quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Enquanto isso, ao sul de Ilíria

"São quinhentos. Não mais que isso. E não devem ser bem treinados. Eles não tiveram tempo." Disse o meio-elfo de cima de seu cavalo. "Mande mensageiros até a rainha." Completou

"Sim senhor!"Respondeu um humano montado num cavalo mais leve e carregando pouco equipamento

O batedor empinou seu cavalo e desceu pela colina, passando pela coluna de homens e animais que subia. O estandarte de Ilíria, as asas brancas sobre um fundo azul-escuro, estava em toda parte. A coluna era constituída por mil guerreiros treinados.

O meio elfo continuou olhando para o sul. Era um dos capitães de Ilíria. Sua cota de malha era azulada, feita com técnicas eladrins pelos melhores armeiros do reino. Usava uma túnica negra por cima da cota, com o brazão real, e sua capa era azul-escura e cobria o dorso de seu cavalo de batalha. Levava uma lança consigo e o elmo pendia da sela, coroado por asas de prata. O capitão espantou uma mosca e puxou os longos cabelos loiros para trás. Lhe faltava uma orelha e uma longa cicatriz marcava seu rosto com traços élficos. Seu nome era apenas Linch mas era conhecido como Lorde Linch o Rápido há muitos anos.

Não demonstrava mas estava preocupado. O que teria feito os sulistas atacarem tantas aldeias ao sul? O que estaria trazendo a guerra a Ilíria? Não importava. Ele estava lá para cumprir seu dever e morrer por sua rainha.

Abaixo, ao sul, um exército de quinhentos homens aguardava sobre uma colina similar, do outro lado do campo que logo estaria coberto de homens gritando e aço chocando-se com aço em meio a bolas de fogo e raios. Os sulistas eram guerreiros selvagens, até onde se sabia. O último confronto entre Ilíria e os reinos do sul havia acontecido há mais de cinquenta anos e o máximo que os dois povos viam eram pequenas escaramuças aqui e ali. Era diferente agora. Os 'selvagens' estavam organizados e em grande número. Ainda assim, em menos número que as forças de Ilíria que vinham acompanhadas por duas hostes de mercenários recrutados nos últimos meses.
No entanto, mesmo com a disparidade, os sulistas tocavam seus tambores e trombetas entre lanças e estandartes que tremulavam à luz do sol daquela manhã.

Um cavaleiro destacou-se da coluna nortista e subiu rapidamente pela colina, alcançando o topo em pouco tempo. Montava um corcel branco, armado para a batalha e carregava uma lança. Usava armadura de placas completa mas feita sob medida, de forma a não restringir seus movimentos como as pesadas armaduras de alguns dos cavaleiros de elite da rainha. Não usava o brazão real mas o símbolo de Avandra. Sua capa era vermelha com detalhes em prata e seu elmo era fechado mas longos cabelos negros podiam ser vistos caindo sob a proteção.

"Eles estão animados." Disse uma voz feminina dentro do elmo

"Estão. Nós também."Respondeu Linch

"Espero que sim. Os deuses vão nos dar uma boa vitória hoje."Disse a mulher retirando o elmo "Eu vi isso. Eu sei que vão."

"Espero que sim Lady Ortankler. A rainha também." Disse Linch cuspindo para o lado oposto à mulher

"Sou uma paladina de Avandra, Lorde Linch. Mas nos conhecemos desde que eu era uma criança. Pode me chamar pelo meu nome. Yalin." Disse a jovem sorrindo

Linch virou-se por um instante e a encarou. Seu sorriso era lindo. Lindo e reconfortante. Yalin Ortankler era membro de uma ordem de paladinos de vários deuses e era uma guerreira formidável. Porém, Linch ainda olhava para ela e enxergava a pequena Yalin, que corria pelos pátios da casa de seu primo, Menehan Ortankler.

"Yalin você é em Ilíria, garota. Aqui você é Lady Ortankler, paladina de Avandra, guerreira de Ilíria e flagelo desses sulistas fedorentos." Disse ele

"Sempre resmungando, 'Tio Linchiiii." Disse ela rindo e seu riso fez com que Linch esboçasse um meio sorriso

"Qual é o plano?" Perguntou a paladina

"Simples. Arqueiros destroem os bárbaros. Se eles avançam, nós destruimos os bárbaros debaixo dos cascos dos cavalos."Disse o capitão

"Duvido que a rainha ache nossa vitória tão fácil assim só por causa dos números. Eles têm magos de guerra. Nós temos alguns magos. Além disso, nossa retaguarda vai ficar descoberta contra a cavalaria deles que está subindo a colina oeste." Disse a jovem apontando naquela direção

"Por isso é que vamos jogar os mercenários na vanguarda, depois da chuva de flechas. Nós vamos cuidar da retaguarda." Disse Linch cuspindo de novo

"Podemos mesmo confiar em mercenários? Soube que muitos deles são de outros reinos e não de Ilíria." Perguntou Yalin

"Não podemos. Mas logo vamos descobrir. Não é?" Arrematou ele virando-se sobre a cela para ver os homens de Ilíria que começavam a tomar a colina. "Vamos ter um belo banho de sangue."

O enorme exército enviado por Ilíria tomou o horizonte. Estava no alto do campo de batalha e os estandartes azuis tremulavam por toda parte. Os mercenários estavam apinhados no flanco direito, com um estandarte vermelho que indicava que não pertenciam ao exército regular.
Durante duas longas horas, cavalos e homens se posicionaram sobre as colinas enquanto os sulistas apenas aguardavam.

Subitamente, uma corneta de osso ressoou na planície abaixo e uma biga de guerra saiu da formação sulista, indo em direção ao centro do campo de batalha. A biga escura era puxada por dois cavalos negros e tinha uma escolta de dois homens a cavalo.

"Está na hora de falarmos das mães deles, garota."Disse Linch "Onde diabos está Barun?"

"Estou aqui seu meio-elfo barulhento de meia-orelha."Disse um cavaleiro alto montando um cavalo negro com armadura veremelha "Desculpem a demora mas tive que parar com meus homens para me aliviar."

"Você quer dizer, beber e comer quase tudo o que eles tinham naquela estalagem na estrada." Resmungou o meio-elfo

Lorde Barun era o senhor da aldeia de Barun e um dos nobre de Ilíria que fora com o exército enfrentar os sulistas. Além de ser membro de uma das casas influentes do reino, era um dos cavaleiros mais experientes que Linch conhecia. Havia sido um aventureiro, depois um mercenário e até havia matado um dragão em sua juventude. Estava velho e barrigudo mas ainda era um homem enorme. Sua armadura era vermelha e ele usava o brazão real pintado nas ombreiras mas ostentava o próprio, no peito. Era um leão vermelho sobre um sol dourado. Barun tinha cabelos curtos e brancos e sua barba era curta. Tinha várias cicatrizes e carregava consigo duas espadas curtas e um enorme martelo de batalha que brilhava com runas anãs.

"Lady Ortankler, sua cavalaria vai esmagar sulistas depois que eu destruir a vanguarda deles?" Perguntou sorrindo

"Esperemos que nao seja necessário, Lorde Barun. Bem vindo."

"O plano é simples Barun. E vamos mandar os mercenários na frente. Se quiser se juntar a eles, por mim tudo bem." Disse Linch

"Certo, certo. Hey Linch. Está na hora de xingar as mães deles. Mandaram alguém." Disse Barun esporeando o cavalo. Os dois o seguiram


O líder sulista estava sobre a biga. Era um humano alto e bastante musculoso. Não usava armadura e tinha os braços nus, cobertos por tatuagems. Seu rosto estava pintado com tinta branca e sua pele bronzeada era marcada por cicatrizes. Levava consigo uma única arma, uma espada de lâmina negra que pendia da cintura. Um guerreiro com a aparência menos imponente guiava a biga e os dois cavaleiros que o seguiam usavam cotas de malha e peles de animais dourados com pintas negras. Os cavalos não tinham armadura.

"Vocês trouxeram todo seu exército para morrer aqui?" Perguntou o general

"Vocês também?"Retrucou Barun

"Nós vamos vencer. Nossos deuses vão vencer. Nós temos aliados fortes." Disse o sulista "Vocês não têm aliados. Vão morrer aqui e vamos pegar suas terras, suas mulheres e fazer seus filhos limparem nossa sujeira. Vamos pegar essa mulherzinha de capa vermelha e sua rainha."

"Vocês não saberiam o que fazer com nossas mulheres. Só sabem lidar com cabras."Respondeu Linch sem demonstrar sua irritação

"Vamos matar sua rainha mas só depois que o Guerreiro Vermelho acabar com ela."Continuou o general

"Vocês têm quinhentos homens. Nós temos mil. Vocês podem retornar agora, pagar pelos estragos feitos a Ilíria e voltar para suas terras fedorentas cheias de insetos e pântanos. Minha rainha nunca os atacou." Disse Linch interrompendo-o

"Ah...sua rainha. Ela vai perder a coroa. O Guerreiro Vermelho vai tomá-la. Nós vamos festejar e Bane, Bane será homenageado com centenas de mortes nesta conquista." Disse o general rindo

Os cavaleiros que o acompanhavam riram com ele.

"Meu martelo na sua fuça, porco. É isso que você vai ver."Disse Barun

"Então vamos lutar, velho gordo."Disse o general gargalhando "Vamos lutar e vou comer seu coração no fim da noite.

"Estamos entendidos então. Até logo, bárbaro."Disse Linch virando o cavalo

Os sulistas continuaram gargalhando enquanto os três cavaleiros subiam de volta até a colina.

"Guerreiro Vermelho?"Perguntou Barun

"Agrom Vimak...parece que é assim que o chamam. Dizem que é ele quem lidera os sulistas." Respondeu Yalin

"Seja lá ele quem for, vai ter que tomar Ilíria com cadáveres. Pois hoje vamos destruir esses sulistas."Disse Linch

Gritos vindos do exército inimigo chamaram a atenção dos três. Os sulistas comemoravam enquanto seu chefe retornava para suas fileiras e um grupo de feiticeiros avançava, conjurando magias que desenhavam glifos estranhos à frente do exército. Então, uma trombeta tocou no leste e um terceiro exército surgiu.

Centenas de lanças surgiram de um bosque e logo cobriram as colinas. O enorme e imponente exército de Ilíria estava agora reduzido diante dos mil homens que haviam chegado. Eram sulistas, hobgoblins e até mesmo alguns gigantes. Além disso, um grupo de homens impelia soldados mortos, esqueletos animados que avançavam sem fazer barulho.

"Em nome de Bahamut..."Disse Linch com os olhos arregalados "O que...o que é aquilo?"Disse apontando para uma figura bizarra que cortou as fileiras inimigas, surgindo adiante.

Era um cavaleiro. Sua armadura era vermelha como o sangue e sua capa negra como a noite. As ombreiras tinham longos espinhos vermelhos que pareciam brilhar com feixes de fogo. Tinha um elmo fechado, com um crânio negro de cujos olhos saíam chamas. Seu cavalo era um monstro. Um pesadelo. Um enorme corcel negro com crina de fogo demoníaco.

O cavaleiro empinou a criatura que relinchou como um demônio, sacou sua espada e com o som de um trovão, a lâmina irrompeu em chamas.

"O guerreiro vermelho..."Pensou Yalin enquanto beijava o símbolo sagrado de sua divindade

5 comentários:

  1. Sinceramente, a cada post, eu tenho mais e mais orgulho de participar dessa magnifica e maravilhosa historia a ser contada por esse bardo que é o Eugenio. Algumas partes o grupo ja fica sabendo, somos nós que estamos la afinal, mas mesmo assim, é uma outra vivenciaçao... é um novo olhar e nao canso de reviver essas memorias e esperar mais virem... Continue Eugenio... voce esta de super parabens...

    Ass: Paulo... Sovelisticamente divertido com o grupo o/

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  2. Muito show, contando em detalhes a visão que Arannis teve, só que nesse momento está acontecendo de fato.
    Parabéns.

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  3. Ainda não é "A" visão que o Arannis teve...ainda. ;)

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  4. Eu só tenho uma coisa a dizer: fudeu!

    O Arannis teve uma visão? Quando? Olha o DDA voltando!

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  5. Sim, eu tive uma visão. Bem, na realidade foram duas: tive que escolher entre elas e espero ter feito a escolha certa. Caso tudo corra de acordo com a visão, no fim (depois de apanharmos muito) vamos vencer... (teoricamente não foi mostrada a nossa vitória, mas creio que rola...
    QUanto ao post, ficou muito legal. Me interessei pela paladina hehehhe

    Ass. Pelor

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