sábado, 27 de fevereiro de 2010

As Ruínas Brancas

"Desgraçados." Disse Keyra enquanto Medrash enfaixava seu braço ferido pelas garras da criatura tumular que jazia aos seus pés.


"Odeio mortos-vivos, é sério Medrash." Disse a meio-elfa.

"Concordo. Mas devemos encontrar mais neste maldito lugar." Disse Medrash olhando para o corredor envolto em trevas.

"Se encontrarmos, Avandra irá nos ajudar e vamos mandá-los de volta ao abismo." Completou Arannis jogando um pouco de água de seu cantil sobre a cabeça.

"Irmão, creio que quanto antes possamos sair deste lugar, melhor." Disse Soveliss enquanto acariciava o pequeno pseudodragão albino em seu ombro.

"Mestre! Kubik ver coisa ruim ali!" Guinchou o goblin apontando para o corredor.

"Vamos. Fiquem juntos." Disse Medrash levantando-se.

Arannis percebeu algo nos escombros e, examinando um cadáver de perto encontrou um pedaço de pergaminho onde o morto havia anotado símbolos estranhos ao lado da escrita anã. Colocou a anotação no bolso e seguiu seus companheiros.

Os aventureiros seguiram pelo corredor e desceram as escadas. Os degraus eram estreitos e altos, dando uma sensação vertiginosa a medida que o grupo descia. No fim da escadaria, uma luz dourada vinha de uma sala. Arannis foi o primeiro a entrar, seguido pelos demais.
Estavam agora num salão de teto alto, com mais ou menos três a quatro metros de altura. Havia uma porta de metal escuro diretamente oposta ao corredor por onde eles haviam chegado. Keyra examinou a porta, procurando uma fechadura e possíveis armadilhas mas nada encontrou. No centro da sala, perto da parede norte, um enorme pedestal de pedra suportava o peso de uma estátua grotesca. A primeira vista parecia um sapo enorme mas, examinando-a de perto, Arannis percebeu ser algum tipo de demônio. Não havia nada que indicasse sua origem mas depois de algum tempo, o eladrin encontrou um botão num dos olhos da estátua. Além disso, algo parecia brilhar na garganta do sapo-demônio. Soveliss disse que certamente era algo mágico e Keyra, tocando a pedra gelada, percebeu que a área da garganta estava quente. Enquanto isso, Medrash e Adrie estavam intrigados com
uma placa de metal com letras estranhas em alto relevo.

"Não consigo entender nada." Resmungou Medrash.

Arannis reconheceu os símbolos. Eram os mesmos contidos no pedaço de pergaminho que ele encontrara minutos antes no cadáver na sala acima.

"Não sei se ajuda mas..."Disse o eladrin entregando as anotações a Medrash.

O dragonborn e Adrie começaram a ler e tentar decifrar a placa de metal enquanto Keyra e Arannis continuavam buscando uma maneira de pegar o objeto mágico dentro da estátua.

"Todos devem servir..."Medrash começou a ler, depois de um bom tempo tentando decifrar a escrita bizarra.

"Não leia isso em voz alta!" Interrompeu Arannis. "Pode ser que ative alguma armadilha ou qualquer coisa do tipo."

Medrash concordou e escreveu o que ele e Adrie haviam decifrado. Todos se reuniram para decidir o que fazer. Estavam no centro da sala, de frente para o pedestal da estátua quando Keyra, que ainda estava examinando o sapo-demônio fez sinal para que se afastassem da área da estátua. Keyra apertou o botão do olho do ídolo de pedra e então jatos de fogo irromperam de duas aberturas pequenas no chão, em frente à placa de metal onde, minutos antes, Adrie e Medrash estiveram.
Segundos depois as chamas se extinguiram.

"Uma bela armadilha. De nada!" Disse Keyra piscando.

Lendo o que Medrash e Adrie haviam escrito, Arannis lembrou-se de algo a respeito do nome sitado na placa. Era o nome de um demônio ou deus antigo, conhecido como o deus do sangue. Os aventureiros não sabiam o que fazer pois a mensagem na placa de metal era enigmática e familiar demais.

"Todos devem servir Kopor, ele guarda o Olho de Vimak." Essas eram as palavras. Depois de muito conversarem, eles decidiram tentar algo. Medrash e Arannis obrigaram o pobre Kubik a dizer as palavras diante da estátua. O goblin gaguejava com medo mas tinha mais medo das ameaças dos dois. Com a voz esganiçada, Kubik disse as palavras mas nada aconteceu.

Medrash tirou o goblin do lugar e falou as palavras em voz alta diante da estátua mas nada aconteceu. O silêncio reinava enquanto os aventureiros esperavam por uma armadilha ou inimigos. Nada aconteceu.
Então Soveliss disse: "Acredito que você deva ajoelhar-se. A placa diz que todos devem servir esse monstros. Servos se ajoelham perante seus mestres."

"Bahamut, meu senhor, me perdoe pelo que irei fazer." Orou rapidamente o dragonborn enquanto se ajoelhava diante de Kopor. "Todos devem servir Kopor, ele guarda o olho de vimak!" Gritou. Nada aconteceu. Então teve uma idéia. Usando sua espada, fez um corte em sua mão esquerda e deixou que o sangue caísse no chão enquanto falava novamente a frase sinistra. Mais uma vez, a estátua de Kopor continuou imóvel.
Então, Medrash tocou a placa de metal com sua mão ferida e o sangue foi sugado magicamente para dentro das letras que brilharam num vermelho intenso. Em seguida, a bocarra da estátua se abriu, assim como a porta de metal. Keyra enfiou o braço dentro da estátua e tirou uma pequena pedra preciosa, parecida com um rubi. A gema brilhava e era quente. Medrash guardou o Olho de Vimak na mochila e os aventureiros seguiram pelo corredor que continuava até uma encruzilhada.

Seguindo reto, havia uma sala quase tão grande quanto a anterior. No centro da sala, um poço emanava uma fraca luz azulada. Diante do poço, um trono de ferro feito de espadas retorcidas assustou os heróis. As lâminas do trono estavam manchadas de sangue e uma pequena placa na base do trono mostrava o nome Vimak.

Soveliss analizou o encanto do poço e, aparentemente ele era abençoado com poderes curativos. Os demais beberam da água mágica e se sentiram renovados. Ferimentos se fecharam e estavam agora gozando de um novo ânimo. Medrash sentou-se no trono e disse o nome de Vimak em voz alta mas nada aconteceu além de cortar-se profundamente com as lâmina da cadeira monstruosa. Então, ele entrou no poço e seus ferimentos se curaram. Arannis fez o mesmo, lavando-se no poço.

Keyra e os demais encheram os cantis com a água abençoada da sala. Os cantis brilhavam com a luz azulada mas quando o grupo deixou a sala, o brilho e os poderes da poção desapareceram.

O grupo seguiu por um corredor onde uma escada descia ainda mais. Porém, no centro da escadaria havia um buraco enorme. Keyra sorriu pois era algo fácil para suas habilidades acrobáticas. Tmou fôlego e correu em direção ao abismo, deu três longas passadas e saltou. Por um instante pareceu voar mas o impulso não fora suficiente e ela caiu antes de chegar ao outro lado do fosso. Keyra desapareceu na escuridão, para a surpresa e desespero de seus amigos. A meio-elfa caiu, esfolando os braços ao tentar segurar-se na parede do fosso. Apesar de não parar sua queda, isso permitiu que a velocidade diminuisse. Ao cair de costas no chão escuro do buraco, Keyra encontrou uma túnica mágica que enrolou e colocou na mochila. Medrash jogou uma corda e a meio-elfa foi resgatada. Tinha ferimentos leves se comparados ao seu orgulho, que estava bem abalado.

Keyra entregou a túnica a Soveliss que usou suas habilidades para entender seu poder. Os demais conseguiram atravessar sem maiores problemas, o que deixou Keyra ainda mais chateada, afinal, saltar agilmente por cima de um fosso era algo corriqueiro para a jovem ladina. Todos atravessaram menos Medrash. O dragonborn tentou saltar mas caiu pesadamente no buraco, ferindo-se bastante. Uma corda foi jogada e Adrie, transformada em urso puxou Medrash para fora.

Depois disso, os aventureiros chegaram a uma sala com uma anorme porta de mithral. A porta era quase branca e finamente polida. Mesmo as teias de aranhas da ruína pareciam evitar a grande porta. Ao lado dela, um gongo de bronze balançava suavemente quando os heróis chegaram. Antes que qualquer um pudesse examinar a porta, Adrie, impulsivamente, tocou o congo. O som se alastrou pela sala, morrendo aos poucos enquanto todos olhavam para a aelfa, reprovando sua atitude impensada.

"O que foi? Isso deve abrir a porta ora." Disse a druída.

E ela estava certa. A massiva porta de mithral se abriu, mostrando uma sala de teto baixo onde Medrash tinha que curvar um pouco o corpo para pode andar. No centro da sala havia uma pequena piscina de água suja com alguns degraus de pedra. à esquerda da porta, um pequeno pedestal ostentava o que parecia ser uma pedra azul lisa. Símbolos mágicos brilhavam no chão ao redor do pedestal, com a mesma luz suave do poço de cura no andar superior do templo. Soveliss deduziu que se tratava de outra magia de cura.
As paredes eram frias e úmidas, cobertas de limo. Em torno da sala, perto do teto haviam vários buracos cobertos de limo e fedendo a mofo. Um gotejar podia ser ouvido pelos aventureiros embora não fosse possível saber de onde vinha. Medrash havia notado uma rachadura numa das paredes enquanto eles examinavam a sala. Arannis e Adrie notaram um sarcófago de pedra com uma figura esculpida na tampa. Parecia ser um guerreiro segurando uma espada sobre o corpo mas suas feições eram estranhas aos heróis.

"Vamos abrir?" Perguntou Adrie.

"Não sei. Acho que já encontramos o que viemos buscar. É melhor irmos embora." Respondeu o paladino de Avandra.

Enquanto discutiam que rumo tomar, Keyra resolveu usar o poder de cura do pedestal pois as escoriações da queda no fosso a estavam incomodando. Tocou a pedra azul e imediatamente a luz que iluminava a sala desapareceu. Keyra ouviu o som de pedra raspando e então água começou a jorrar em jatos violentos pelos buracos nas paredes da sala. Soveliss tentou correr na direção da porta de mithral mas esta fechou-se com um estrondo.A água começava a subir rapidamente e não havia saída da sala.

"Vamos abrir!" Disse Arannis empurrando a tampa do túmulo. Adrie transformou-se em urso e o ajudou. A tampa caiu e quebrou-se em mil pedaços. Dentro do sarcófago havia um esqueleto antigo. Uma espada velha jazia ao seu lado e duas braçadeiras mágicas de metal repousavam aos seus pés. Arannis pegou as braçadeiras e as enfiou rapidamente na mochila.

"Me ajudem aqui! É a única saída!" Gritou Medrash enquanto golpeava a rachadura na parede com o ombro. "Rápido!"

Soveliss disparou mísseis mágicos contra a rachadura enquanto Arannis, Keyra e Adrie tentavam quebrar a parede com Medrash. Até Kubik batia com uma pedra, tentando aumentar a rachadura. A água subia rapidamente.

Minutos depois, Kubik boiava sobre a mochila de Soveliss enquanto o grupo tentava lutar para ficar de pé na água turva que já estava acima da cintura. A rachadura havia aumentado mas não muito. O pseudodragão de Soveliss havia entrado no buraco e cavava enquanto todos tentavam arrebentar a parede para sair da sala que logo seriam um túmulo submerso. Seu túmulo.

A água inundou a sala por completo, deixando apenas um pequeno espaço entre ela e o teto onde os heróis ainda conseguiam um pouco de ar. Porém, os jatos continuavam a preencher a sala. Medrash pegou um último folego e mergulhou na água escura. Ele juntou os punhos e golpeou pela última vez a rachadura. Nada aconteceu e por alguns instantes os heróis acreditaram que era seu fim. Porém, a parede rachou e sucumbiu ruidosamente, sugando a água e os aventureiros por um túnel subterrâneo.

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