domingo, 28 de março de 2010

As Sete Jóias

Adrie sentia dor nos dedos das mãos enquanto descia pela encosta rochosa da montanha. Apesar disso, suas passadas eram firmes e a elfa sabia exatamente onde segurar-se para não cair até a morte na floresta abaixo. O vento estava fraco naquela tarde e a druida parava às vezes para ver se seus amigos estavam bem. Acima dela, Keyra descia com a mesma facilidade. Não tinham cordas e, por isso, a descida era perigosa.
Medrash carregava Kubik nas costas e cravava suas garras no paredão de granito. Arannis vinha acima dele, apoiando-se com dificuldade em pedras que, às vezes, se soltavam e caíam sem ferir seus companheiros. Soveliss vinha por último, ajudando Anna, a jovem escrava que libertaram no subterrâneo.

De repente, Adrie ouviu um grito e viu Soveliss despencar. O eladrin passou por ela rápido demais para ser pego e desapareceu em meio às árvores. Medrash havia caído também mas uma saliência na montanha salvara sua vida.

Adrie começou a descer mais e mais rápido, esperando encontrar Soveliss ainda com vida. Nos últimos metros, a elfa lançou-se para as árvores e, agarrando-se aos galhos, consegiu pousar suavemente no chão da floresta.

Soveliss estava lá, inconsciente. Mal respirava. Adrie correu até ele e tentou reanimá-lo. Nesse instante, Keyra apareceu, saltando como um felino de uma das árvores. Medrash, Anna e Arannis a seguiram, estes descendo com cuidado pela encosta.

Adrie sussurrou algo no ouvido de Soveliss e então sua mão brilhou suavemente com uma luz esverdeada. A elfa tocou o peito do eladrin e este abriu os olhos, voltando à consciência.

Estavam feridos mas estavam bem. Arannis chamou os demais pois havia encontrado uma pequena gruta onde poderiam descansar. Ele e Medrash cortaram galhos com os quais fizeram um abrigo, fechando a gruta. Adrie então entoou um cântico suave e logo dezenas de pequenos seres luminosos limpavam o local e montavam camas de musgo e umça fogueira com pedras ao redor.

"As fadas da Floresta Castanha são amigas do meu povo."Disse a druida deitando-se numa das macias camas verdes.

Os heróis passaram uma noite tranquila e seguiram viagem logo pela manhã, esperando alcançar Duaspedras em dois dias. No fim do dia, enquanto caminhavam numa área de grandes árvores, duas criaturas surgiram, flanqueando o grupo. Eram seres vagamente humanóides mas tinham a pele escura como madeira antiga e estavam cobertas por folhas, musgo e galhos velhos.
As dríades sussurraram em sua língua milenar e atacaram os intrusos. Adrie transformou-se num emaranhado de garras, pêlos e névoa e atacou. Keyra esquivava-se mal por causa do terreno e sofreu com os ataques das criaturas da floresta.

Medrash estava mais à frente com Arannis e não viram quando uma enorme criatura feita de plantas apareceu atrás deles. O monstro atacou com seus poderosos braços, tentando esmagá-los, enquanto tentáculos de plantas se mexiam na direção dos dois.

Soveliss foi atacado por uma das dríades. as criaturas eram rápidas e resistentes. Por um instante, o mago olhou para a enorme criatura que atacava seu irmão e lembrou-se do que era aquela fera.

"Não use a espada elétrica! Raios curam esse monstro!"Gritou

Arannis estava inspirado naquele dia. O monstro golpeava e o paladino esquivava-se com graça, evitando os tentáculos. O eladrin girava sua espada mágica sem usar os poderes e atingia em cheio o monstro que tentava em vão atingir o paladino de Avandra. Medrash ajudava mas era mais lento e o monstro, depois de atingir o dragonborn com dois golpes terríveis, puxou-o para dentro de si, afim de devorá-lo.

Medrash estava dentro da criatura. Era possível ver sua mão com a espada e uma de suas pernas mas o resto do dragonborn estava englobado pelas plantas. Medrash urrou e rasgou o monstro para sair, caído ao lado da criatura. Arannis atacou ferozmente, ajudando seu companheiro.

A luta levou alguns minutos mas logo a grande criatura e suas dríades estavam mortas no chão da floresta.

Dois dias depois, cansados, os heróis chegaram ao Monte dos Túmulos, a grande colina repleta de pedras tumulares dos habitantes de Duaspedras. Do topo do monte, os aventureiros conseguíam ver a aldeia e suspiraram aliviados.
Andaram por mais quatro horas até que chegaram à aldeia e tiveram uma surpresa nada agradável.

Ben Talonshield, o líder da aldeia, estava no chão, cercado por bandidos. Outros camponeses estavam ao redor, com medo. Um homem com um machado enorme estava atrás de Ben e esperava a ordem para cortar sua única perna. Havia um homem magro de feições aquilinas e uma barba pontiaguda diante dele.

Medrash e Arannis estavam indo à frente, acompanhados por Adrie em forma de pantera, quando foram vistos pelos bandidos.

"Ah! Aventureiros é? Não vão interferir vão? Esta aldeia é nossa! Saiam daqui!"Disse o homem magro com uma voz esganiçada.

Medrash segurou o cabo da espada e Adrie rosnou mas Arannis segurou a pantera e disse calmamente: "Tudo bem. Nós não vamos inerferir. Estamos de passagem."

"Acho bom!"Disse o homem rindo

Arannis e os demais se afastaram e o paladino sinalizou para que circundassem a casa ao lado para atacar os bandidos por trás. Ao longe, Keyra entendeu o plano e saiu correndo na direção oposta, dando a volta, pois havia visto um arqueiro bem posicionado com duas guard drakes ao lado dele.

Adrie, enfurecida, soltou-se de Arannis e correu em sua forma de pantera na direção do homem do machado, que se preparava para decepar a perna de Ben. A pantera rugiu e saltou. Em pleno ar, transformou-se em lobo e caiu sobre o guerreiro mordendo-lhe o braço. Em seguida uivou e mágicamente surgiu um lobo feito de energía mistica atrás do bandido. Os dois lobos agora atacavam o bárbaro coordenadamente.

O arqueiro assoviou e as duas drakes correram na direção de Adrie e seu lobo invocado. Os lagartos eram do tamanho de cães e corriam em duas patas. Mordiam e guinchavam.

Arannis atacou junto com Medrash e os bandidos revidaram. Enquanto isso, os camponeses pegaram Ben e fugiram, afastando-se da batalha.

Soveliss teleportou-se para cima de uma casa e, usando sua magia, invocou uma mão de gelo enorme que agarrou o homem magro, líder dos bandidos. A mão levantou o homem até uma altura considerável enquanto este gritava desesperado por causa das queimaduras de gelo da mão. Então, Soveliss abriu sua mão e a mão de gelo obedeceu seu comando, soltando o homem.

O arqueiro havia atingido Adrie duas vezes e preparava outra flecha quando uma sombra apareceu atrás dele. Keyra segurou o homem com uma mão e com sua adaga mágica esfaqueou-o nas costas. O ferimento ficou negro instantaneamente e o homem soltou o arco e fugiu, enquanto os heróis acabavam de vencer os outros bandidos.


Depois que os bandidos haviam sido derrotados, Ben e outros aldeões apareceram. Ben agradeceu muitas vezes e falou de como os bandidos haviam chegado há duas semanas e aterrorizado a vila. Disse também que Malcor, o dono do Dragão Ébrio havia sido morto. As filhas gêmeas do taverneiro, junto com a mãe, estavam agora cuidando dos restos mortais.
Lia e Ania choravam com sua mãe mas Ania parecia menos abalada ou talvez estivesse em choque.

Arannis e Keyra foram até a taverna enquanto Medrash e Soveliss ajudavam os camponeses. Adrie transformou-se em pantera e seguiu a pista do arqueiro bandido. Seguindo seu olfato, a druida chegou até uma clareira na floresta onde estava o homem, sangrando e com o braço completamente negro devido à magia da adaga de Keyra.

Adrie rosnou e se aproximou do arqueiro que se levantou. Então, uma flecha sibilou e atingiu o homem na testa. O corpo caiu inerte ao lado de Adrie que assumia a forma de elfa nesse instante.

"Pai?"Disse ela ao ver Salis, o elfo.

"Adrie."Respondeu o ranger friamente

"Pai, você está bem? Nós salvamos a vila mas onde você estava? Você era o protetor deles!"

"Eu...falhei com eles Adrie."Disse Salis guardando o arco

"Pai, fale comigo eu, eu senti sua falta e..."

"Adeus Adrie. Boa sorte para você e seus amigos."Disse o elfo interrompendo-a.

"Pai...eu te amo."Disse a druída com lágrimas nos olhos

"Eu também."Disse o elfo sem olhar para trás, desaparecendo na floresta.

Arannis entrou no Dragão Ébrio enquanto Keyra ficou na praça da aldeia, observando. Ao entrar, o paladino viu um corpo caído. Era um dos bandidos. Sentada numa mesa da taverna estava uma mulher em trajes negros. Tinha longos cabelos negros e usava uma fina tiara de ouro. Seus olhos, de um azul estranhamente pálido brilhavam na penumbra. Tinha um rosto belo e traços finos.

"Olá. Finalmente nos encontramos, paladino."Disse a mulher com uma voz suave

"Quem é você e como sabe quem sou? Está com esses bandidos?" Respondeu o eladrin

"Não. Estou aqui porque vocês fizeram uma grande besteira. Vim ajudar vocês."

Arannis ficou calado tentando decifrar as intenções da mulher. Foi então que percebeu que além de muito pálida, ela tinha caninos afiados. "Uma vampira."Pensou o eladrin

"Eu sei o que você é. Você tem se alimentado dos aldeões, monstro?" Perguntou ele segurando o cabo da espada

"Claro que não. Somente um ou outro bandido. Mas não é sobre isso que vim falar com você."

Nesse instante, Keyra, que estava vendo tudo pela janela, entrou na taverna e sentou-se atrás do balcão, observando. Lia, uma das filhas do taverneiro estava saíndo da cozinha e Keyra falou algo em seu ouvido, fazendo sinal para que fosse embora.

"Quero ajudar vocês a destruir Agrom-Vimak de uma vez por todas. Querem minha ajuda ou não?"Disse a vampira

"Como pode nos ajudar?"Perguntou Arannis

"Se quiserem minha ajuda, lhes darei isto." Respondeu ela colocando um pergaminho sobre a mesa. "É com isto que vão derrotar Vimak."

Arannis olhou para Keyra por alguns segundos e esta perguntou: "Como encontramos você e como você se chama?"

A vampira sorriu enquanto seu olhar parecia devorar a meio-elfa. "Eu encontro vocês."

"Você não tem nome? Vou ter que inventar um?" Disse a ladina sorrindo

"Eu entrarei em contato. Temos um acordo, paladino de Avandra?"

"Sim, por enquanto." Respondeu Arannis enquanto pegava o pergaminho que lhe era entregue.

A vampira sorriu e levantou-se. Era bela e caminhava graciosamente. Na porta, sorriu novamente para Keyra e, enquanto Medrash, Soveliss e Adrie chegavam, sacou uma pequena estatueta da bolsa. Tinha o formato de um morcego. Em seguida, na frente dos aventureiros, lançou o morcego ao ar e este cresceu até se transformar numa estátua viva do tamanho de um cavalo. A vampira montou na estátua de morcego e alçou vôo.

Keyra e Arannis contaram o que havia acontecido aos demais. Juntos abriram o pergaminho que estava numa língua estranha. Por sorte, no combate contra as dríades, Soveliss encontrara um par de lentes mágicas. O mago usou o item e conseguiu ler a língua antiga.

"No vigésimo dia da batalha, Agrom-Vimak foi derrotado e sua espada partida em três pedaços. Os Sete decidiram esconder os fragmentos em lugares distantes. Um deles foi enterrado com seu dono. Outro foi levado ao templo branco de Kalag e o último perdeu-se em sua jornada para o norte. Assim perdeu-se a Espada Rubra de Agrom-Vimak e que permaneça perdida para todo o sempre." Leu Soveliss em voz alta.

"Os Sete então partiram para seus respectivos reinos, levando consigo as Sete Jóias, com as quais o poder de Agrom-Vimak foi negado." Continuou

"Tem nomes aqui. Dos Sete. Ao lado de cada nome tem o nome do reino ou da região e a cor da jóia." Disse o mago enquanto lia.

"Qual é o primeiro da lista?" Perguntou Medrash

"Vodendrin o Necromante. Levou a pedra para o oeste." Respondeu Soveliss.

"Oeste? Ilíria? O mar?"Perguntou Adrie

"Não diz nada a respeito. Os demais estão em lugares muito distantes."Disse o mago eladrin

"O que vamos fazer?" Perguntou Arannis

Enquanto resolviam, Keyra deixou a taverna. No caminho viu uma das filhas do taverneiro. Esta chorava mas tinha um olhar perdido, um tanto sinistro.

"Você está bem?"Perguntou Keyra à menina, que tinha seus quinze anos de idade. "Você se chama..."

"Ania."Respondeu friamente a garota

"Ania, o que você tem nas mãos?"Perguntou a ladina ao ver que a menina segurava um medalhão negro

"É meu. Não quero mostrar."Respondeu Ania

"Tudo bem. Não vou contar a ninguém."

A menina pareceu confiar em Keyra e mostrou. Era um medalhão escuro com um símbolo. Keyra não sabia onde tinha visto o desenho e lembrou-se que Arannis conhecia melhor essas coisas.

"Eu vou ter vingança. Meu pai foi morto e vai ser vingado."Disse a menina subitamente. "Me leve para Ilíria com vocês. Preciso ir para lá." Disse a menina

Keyra pensou por um tempo e depois respondeu: "Se formos para Ilíria e sua mãe permitir, sim."

A ladina então retornou à taverna e contou tudo a Arannis. Este ficou preocupado e decidido a falar com a jovem a respeito desse sentimento de vingança.
Horas depois, quando o grupo já havia decidido ir para Ilíria no dia seguinte, afim de descobrir mais sobre o pergaminho dado a eles pela vampira, Arannis chamou Ania para conversar.

"Posso ver o medalhão?"Perguntou firme

A menina esitou por alguns segundos e então mostrou a peça ao paladino. Este a reconheceu comos endo o símbolo de Bane, o deus maligno da guerra e conquista. O paladino ficou chocado por alguns instantes.

"Quem deu isso a você?"Perguntou

"A mulher de negro que estava aqui. Ela disse que a igreja de Bane me ajudaria."Respondeu a menina. "Vocês me levam para Ilíria?"

Arannis pensou. Olhou para os demais. Olhou para Ania que aguardava uma resposta.

"Sim. Você virá conosco."Respondeu o paladino de Avandra determinado a minar a idéia de vingança e de seguir Bane da cabeça da garota durante a viagem.

No dia seguinte, munidos de cavalos dados por Ben Talonshield, os heróis de Duaspedras partiram. Com eles estava a jovem Ania.

Depois de um dia de viagem, os aventureiros saíram da estrada na floresta. estavam agora nas planícies altas por onde a estrada serpenteava. Os campos estavam floridos e o vento era suave. Depois de subirem por uma colina mais alta, avistaram um homem sentado num tronco de árvore caído. Estava assando um esquilo numa pequena fogueira quando Keyra se aproximou.

"Olá!"Disse ela sorridente

O homem, um jovem de seus vinte e cinco anos sorriu ao ver a meio-elfa. Ele era branco e tinha olhos de um azul profundo. Seu cabelo era escuro e liso e trajava uma cota de malha curta, botas altas e roupas escuras. Sua capa era azul e adornada por enfeites em prata. Tinha uma espada longa presa ao cinto. Era alto e de boa aparência.

"Olá...me chamo Kyon. E você?"Disse fazendo uma longa reverência

"Keyra. Você está sozinho aqui?"

"Sim. Estou vagando por aí. Tive um contratempo com meu antigo grupo, os Irmãos de Sangue e acabei chegando a esta planície." Disse ele sem tirar os belos olhos azuis de Keyra.

"Os Irmãos de Sangue...sei."

"Posso juntar-me a vocês? Estou indo para Ilíria também."Disse ele quando os demais chegaram.

O grupo pensou por um tempo e então Arannis e Keyra falaram ao mesmo tempo. "Sim, claro."

Kyon Ortankler juntou-se a eles e durante a jornada contou sobre suas aventuras. Arannis descobriu que Kyon era irmão de Yalin, uma jovem paladina que conhecera anos atrás na cidade.

Os aventureiros estavam felizes por ter saído do subterrâneo e salvado Duaspedras novamente. Porém, uma longa jornada de perigos estava apenas começando...

3 comentários:

  1. Ficou legal. Mas não precisa de muito para saber que a vampira está usando o grupo para fins pessoais...


    Pelor

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  2. Muito legal!! Esta ficando cada vez melhor!

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  3. Ta muito legal to doido pra voltar

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