quarta-feira, 13 de abril de 2011

A Batalha de Forte Dourado - Parte I

O vento soprava nas asas brancas da armadura mágica de Arannis. O paladino estava voando e, com seu elmo alado, parecia uma criatura feita para viajar pelos céus. Ele voava com um corvo negro ao seu lado. Era Adrie, a druida.

Estavam seguindo as montanhas e acreditavam que a cordilheira os levaria até Forte Dourado, a cidade dos anões. As nuvens passavem rápidas e os dois aventureiros seguiam observando o terreno abaixo, em busca de sinais da cidade-fortaleza.

Uma grande sombra cobriu Adrie e Arannis. Era o dragão verde. Este passou por cima deles e desceu subitamente, tomando a dianteira. Em seu dorso estavam Keyra, Soveliss, Ecniv e Kubik, além da cadela adotada por Adrie em sua viagem ao extremo norte. Keyra segurava as rédeas mágicas que mantinahm o dragão sob controle e estava sorrindo, enquanto seus cabelos castanhos eram soprados pelo forte vento. Kubik se agarrava ao dragão como podia e Soveliss estava lendo, segurando-se com uma mão. Ecniv estava mais atrás, onde a cadela estava amarrada com várias cordas. O gnomo tentava manter o animal calmo.

Keyra sorriu e falou no ouvido do monstro verde. A criatura pareceu sorrir e então mergulhou, fazendo com que Ecniv ficasse com as pernas soltas, segurando-se desesperadamente com as duas mãos. Então, o dragão verde subiu novamente e fez um grande círculo no ar, deixando os aventureiros de cabeça para baixo por alguns instantes. Ecniv não aguentou e se soltou, caíndo. O gnomo gritou por alguns segundos enquanto caía. Mas então o dragão passou por baixo dele e Ecniv caiu novamente sobre o monstro que gargalhava.

"Desculpa...mas eu precisava fazer isso." Disse Keyra rindo

O grupo continuou voando por algumas horas até chegar a um lugar onde poderiam descansar. O dragão os obedecia por causa da magia das rédeas mas havia concordado com Arannis em ajudá-los, por um preço. O debate havia sido longo. Ecniv queria vender o dragão em Ilíria e usar o dinheiro para a Ordem da Liberdade. Adrie queria ficar com o dragão como montaria para o grupo. Keyra se mantinha neutra e Soveliss queria usar o dragão para ajudar os anões. Arannis havia pesado as consequências das possíveis escolhas e acabara decidindo fazer um acordo com a criatura.

"Você nos levará até Forte Dourado e nos ajudará a derrotar nosso inimigo, Agrom-Vimak." Disse ele ainda no plateau dos pégasos

"Tenho uma contraproposta, paladino. Eu os levo até os anões e vocês me libertam. Daí retornarei quando estiverem frente a frente com esse Agrom-Vimak." Respondeu o dragão

"Como saberei que você cumprirá sua parte?" Perguntou Arannis

"Com esta escama, seu irmão, o mago, poderá me chamar. É a única garantia que posso dar." Disse o monstro entregando uma escama de seu corpo ao paladino

Arannis ainda se lembrava de quanto tempo os aventureiros perderam tentando chegar a um acordo. No fim, haviam aceitado a proposta do dragão e agora voavam rumo a Forte Dourado. Era uma aliança estranha e perigosa mas Arannis estava apostando na sorte. Desde seu encontro com o "andarilho", o eladrin acreditava que Avandra estava guiando os passos da Ordem da Liberdade e que a sorte estava ao seu lado.

No segundo dia de viagem, a Ordem da Liberdade avistou a fortaleza conhecida como Forte Dourado. Era uma torre circular de grandes proporções. Ficava sobre um desfiladeiro, cercada por abismos. Apenas uma ponte ampla de pedra ligava a cidade dos anões à cordilheira propriamente dita. Era uma fortaleza inexpugnável. Porém, do outro lado da ponte, havia centenas de tendas com bandeiras drows.

Os aventureiros sobrevoaram a cidade por alguns minutos e viram que o topo de Forte Dourado era uma enorme laje com passarelas protegidas onde guardas anões vigiavam o acampamento drow a distância. Arannis desceu primeiro e ao seu lado foi Adrie em forma de corvo. Assim que o paladino pousou e as enormes asas brancas desapareceram, Adrie transformou-se em elfa, aterrizando ao seu lado.

"Viemos em paz. Viemos ajudar. Somos a Ordem da Liberdade." Disse Arannis

"E somos amigos de Kraig e Damara, dos Irmãos de Sangue." Complementou Adrie

O anão olhava desconfiado e outros soldados se juntaram a ele. Um eladrin e uma elfa haviam pousado tranquilamente no topo da cidade anã. Certamente eram poderosos. Então, o bater das gigantescas asas de couro do dragão verde se fez ouvir e lá estava ele e os demais membros da Ordem da Liberdade. O monstro pousou e rugiu e Arannis teve que conter os anões que pensaram e fugir em busca de ajuda.

Keyra, Soveliss, Ecniv e Kubik desceram do dorso da criatura mas a ladina mantinha as rédeas mágicas em suas mãos. Arannis conseguiu convencer os anões de que o dragão estava sob controle e então tomou as rédeas em suas mãos.

"Conforme acordado, vou soltar você. Chamaremos quando estivermos frente a frente com nosso inimigo. Cumprirá com sua palavra, dragão?" Perguntou o paladino

"Minha palavra. Sim, eladrin. Ajudarei vocês..."Respondeu o dragão

"Então está livre." Disse Arannis retirando as rédeas

Por alguns instantes o dragão verde pareceu avaliar a situação ao seu redor. O monstro pareceu sorrir e fez menção a sair voando.

"Então até breve!" Disse Ecniv zombeteiro

O dragão então levantou a pata e derrubou o gnomo. Suas garras mantinham Ecniv preso mas o peso da enorme pata não estava pressionando seu peito o suficiente para matá-lo. Sem poder se mexer, Ecniv ficou em silêncio, temendo por sua vida. Os demais membros do grupo estavam prontos para lutar quando o dragão falou.

"Hoje, pulga, irei cumprir com minha palavra. Na próxima vez em que nos encontrarmos, quando seu inimigo estiver morto, você vai direto para meu estómago." Disse o dragão, soltando-o em seguida e alçando vôo rumo ao sul

"Vai..."Disse Keyra baixinho

"Hey!" Exclamou Ecniv indignado enquanto se levantava e limpava a sujeira em sua roupa

"Pessoal. Não temos tempo para isso." Disse Arannis "Senhor, pode nos levar até alguma autoridade? Viemos falar com Kraig e ajudar sua cidade." Disse o paladino dirigindo-se ao anão mais próximo

"Aguardem. Preciso consultar meus superiores." Respondeu o soldado

Depois de um bom tempo de espera, um anão saiu de uma porta no corredor externo da fortaleza. Era um anão mais velho e pela armadura e armas, de um posto maior que o dos guardas.

"Ordem da Liberdade. Venham comigo, por favor."Disse o anão

Os aventureiros entraram na fortaleza e seguiram por um corredor descendente. Não havia escadas e sim uma rampa levemente inclinada que seguia circulando aquele nível da cidade. Guaritas e arsenais ficavam nas salas que os aventureiros podiam ver. Logo todos estavam diante de uma plataforma de pedra,madeira e cordas. O anão pediu aos heróis que subissem na plataforma e, assim que todos estavam sobre ela, acionou um dispositivo. Algumas runas no painel brilharam e logo a plataforma estava descendo. Os aventureiros nunca tinham visto algo parecido. O som contínuo da plataforma era um tanto irritante mas o anão parecia acostumado. Era possível ver o centro oco da cidade e seus diversos níveis. Uma verdadeira cidade vertical com comércio e residências espalhadas em quinze níveis escavados na pedra.
Depois de quatro deles, a plataforma parou.

"Chegamos. Os levarei até a sala do trono." Disse o anão

"Como é seu nome, senhor?" Perguntou Ecniv

"Sou Gundur, capitão do Terceiro Regimento." respondeu este

"Capitão Gundur, antes de falarmos com rei, gostaria de saber a respeito de nossos amigos, os Irmãos de Sangue." Disse Arannis

"Olha, não sei quanto a vocês mas eu lembro claramente de ouvir em Skan que Medrash estava aqui. com os anões. Eu quero vê-lo!" Disse Keyra intrometendo-se

"Keyra, vamos pro curá-lo mas agora..."Ia dizendo o paladino de Avandra quando fui subitamente interrompido pelo anão.

"Medrash? Capitão Medrash? Um dragonborn vermelho? Ele está com os Irmãos de Sangue e é líder do quarto regimento, nos níveis inferiores." Disse Gundur

"Temos que ver Medrash, Arannis. Nos devemos isso a ele depois dele ter desaparecido e você...você sabe o que penso do fato de não termos procurado por ele antes!" Disse a meio-elfa irritada

Arannis concordou com a cabeça e dirigiu-se ao anão. "Capitão. Podemos ver Medrash antes de entrar na sala do trono? É muito importante." Perguntou o eladrin

O anão inicialmente fez muxoxo e depois de pensar por uns instantes concordou. Acionou a plataforma e esta desceu novamente. Depois de algum tempo estavam nos níveis inferiores. Havia pouca luz e menos civis. A maior parte dos anões era de guerreiros e operários. Estes últimos ajudavam na construção de barricadas e no acúmulo de entulho no que parecia uma passagem bloqueada num grande túnel.
Um grupo de dragonborns estava no local e um deles, um grande dragonborn vermelho dava ordens aos anões que carregavam toras de madeira e grandes blocos de entulho. Usava uma armadura de couro, não parecia pronto para combater. Porém, a grande espada presa à cintura era imponente, assim como as várias cicatrizes que agora ostentava.

Keyra não pensou duas vezes. Saltou da plataforma móvel e gritou. "Medrash!"
O dragonborn virou-se ao ouvir seu nome e reconheceu a ladina e a Ordem da Liberdade. Ele caminhou em direção a Keyra e esta pendurou-se em seu pescoço, chorando e sorrindo.

"Medrash!"dizia ela soluçando.




Uma hora depois, a Ordem da liberdade estava de volta aos níveis superiores da fortaleza anã. Haviam deixado Medrash cuidando de seus afazeres depois de falar rapidamente com ele e agora o grupo estava indo à enfermaria onde Damara estava ajudando os feridos de várias batalhas no subterrâneo. Gundur estava relutante em ficar passeando com os aventureiros enquanto o rei aguardava na sala do trono, segundo ele. Mesmo assim guiou o grupo pela cidade.
Damara estava na grande sala da enfermaria improvisada. Seus cabelos ruivos estavam presos e seu braço esquerdo imobilizado. Ao seu lado, a pequena figura sinistra de Linfur espreitava.

Soveliss e Damara se beijaram por um bom tempo enquanto os demais esperavam. Linfur, que era de poucas palavras, cumprimentou Keyra, a quem respeitava.
Os dois grupos de aventureiros conversaram por um bom tempo até que Gundur pigarreou e insistiu em que o acompanhassem.

Os aventureiros seguiram Gundur até duas grandes portas, no nível acima, onde dois guardas com alabardas se postavam de cada lado. O grupo entrou num salão enorme com grandes colunas de pedra e onde raios de luz solar chegavam através de um sistema de túneis e espelhos, pelo que Soveliss conseguiu deduzir. No fundo e ao centro do salão havia um trono de pedra descomunal. Era simétrico e com motivos geométricos, como quase tudo na cidade. Sobre o trono estava um anao velho, com longas barbas cinzentas. Usava uma armadura de couro robusta, aparentemente nada confortável, e uma capa feita com peles de lobo. Sobre sua cabeça estava uma coroa de metal simples, sem grandes ornamentos. Diante dele estava outro anão, de costas para os aventureiros.

Quando a Ordem da Liberdade entrou o anão se virou pars insa ver quem havia interrompido sua conversa com o rei. Kraig sorriu ao ver seus amigos. Estava bem vestido e usava uma coroa fina de prata. Sobre seu olho esquerdo havia um tapa-olho negro e não carregava armas, além de uma adaga presa ao cinto.

"Finalmente chegaram!" Urrou Kraig

Seu pai fitou o grupo por alguns instantes. Arannis e os demais comprimentaram Kraig e este se encarregou de apresentá-los.

"Meu rei, estes são meus amigos, a Ordem da Liberdade. Eles vieram ajudar nossa cidade contra o inimigo." Disse Kraig

"Espero que sejam tudo o que meu filho disse que são, aventureiros. Precisamos de mais armas e mais braços fortes para empunhá-las contra os elfos de pele negra dos infernos!" Disse o rei com uma voz parecida com um trovão

"Viemos ajudar, majestade. Vamos fazer o que pudermos para tal." Disse Arannis fazendo uma reverência

Os demais ficaram em silêncio e fizeram uma reverência pois, além de estarem diante de um rei, Baltok Mão de Machado era imponente.

"E nós somos os melhores naquilo que fazemos!" Disse Soveliss, ao que Kraig gargalhou incontrolavelmente