróis estava ferido.

Por mais cinco dias de viagem, os nove enfrentaram patrulhas orcs com sucesso. Várias aldeias foram encontradas e a situação era a mesma. Centenas de pessoas haviam sido mortas ou levadas para longe de suas casas. A cavalgada era cansativa por causa da chuva que não parecia dar sinais de acabar. Finalmente, o grupo chegou a uma colina um tanto íngreme, coroada por um bosque de pinheiros. Carric pediu a todos que deixassem os cavalos e Kubik, o goblin, ficou encarregado de vigiá-los.

"Esta chuva não é natural."Disse Adrie baixinho enquanto caminhava ao lado do ranger, colina acima

"Tem certeza?"Respondeu Carric, sempre em élfico

"Eu fiz um ritual há dois dias. Para saber se iria chover. Os espíritos me disseram que não deveria estar chovendo."

Os aventureiros então chegaram ao topo da colina, onde Carric fez questão de pedir que todos engatinhassem. Rastejando, os nove heróis chegaram até a borda. Abaixo, um barranco de mais de quatrocentos metros terminava num vale rochoso onde, apesar da chuva forte, era possivel ver um enorme acampamento.

"Não chove no acampamento." Apontou Damara

"Isso sim é estranho." Completou Kraig

E era verdade. A chuva parecia circundar o enorme vale e seguir para o sul, de onde vieram os nove. Mas no centro, no acampamento, o sol brilhava. O grupo conseguiu ter uma leve noção da quantidade de orcs ali estacionados. Possivelmente mil soldados. Atrás do acampamento, a noroeste, havia uma enorme montanha, a qual foi facilmente reconhecida pelos heróis.

"É a base dos orcs. A montanha onde vimos Ogramum."Disse Arannis

Além do acampamento, o grupo percebeu o som alto de trovoadas. Porém, depois de um tempo, Adrie reconheceu o som. Eram ondas batendo. O mar do norte estava próximo. Carric disse que havia encontrado uma trilha que seguia a noroeste e foi por lá que o grupo seguiu, depois de reaver suas montarias.
Horas depois, à noite, os aventureiros alcançaram a trilha. À direita deles estavam as rochas altas que formavam a borda do vale dos orcs. À esquerda as falésias que tocavam o mar gelado do norte. Era um abismo longo onde, centenas de metros abaixo, o mar golpeava com força descomunal e pedras pontiagudas apontavam para cima.
A chuva continuava forte e a única forma de montar acampamento foi usar Adrie, transformada num enorme carvalho, como abrigo.
No dia seguinte, Carric, Adrie e Keyra seguiram por uma trilha estreita e de difícil acesso com um plano.

Carric havia enocntrado uma passagem entre as montanhas que levava para perto do acampamento orc e da montanha-fortaleza. Kraig havia ensinado algumas palavras em orc para Keyra e Adrie contava com sua furtividade e percepção. Uma vez na pequena gruta que Carric apontara, Keyra sussurrou as palavaras mágicas e a pequena esfera mágica alterou sua aparência. A bela meio-elfa era agora um orc grande e mal encarado. Adrie assumiu a forma de lobo e seguiu sua amiga pelo túnel.
Minutos depois, sas duas estavam no início do vale. Foi fácil notar sentinelas orcs a distância e o acampamento em si estava a pouco mais de quinze metros. Adrie percebeu uma segunda trilha, que continuava sem entrar no acampamento, direto para a montanha e apontou com o focinho naquela direção. Quando as duas estavam quase passando pelo acampamento, um orc apareceu e falou em sua língua brutal.

"Gahasba, kul, maha kar lança?" Disse o orc apontando para Keyra que só entendeu a última palavra

"Sim senhor!"Disse ela em orc

"Grou? Arrashba! Lança gaham maha kar!"Gritou o orc visivelmente irritado com a aparente estupidez do outro

"O general me mandou ir pra lá!"Disse Keyra em orc apontando pra trilha

"Gasga? Arrum baha arrashba kar. Lança!" Gritou mais uma vez o orc e apontou na direção do acampamento

Keyra estava quase entrando em pânico mas então disse novamente "Sim senhor!" e foi na direção ordenada. Pegou uma lança no acampamento e viu outros orcs que não pareceram notar sua presença. Uma mulher gritava e era carregada por quatro orcs. A camponesa estava em pânico e gritava por ajuda. Keyra segurou a espada em sua cintura e olhou para Adrie que a puxou pela roupa com os dentes de lobo.

"Sinto muito...não posso ajudar."Disse Keyra baixinho enquanto dava as costas à cena.

Esperaram por um tempo e então retornaram à trilha, quando o orc não estava mais no caminho. Keyra e Adrie seguiram por uma trilha tortuosa que saiu do acampamento.
Era uma trilha muito estreita e perigosa. De um lado estava o paredão da montanha e de outro, o abismo mortal até o mar. As duas aventureiras não tinham dificuldade alguma mas pensavam em Arannis e seu medo de altura e nos demais que talvez não tivessem tanta habilidade para andar em lugares como aquele. Por fim, as duas chegaram até uma pequena caverna. Um cheiro terrível vinha dela.
O cheiro azedo de lixo e podridão inundava suas narinas. Era pior do que qualquer outro cheiro que tivessem sentido antes. Mas aquela caverna era a mesma da visão que tiveram graças a Danen, o mago genasi de Skan.

Keyra entrou na caverna na frente e acendeu uma tocha de luz infinita. Era um buraco imundo. Corpos em putrefação, lixo, comida, fezes e todo tipo de dejetos formavam uma pilha enorme. Havia uma meia duzia de corpos grandes, possivelmente de goliaths. Acima, um túnel coberto por limo escuro parecia ser a origem da pilha.

"É a latrina dos orcs?"Disse Keyra voltando à sua forma verdadeira e piscando para Adrie

"Você vai mesmo subir por aí?"Perguntou a druída enquanto voltava à forma élfica

"Já estou subindo. Espera que já volto!"Disse a ladina escalando pelo túnel fétido "Argh...vontade de vomitar." Disse parando por um instante mas seguindo confiante, desaparecendo túnel acima.

Keyra subiu por um tempo e chegou a uma abertura mais larga onde não teve dificuldades para respirar. Chegou furtivamente ao fim do buraco, algumas dezenas de metros acima da caverna onde Adrie aguardava. Estava numa caverna iluminada por tochas. Três orcs conversavam, um deles arrastando um cadáver de goliath. Keyra pode notar celas em cavernas adjacentes a um túnel que seguia por um bom tempo. A meio-elfa estava ainda procurando detalhes do lugar quando viu que o cadáver seria arremessado no buraco onde ela estava.

"Merda!" Pensou enquanto descia o mais rápido possível. O corpo foi jogado e passou por ela por pura sorte. "É...é a nossa entrada." Pensou a ladina enquanto retornava.




"É arriscado. Posso não conseguir criar cavalos que voem."Disse Soveliss

"Olha, é o único jeito de passarmos pelos orcs. Voando acima do mar e abaixo dos olhos das sentilenas."Disse Adrie

"Mas e se não der certo? Eu posso não me sair tão bem quanto daquela vez e..."

"Soveliss, acabo de me lembrar. Quando conhecemos vocês, naquela tumba abandonada. Você disse que tinha teleportado o grupo. Porque não pode fazer isso agora?" Perguntou Damara

"Bem...eu...eu..."

"Ele precisa de um círculo de teleporte ou coisa do tipo!" Disse Keyra, percebendo que Soveliss iria acabar passando por mentiroso

"Bem. Nesse caso, acho que vamos ter que contar com os cavalos fantasmagóricos. Tenho certeza de que você fará o seu melhor. Confio em você."Disse Damara sorrindo para o mago

Talvez o incentivo tenha sido suficiente pois Soveliss conseguiu realizar o ritual da melhor forma possível e criou oito cavalos voadores. Adrie transformou-se em corvo e assim os nove partiram rumo à caverna, voando a pouco mais de um metro sobre a superfície do mar do norte. Kubik ficou para trás, com os cavalos de verdade, onde o grupo acreditava ser um lugar seguro.
Depois de uma árdua subida pelo túnel fedorento, os nove estavam dentro da montanha. Linfur e Keyra foram à frente, escondidos, fazendo oq eu faziam melhor.

O halfling era quase tão bom quanto Keyra e parecia estar gostando de competir com a meio-elfa. Juntos, chegaram até um lugar dentro do túnel, onde dois orcs guardavam uma cela grande, cheia de pessoas. Linfur e Keyra contaram até três e ao mesmo tempo arremessaram suas adagas mágicas, matando os dois orcs instantaneamente. Os ladinos se cumprimentaram silenciosamente e se aproximaram da grade como sombras. Dentro, pessoas pareciam ter notado a morte dos guardas e começavam a ficar agitadas enquanto um grupo menor de vozes tentava acalmá-las.

Minutos depois, os demais aventureiros chegaram e Keyra e Linfur saíram das sombras. Dentro da cela havia um grupo grande de pessoas. Camponeses em sua maioria. Homens, mulheres e crianças. Estavam doentes, mal nutridos e alguns até feridos. Em meio a essas pessoas havia um grupo de goliaths que trajavam restos do uniforme da guarda de Skan. Um deles, um goliath baixo para a média e bastante magro veio até a grade.

"Vocês vieram com o exército de Skan? A ajuda está vindo?" Disse o goliath

"Não. Nós viemos aqui com uma missão. Não sabiamos de vocês." Respondeu Arannis

"Temos doentes e feridos. Precisamos tirá-los daqui."Disse o gigante

"Vamos tirá-los. Mostre-nos os feridos."Disse Adrie pegando suas ervas curativas na bolsa

Keyra abriu a fechadura enquanto os demais montavam guarda. Arannis e Adrie entraram na cela e começaram a ajudar um homem velho que ardia em febre.
Damara conversou com os goliaths tentando entender como haviam sido capturados e como poderiam tirar toda aquela gente dali. Eram mais de trinta pessoas.

"Moça, você viu minha mamãe?"Perguntou uma menina de uns seis anos de idade, dirigindo-se a Keyra "Ela foi levada pelos monstros." Completou

Keyra lembrou-se da mulher que gritava no acampamento e engoliu seco. Damara interveio. "Não vimos, criança. Mas se ela estiver na montanha, a encontraremos."

Keyra fitou a criança, sem saber o que dizer. Lá no fundo, a meio-elfa sabia que aquela mulher estava morta e que a menina estava sozinha. Ela respirou fundo e foi conversar com Arannis.

"Alguém conhece o resto da caverna? Alguém que possa nos mostrar onde achar o líder orc?"Perguntou Soveliss

"Eu conheço o caminho e posso ajudar. Mas como ficam estas pessoas?"Disse o goliath enquanto pegava uma lança mágica e outros equipamentos junto com seus companheiros de cela

"Não podemos perder tempo. Viemos aqui matar Ogramum, não resgatar pessoas."Disse Keyra irritada

"Calma. Temos que tirar essa gente daqui."Respondeu Arannis

"Arannis! Como a gente pode ficar aqui conversando?! Estamos no meio da base inimiga. Orcs por toda parte!" Insistiu a ladina

"Sim eu sei mas..."

"Mas temos que andar logo. Eu sinto por essas pessoas mas temos uma missão!"Disse Keyra novamente

"Nós vamos levá-los. Vocês terminam a missão."Interrompeu Damara

"Não! Vocês têm que vir conosco!"Disse Soveliss preocupado

"Eu não posso deixar essas pessoas sozinhas. Eles têm somente alguns goliaths que ainda podem lutar e isso não vai protegê-las naquela trilha. São muitos orcs. Eu sei dos riscos e meus companheiros concordam. Vocês têm condições de matar Ogramum. Nós, os Irmãos de Sangue, vamos levar essa gente de volta a Skan."Disse a guerreira de cabelos de fogo

"Eu concordo. É o mais correto."Disse Arannis apertando a mão de Damara

Kraig abraçou cada um dos mebros da Ordem da Liberdade, Carric apertou a mão de todos e ao chegar perto de Adrie, sussurrou algo em seu ouvido.

"Espero ver você de novo..."Disse ele em élfico e recebeu um abraço da druída

Linfur apenas acenou para o grupo, mantendo sua pose de 'poucos amigos'. Damara despediu-se de todos, deixando Soveliss por último.

"Eu, espero que vocês consigam sair e que nós er...eu..."Gaguejou Soveliss mas antes que pudesse terminar, Damara o puxou pela gola da túnica e o beijou intensamente. Todos ficaram em silêncio, surpresos e então , soltando o eladrin, a humana de cabelos ruivos sorriu, mostrou o dente de dragão que ele havia lhe dado e disse: "Nos veremos em breve, Soveliss."

"Espera...eu...queria te dar isto. Leia quando estiver a salvo."Disse Soveliss ao entregar-lhe uma carta fechada. "Fique a salvo..."Disse ele sorrindo

Assim os Irmãos de Sangue deixaram a montanha, determinados a levar os sobreviventes em segurança até Skan, enquanto a Ordem da Liberdade matava Ogramum.
Arannis, Soveliss, Adrie, Keyra e Ecniv seguiram pelo túnel, acompanhados pelo goliath da lança azulada.

"Nós somos a Ordem da Liberdade."Disse Ecniv apresentando cada um dos membros "Como é seu nome?"

"Me chamo...Murmur."Disse o goliath sorrindo

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Os Nove

Lanasc mancava da perna direita. Era um tiefling velho mas tinha um olhar astuto e uma língua rápida. Um de seus chifres havia sido quebrado muitos anos atrás e algumas cicatrizes eram visíveis em sua cauda avermelhada. Ele se vestia como um nobre e, sendo o arauto do rei, tinha passagem aberta em qualquer lugar da cidade e, claro, do castelo.
O
tiefling caminhava à frente da Ordem da Liberdade, que parecia perdida nos vários corredores e escadas do castelo. Arannis seguia Lanasc, sempre atendo aos arredores. Soveliss parecia perdido em pensamentos enquanto Keyra e Adrie observavam em todas as direções. Kubik seguia seu mestre de perto e Ecniv, tentava em vão puxar conversa com Lanasc.

Depois de alguns corredores e escadarias, o grupo chegou a uma grande porta de mogno com detalhes em ferro polido. Figuras de guerreiros a cavalo empunhando lanças adornavam as duas portas que eram ladeadas por dois guardas humanos, trajando armaduras de placas finamente polidas e alabardas visivelmente mágicas.
Os guardas notaram Lanasc e os aventureiros e imediatamente abriram a porta. O salão estava iluminado por tochas e brazeiros e grandes colunas sustentavam o teto alto. O chão havia sido limpo e três grandes mesas de madeira estavam dispostas no fundo e nas laterais do lugar. No fundo, sentado no trono de madeira clara, estava o rei.

Olmor II era um homem grande. Tinha um rosto quadrado, marcado por pequenas cicatrizes e usava uma barba bem cuidada. Tanto o cabelo quanto a barba eram escuros, manchados por tons de cinza. Tinha uma coroa simples de ouro e seus olhos azuis observaram os aventureiros quando estes entraram. O rei sorria e quando o grupo entrou no salão e parou diante dele, Levantou-se e abriu os braços pedindo silêncio.
Os nobres e demais convidados olharam na direção dos cinco aventureiros escoltados por Lanasc.

"Senhor, estes são a Ordem da Liberdade. São os matadores de dragões." Disse o tiefling fazendo uma longa reverência ao seu rei, quase tocando o chão com o queixo.

"Grandes heróis! Eu os saúdo! A recompensa!" Disse virando-se para um criado perto de uma coluna.
Rapidamente, dois homens trouxeram um pequeno baú que foi aberto diante da Ordem da Liberdade. Ouro e pedras preciosas brilharam, chamando a atenção de todos no salão. Havia também um pergaminho dentro de um invólucro de pedra. Soveliss pegou o pergaminho arregalou os olhos ao ler. Mostrou o texto a Adrie e esta também ficou pasma.
No entanto, os demais aventureiros apenas olharam para o rei e agradeceram pelo prêmio.

"Majestade" Disse Ecniv "Nós somos a Ordem da Liberdade e queremos falar-lhe a respeito de nossa missão aqui." O bardo limpou a garganta e continuou "Queremos falar a respeito de Agrom Vimak."

O rei olhou para o pequeno bardo e em seguida encarou um humano velho que estava sentado ao seu lado esquerdo. O velho, magro e de longas barbas brancas, envolto num manto simples de cor negra, apenas assentiu e o rei encarou novamente o grupo de heróis. "Amanhã heróis. Amanhã. Hoje festejamos a morte de Daelazar, o vermelho."

Ao seu comando, Lanasc levou os aventureiros até uma mesa na lateral onde calices de vinho foram servidos.

"Aos heróis de Skan!" Brindou Olmor II.

Os bardos presentes começaram a tocar e Ecniv juntou-se a eles. Enquanto isso, os demais, menos Arannis, beberam e comeram. Adrie pareceu gostar do vinho mais que os demais e em menos de uma hora estava totalmente embriagada, transformando-se em animais e rindo histericamente. Foi assim até o instante em que simplesmente desmaiou sobre a mesa, transformada em gato.

No meio da festa, as duas portas abriram-se com um estrondo. O silêncio pairou no ar quando uma goliath enorme entrou no salão. Tinha um elmo debaixo do braço e uma lança na mão esquerda. Estava suja, aparentando ter chegado naquele momento de uma longa viagem.

"Meu senhor. Preciso falar-lhe." Disse a mulher, dirigindo-se ao rei.

Este saiu do salão, acompanhado pelo velho homem em mantos negros e da enorme mulher guerreira. Keyra sorriu e, usando discretamente s,ua pedra mágica, transformou-se num serviçal e seguiu os três. A festa continuou assim que as portas foram fechadas.
Fora do salão, os três conversavam. Keyra aproximou-se discretamente, fingindo estar limpando o corredor com uma vassoura.

"Pode falar agora Talana." Disse o rei dirigindo-se à enorme goliath

"Majestade, os orcs são muitos. Todas as tribos do norte se uniram sob o estandarte de Ogramum. Meus homens, senhor, lutaram contra uma grande tropa orc durante seis dias. Tivemos sorte de escapar. Agora mesmo estamos recuperando nossas forças e recrutando mais homens para atacar sob seu comando." Disse a guerreira

"Ogramum precisa ser detido, meu senhor."Disse o velho "Mas deixo isso a cargo de vossa sabedoria." Completou deixando-os dois no corredor ao descer pelas escadas

"Talana, cuide de seus homens. Amanhã falaremos com mais calma. Tenho um plano que talvez ajude." Disse o rei coçando a barba, pensativo

"Meu senhor." Respondeu a goliath fazendo uma reverência e em seguida batendo em seu peito com o punho fechado.

O rei olhou para o serviçal que se aproximava enquanto Talana partia. Keyra voltou então à sua forma verdadeira e falou diretamente com o monarca. "Não preciso continuar disfarçada. Precisamos conversar agora, antes da audiência de amanhã." Disse a meio-elfa com um tom que poderia ser considerado impróprio.

O rei ficou sério mas entendeu o recado. Apontou para uma porta aberta no corredor e Keyra entrou. Era um escritório com apenas uma janela e pouca iluminação. O rei fechou a porta depois de entrar e caminhou, observando a ladina. A sala era circular e estava repleta de estantes com inúmeros livros. No centro havia uma grande mesa onde um mapa estava estendido. Havia algumas figuras de madeira representando vários exércitos. Keyra reconheceu a região.
O mapa era mágico e a ladina pôde ver que a água do mar e dos rios corria de verdade e que as árvores das florestas pareciam mover-se ao vento. Era um trabalho fantástico de algum ilusionista.
O rei sentou-se numa cadeira do outro lado da mesa e fez sinal para que a jovem meio-elfa se sentasse.

"O que tem a dizer?" perguntou o rei

Keyra respirou fundo. "Olha, eu e meus amigos viemos ajudar e por isso acho justo que saiba o que descobri. Um homem chamado Aslom, líder da guilda de ladrões daqui, quer a sua coroa."

"Minha coroa? Ser rei?" Perguntou Olmor II

"Não sei. Ele disse que queria roubar sua coroa. Talvez para humilhar o governo da cidade. Não sei. O fato é que um grupo liderado por ele tem coisas contra sua pessoa." Respondeu Keyra

"E onde você entra nisso?"Perguntou o rei coçando a barba

"Eu tenho meus próprios interesses, além dos do meu grupo. Mas pode ficar tranquilo. Eu gostaria apenas de não dormir aqui esta noite. Tem alguma forma de eu entrar e sair do castelo sem problemas?" Disse a ladina, ousando

"Entrar e sair...como assim?!" Exclamou o rei

"Eu só quero resolver algumas coisas e depois voltar até meus amigos." Respondeu a meio-elfa

"Olha, eu estou oferecendo um lugar em meu castelo. Recebi você e seus amigos bem e não posso acreditar que você esteja abusando de nossa hospitalidade assim."

"Certo...tudo bem. Eu durmo no castelo."Disse Keyra mantendo uma certa frieza na voz

"Sim e espero que não fique perambulando por aí, usando suas habilidades de mudança de forma. Agradeço pelo aviso. Falarei com a Ordem da Liberdade pela manhã." Disse o rei mostrando a porta

Keyra sorriu e saiu, indo em direção ao alojamento onde seus amigos estavam.





Ecniv entrou no quarto onde Lanasc dissera que a Ordem da Liberdade poderia dormir. Carregava seus pertences e um gato. O gato, desacordado, era Adrie. Ao chegar ao alojamento, Ecniv, acompanhado por Arannis, viu uma grande habitação com diversas beliches. Ele pegou algumas cobertas de uma das camas e fez o que parecia um ninho, onde colocou Adrie com cuidado. Arannis retirou sua armadura e deitou-se numa das camas de baixo.

"Descanse. Amanhã teremos um dia muito cheio." Disse o eladrin enquanto fechava os olhos e entrava em transe.

Ecniv preparava-se para dormir quando a porta se abriu e Lanasc apareceu. Com ele vinham quatro pessoas. Eram os Irmãos de Sangue.

"Ora se não é o flautista!" Disse Kraig, claramente embriagado. "Como vai rapaz? E os seus amigos, os Melhores do Mundo?" Disse ele

"Era Guardiões do Universo. Mas somos a Ordem da Liberdade agora. Disse Soveliss surgindo atrás deles."

"Que seja. Estou bêbado demais para lembrar de nomes de grupos ou de pessoas ou de lugares." Disse Kraig resmungando enquanto se deitava numa das camas, perto de Arannis.

Linfur, o halfling, olhou para Arannis, Soveliss e Ecniv, ignorou o gato no canto do quarto e subiu rapidamente numa das camas altas. Carric, o elfo, retirou sua armadura e parte das roupas, ficando com o torso nu enquanto se sentava perto da parede. O elfo cruzou as pernas, e segurou seu arco sobre os joelhos. Então, pareceu entrar em transe, como Arannis.

Soveliss olhou para Damara, a guerreira ruiva que liderava os Irmãos. Ela estava tirando a armadura quando este se aproximou.

"er...é...Damara não é?" Disse o mago meio sem graça

"Sim. Arannis não é?" Respondeu a guerreira sorrindo e vestindo apenas as roupas de baixo, o que fez com que o eladrin ficasse corado por alguns instantes.

"Não não. Meu irmão é Arannis. Eu sou Soveliss." Disse ele encarando o chão

"Me desculpe. Eu...vocês são idênticos." Disse Damara tentando explicar-se

"Não...er...tudo bem...eu...só...eu só queria te dar isto." Disse Soveliss estendendo a mão fechada.

Damara abriu sua mão e então Soveliss entregou um dos dentes menores de Daelazar preso a um cordão de couro. O eladrin tentou sorrir mas o sorriso pareceu mais uma careta, devido ao seu nervosismo.

"Obrigada. Não sei o que dizer. É do dragão, não é?" Perguntou a guerreira, colocando o cordão no pescoço

"Sim. Do dragão vermelho...Daelazar." Respondeu o mago ainda encarando o chão

"Obrigada mesmo. Bom, preciso dormir agora. Temos um dia cheio amanhã." Disse Damara subindo numa das camas. "Boa noite...Soveliss." Completou piscando

Soveliss deitou-se numa das camas, tentando concentrar-se e demorou um tempo até que conseguisse entrar em seu transe élfico.





Duas batidas fortes na porta acordaram os membros da Ordem da Liberdade e dos Irmãos de Sangue. Em seguida, o velho tiefling Lanasc entrou, com um pergaminho em mãos.

"Bom dia, bom dia, bom dia. Ordem da Liberdade, vocês serão recebidos primeiro por nosso grandioso rei. Antes serão alimentados no refeitório do andar de baixo. Estejam lá o mais rápido possível. Vocês também, Irmãos de Sangue. Devem estar famintos, principalmente o anão gordo." Disse Lanasc sorrindo ao sair do alojamento

Os dois grupos usaram o banheiro adjacente e foram ter com Lanasc no refeitório. Foram servidos pães, geléias, leite de cabra e muito queijo. Além disso, o banquete matinal contava com ovos mexidos e bacon, que Kraig tratou de devorar rapdiamente. Durante o festim, Lanasc conversou um pouco com Ecniv e depois pediu que a Ordem da Liberdade o acompanhasse.
O grupo chegou ao salão do rei, onde ocorrera a festa da noite anterior. Estava limpo e Olmor II estava de pé, diante de seu trono. Ao seu lado estava o velho homem de manto negro e um garoto de seus treze anos de idade.
O menino olhava enquanto os heróis entravam no salão e paravam diante do rei, fazendo uma reverência. Adrie chamou a atenção do rapaz que tinha olhos azuis e a pele muito clara, contrastando com os cabelos escuros. Era muito parecido com seu pai, o rei.

"Bom dia heróis. Irei ouví-los agora." Disse o rei, sentando-se no trono, já que tratava-se de uma audiência e o protocolo mandava que o rei estivesse acima de seus súditos ou visitantes

Os aventureiros falaram sobre Agrom Vimak e sobre sua busca pelas sete jóias. Ao mencionar Agrom Vimak, notaram que o rei olhou para o velho e este apenas assentiu. O relato de Ecniv e Arannis sobre a caçada às jóias fez com que Olmor II olhasse para o anel real, o selo de sua família.

"Então vocês querem esta jóia. Que está em minha família há quase três mil anos." Disse ele suspirando

"Majestade, seria apenas até derrotarmos Agrom Vimak. Ela será devolvida, assim como esta." Disse Arannis mostrando a jóia do lich

O rei olhou de novo para seu conselheiro, respirou fundo e flaou novamente.
"Posso emprestar a jóia, pois vejo que têm objetivos nobres. Porém, preciso saber se realmente posso confiar em vocês. Portanto, tenho uma missão para a Ordem da Liberdade."

"Danen, mostre a eles." Disse, dirigindo-se ao velho

O homem de cabelos e barba branca, envolto em mantos negros pesados sorriu. Este avançou até ficar entre o rei e os aventureiros e então sua pele começou a brilhar. Em segundos assumiu sua verdadeira forma, a de um jovem genasi do fogo. Sua pele era laranjada e veios brilhantes de lava corriam por sua pele. Sua cabeça agora era coroada por labaredas brilhantes e seus olhos dourados brilhavam intensamente. Vestia trajes leves, com os braços descobertos, e sorria jovialmente. Danen gesticulou e uma imagem surgiu diante dos heróis.
A imagem mostrava um campo de batalha onde goliaths, humanos e orcs se enfrentavam. O exército dos humanos e goliaths, carregando o estandarte de Skan, recuava enquanto os orcs comemoravam. Atrás do enorme exército orc, um forte de madeira se mantinha incólume, encostado numa montanha baixa do outro lado de um grande vale. No topo do forte, um orc de proporções bizarras observava. Era enorme e carregava um machado sangrento. Sua armadura era de metal e brilhava em vários pontos. O orc urrou e depois gargalhou, entrando no forte.
Em seguida, Danen mostrou outra coisa. Uma caverna na lateral da montanha.

"Esta, meus caros, é a entrada dos fundos." Disse o genasi sorrindo

"O que quer de nós, majestade?" Perguntaram Arannis e Ecniv em uníssono

"Quero que matem Ogramum, o líder orc. Com ele morto, as tribos ficarão sem liderança e assim poderemos atacá-los e talvez vencer. Um grupo pequeno mas capz pode penetrar nas defesas do acampamento orc e matar esse monstro." Disse o rei

"Somos cinco. Somos um grupo pequeno." Disse Adrie timidamente

"Vocês terão ajuda."Disse Danen apontando para a porta do salão, onde os Irmãos de Sangue estavam de pé, ao lado de Lanasc, o tiefling

"Então...quando partimos? Meu machado tem sede de sangue orc!" Disse Kraig gargalhando enquanto segurava sua barriga com a mão esquerda

domingo, 8 de agosto de 2010

Os Irmãos de Sangue

"Ainda bem que aqueles 'Guardiões do Universo' não reclamaram quando ficamos com o tesouro. Eles me pareceram boa gente." Disse Kraig enquanto contava algumas moedas. O anão parecia satisfeito com o saque conseguido na antiga tumba

"Eles eram cinco e pareciam bem treinados. Não sei se seria uma luta justa." Respondeu Damara sorrindo "Você já terminou Linfur?" Perguntou em voz alta, sem olhar para trás.

"Eu disse que era só algo que tinha comido! Maldição. Onde está o elfo?" Resmungou Linfur, o halfling enquanto saía de trás de uma pedra, fechando os botões da calça.

"Ele já está fora há uma hora." Disse Kraig mordendo uma peça de ouro

Damara ajeitou uma mecha de cabelo que estava caindo sobre os olhos por causa do vento da montanha e olhou na direção que Carric, o arqueiro, tinha saído. O grupo era muito unido, apesar de algumas diferenças e estavam juntos há um bom tempo. Damara conhecia Kraig desde criança e Carric era quase um irmão para Linfur. Os Irmãos de Sangue eram aventureiros e gostavam do que faziam. Estavam viajando há vários dias depois de sua última expedição. As únicas pessoas que encontraram foram cinco aventureiros e não tiveram tempo para muita conversa. Damara, a líder do grupo, queria chegar logo a Fortaleza Branca, a cidade dos anões. Tinham negócios lá.

Kraig e Linfur estavam comendo um pouco de carne salgada quando Carric apareceu. O elfo estava sorrindo, algo raro, e trazia consigo algumas aves recentemente abatidas. Jogou as presas na direção do anão que gargalhou exibindo o jantar.

"Temos muito terreno para cobrir mas chegaremos à Fortaleza pela manhã." Disse Carric em élfico

"Ótimo. Quero descansar por lá, comprar e vender algumas coisas e arranjar algo mais interessante do que saquear buracos cheios de goblins." Disse Linfur

Os Irmãos de Sangue eram muito diferentes uns dos outros.

Linfur era um halfling carrancudo de cabelos negros e pele bronzeada. Tinha costeletas grandes e mal cuidadas e se vestia essencialmente de negro. Carregava dezenas de adagas numa bandoleira e parecia ser muito bom com esse tipo de arma, visto que eram as únicas que levava consigo. O halfling parecia estar resmungando o tempo todo e era sarcástico na maior parte do tempo.

Kraig era diferente. Era bonachão. Talvez até demais. O anão tinha uma longa barba castanha e cabelos longos presos em várias tranças. Vestia uma armadura de boa qualidade e trazia consigo uma espada curta e um escudo pequeno. Tinha o rosto rosado e um sorriso largo e muito branco. O único problema de Kraig era a quantidade enorme de piadas infames que fazia questão de contar e repetir.

Carric era alto. Tinha cabelos castanhos esverdeados e sua pele era branca. Suas roupas eram verdes e tinha uma capa élfica feita com folhas e penas. Várias penas brancas pendiam de seus longos cabelos e seus olhos eram de uma cor verde vibrante. Carregava uma espada longa e um arco visivelmente mágico, com motivos em élfico que brilhavam com uma luz azulada. Carric não falava quase nunca mas era fiél aos Irmãos.

Damara era a única mulher do grupo e a líder do mesmo. Era uma humana alta e de boa constituição física. Tinha cabelos laranjados que usava presos em duas tranças longas. Seus olhos eram azuis e Seu rosto era bonito. Carregava consigo uma espada de duas mãos e estava bem equipada, como todos os outros. Damara liderava pelo exemplo e por seu intenso carisma. Sua voz era firme e seu sorriso acalmava os ânimos do grupo. Ela era simpática com estranhos e todos pareciam gostar dela rapidamente.

"Vamos acampar aqui. Partimos ao anoitecer e logo vamos estar comendo e bebendo com seus parentes, Kraig." Disse a guerreira

No dia seguinte, os Irmãos de Sangue chegaram a Fortaleza Branca. A cidade dos anões era enorme. Ficava sobre uma formação rochosa separada da montanha por um abismo largo e extremamente profundo e somente uma ponte de pedra ligava o portão à trilha. Vários vigias protegiam a ponte. As muralhas da Fortaleza eram de pedra clara e um enorme portão de madeira e metal, que ficava aberto durante o dia, estava guardado por balistas e canhões mágicos. Kraig caminhou à frente do seu grupo e foi recebido com uma reverência pelos guardas. Os Irmãos de Sangue entraram na cidade sob os olhares de dezenas de guardas.
Caminharam pelos enormes salões da entrada, que eram iluminados por janelas que permitiam a entrada da luz solar. Adiante, brazeiros e tochas iluminavam as ruas e casas da Fortaleza.
A cidade era divididam em cinco níveis subterrâneos e era muito movimentada. Apenas alguns dragonborns circulavam entre as centenas de anões e o som de martelos batendo na rocha ou em bigornas de ferro era o som mais comum.
Os Irmãos estavam no mercado, passando por lojas de armas e pequenas tavernas. Pararam por uma hora para vender e comprar itens e depois seguiram para o Salão de Mithral, onde ficava o rei.

O grupo chegou ao salão e encontrou Brum, o rei dos anões, sentado no enorme trono brilhante, feito do metal que dava nome ao recinto. Damara, Carric, Linfur e Kraig se aproximaram depois de ser anunciados e se ajoelharam diante do rei que era um anão velho de longas barbas ruivas, manchadas de cinza. O rei, sorriu e logo seu sorriso tornou-se uma gargalhada.

"Bem vindo ao lar meu filho!" Disse ele ao descer do trono e abraçar Kraig.

Cinco dias depois, os Irmãos do Sangue viajavam para Skan, uma cidade murada no extremo norte, a quase um mês de viagem. O rei havia pedido que fossem até Skan para descobrir o que havia acontecido com um destacamento que ele enviara em auxílio ao rei daquela cidade. Também levavam uma carta, informando que Fortaleza Branca marcharia em algum tempo para ajudar na guerra contra os orcs do norte.
No caminho, os aventureiros encontraram uma caravana de mercadores sendo atacada por goblins e, depois de trucidar as pequenas criaturas, decidiram escoltar o grupo, uma vez que este também tinha Skan como destino final.

Os Irmãos de Sangue estavam numa missão importante e sabiam que as recompensas viriam. Damara sorria com a possibilidade de ajudar Skan com sua espada. Olhou para seus amigos e sorriu novamente pois confiava neles com sua própria vida e sabia que tempos difíceis estavam esperando pelos Irmãos de Sangue no norte.

"Se eu tiver que morrer no norte, que seja ao lado desses três."Pensou a ruiva

Ao longe, em algum lugar no mar do oeste, outro grupo de heróis lutava contra mortos-vivos sem saber que seu destino iria cruzar-se com o dos Irmãos de Sangue em breve.

domingo, 1 de agosto de 2010

Matadores de Dragões

"Maldito...você vai pagar!"Pensou Keyra enquanto se levantava sobre a coluna de pedra. "Vai pagar!"Gritou quando saltou sobre Daelazar, o dragão vermelho, que passava voando perto do pilar, logo depois de cuspir fogo sobre os amigos da ladina.

A espada da meio-elfa cravou-se fundo nas costas do monstro que urrou, ainda voando. Keyra agarrou-se ao cabo da arma, enquanto o dragão retornava para atacar seus amigos, que por algum milagre haviam sobrevivido à baforada ígnea. Daelazar estava furioso pois não conseguia atingir a ladina. Seu rugido foi terrível e Keyra sentiu medo. Medo por estar numa situação sem controle, agarrada às costas do monstro. Medo por não saber se essa batalha seria a última. Então, o medo a paralizou por alguns instantes.

Abaixo, Arannis gritava ordens, Adrie transformava-se numa nuvem de garras, presas e fúria. Ecniv havia desaparecido e Soveliss, ainda com fumaça nas roupas, disse palavras mágicas. Seu rosto estava diferente. Não sorria. Apenas encarava Daelazar enquanto preparava sua magia. Uma bola de fogo formou-se na mão direita do mago enquanto a energia fluía de sua esfera mágica. O dragão pareceu gargalhar ao ver a bola de fogo e então, Soveliss sorriu.
Suas luvas negras brilharam por um instante e energía esverdeada saiu das pontas dos dedos do eladrin, alimentando a bola de fogo que em segundos era uma bola de energía necrótica, verde e negra.

"Engole isto desgraçado!" Gritou Soveliss, arremessando a bola de fogo necrótica. O projétil atingiu o dragão em cheio, causando um ferimento grave. Daelazar parou em pleno ar, usando suas poderosas asas para continuar voando. Keyra, em suas costas, ainda estava paralizada de medo.

Arannis pensou por alguns instantes, sem saber como atingir o monstro desde o chão. Então, correu na direção da elevação de onde o dragão alçara vôo. Keyra pareceu despertar do torpor e então, com determinação, começou a subir pelas costas do dragão, em direção à cabeça. Seu plano era usar o pó de lótus negro.
A meio-elfa conseguiu chegar até a nuca do monstro. Estava perto dos chifres. Pegou a sacola com o pó e tentou arremessá-la contra as enormes narinas flamejantes de Daelazar. Porém, o monstro sacudiu o corpo e Keyra errou. A sacola caiu, dez metros abaixo, ao lado de Arannis.

Ecniv ressurgiu perto de Soveliss. Tocava sua flauta, fazendo com que os heróis se sentissem inspirados. Isso também atraiu a atenção do dragão vermelho que voou na direção da melodia. Foi então que uma mão de gelo surgiu ao lado de Daelazar. A mão, criada por Soveliss, agarrou umas das asas ade couro escarlate e o monstro caiu ruidosamente, puxado para baixo pelo construto gelado.

"Agora!" Gritou Arannis, esquecendo a sacola com o pó venenoso e atacando o dragão vermelho com sua espada, que brilhava intensamente, energizada por seu grito de batalha "Avandra!"

Adrie atingiu o dragão com tentáculos cheios de espinhos e invocou o espírito de um lobo que surgiu acima de Daelazar, atacando com sua mordida selvagem. Ecniv usou sua magia para irritar o dragão e lançou diversos mísseis mágicos contra o monstro.
Soveliss continuava usando a mão gelada para infligir danos à asa esquerda de Daelazar mas então o monstro soltou-se e o construto foi desfeito.
Então, recuperando sua força de vontade, Keyra apunhalou Daelazar com sua adaga negra, atingindo um ponto específico e então o monstro caiu, logo quando havia acabado de levantar-se.

Daelazar urrou uma vez mais e agora a ladina estocava suas costas com sua espada e adaga. Os demais aventureiros atacavam e se defendiam. O dragão vermelho levantou-se mas não conseguía ficar de pé. Finalmente, quando a fera estava em seus últimos momentos, foi Soveliss quem disparou um último míssil mágico, que atingiu a criatura em cheio. Porém, isso não foi suficiente.

Ecniv, ainda com medo graças ao primeiro ataque do monstro, respirou fundo e gritou um insulto, atraíndo-o. Este por sua vez, encarou o pequeno gnomo e pareceu estar pronto para cuspir labaredas novamente. Mas algo nas palavras do bardo causou um efeito mágico. Um brilho azulado emanou do peito do dragão, onde estava seu coração. O brilho estinguiu-se e Daelazar fechou sua enorme boca e seus olhos se arregalaram.
O dragão tombou com um estrondo, enquanto os heróis se afastavam dele. Por alguns instantes a fera vermelha tentou mover-se mas logo seus olhos estavam vidrados e sua respiração parou e as chamas em sua boca desapareceram por completo.





"Por todos os deuses! Como diabos?! Vocês mataram o dragão?!" Esbravejava um goliath atônito ao ver a Ordem da Liberdade montada em cavalos fantasmagóricos criados por Soveliss e um disco de energía que flutuava a alguns centímetros do chão, com a enorme cabeça de Daelazar sobre ele.

"Queremos falar com o rei." Disse Arannis

"Er, certo senhor mas, essa coisa...como...nós não..." Dizia o guarda

"Ei! Você é só o 'guardinha' do portão? Vá chamar alguém e avise o rei que temos um presente para ele!" Disse Keyra sorrindo

"Guardi...sou membro da guarda do portão senhora." Respondeu ele reprovando o tom da ladina

"Arannis, ele é só o 'guardinha'. Melhor irmos entrando logo." Disse Keyra

O paladino concordou e a Ordem da liberdade avançou por alguns metros para dentro da cidade de Skan. Porém, a magia de proteção dos muros desfez tanto o disco quanto os cavalos mágicos. A cabeça do dragão tombou diante da multidão que se aglomerava em torno dos heróis.

"Os matadores de dragões! Viva!"Gritaram algumas pessoas e logo uma multidão enorme se juntava ao coro de vozes e aplausos

Soveliss sorriu e apoiou-se na cabeça do monstro enquanto Adrie ergeu Ecniv pela cintura e o colocou sobre a cabeça decepada de Daelazar.

"Por favor! Deixem-me contar-lhes a incrível história de como nós, a Ordem da Liberdade, matamos o temível Daelazar!" Exclamou o bardo enquanto começava o relato da aventura.

Os gritos de 'Matadores de dragão!' ecoavam ainda nas ruas de Skan quando uma sombra furtiva entrou numa viela e em seguida bateu numa porta fechada.
O vulto esperou por alguns instantes e a porta se abriu. O homem nas sombras sussurrou algo virou-se na direção da rua onde Ecniv falava de cima do troféu vermelho.
O homem envolto em sombras sorriu e seus olhos brilharam quando a luz de tochas os tocou por alguns instantes. Então, ele desapareceu, porta adentro.