sexta-feira, 19 de março de 2010

A Escuridão - Parte V

Adrie, Keyra, Medrash e Anna estavam de pé no convés de um barco. O homem que era seu novo dono era um humano mas seus servos eram outros escravos e alguns drows. Ele tinha cabelos ruivos longos e lisos e falava pouco. Por três dias, navegaram até chegar a Xindrak. Era uma cidade escura, negra, iluminada por faróis de cor roxa.

O feitor de escravos, um drow, abriu os colares para colocar novos e foi nesse momento que Adrie se jogou no rio escuro, transformando-se num rato para em seguida desaparecer na escuridão.
Medrash e Keyra foram levados para a casa do humano ruivo. Depois de alguns dias, Keyra se tornou a espiã do homem. Ele a usava para invadir a casa de drows influentes e até mesmo para matar alguns deles. Ela foi equipada e aprendeu a língua do subterrâneo rapidamente. Medrash recebeu equipamento mas só podia ser usado em ocasiões especiais, quando o dragonborn lutava na arena da cidade em nome de seu dono. Adrie passou a viver nas ruas da cidade, escondendo-se o tempo todo.


O Vizarii brilhou na escuridão e apareceu magicamente a cem metros do cais de Xindrak, a cidade dos drows. O barco githzerai pousou sobre as águas negras e navegou como uma embarcação comum até a doca. Dois soldados drows estavam no cais e conversavam sobre amenidades em sua língua. O capitão apressou-se em saudar os elfos negros com um tom quase servil.

"Saudações poderrrosos senhorrres do subterrãneo! Trrrago merrrcadorrrias parrra todos vocês!"Disse o githzerai.

Os drows se entreolharam e saltaram sobre o convés. "O que tem de bom em seu maldito barco, gith?"Disse um deles, o mais alto.

O outro começou a verificar a carga do barco enquanto o primeiro olhava fixamente para outros dois drows no convés.

"Quem são vocês?"Perguntou num tom autoritário

"Não é da sua conta. Viemos comprar escravos e é só o que você precisa saber."Disse Soveliss na língua drow, imitando a forma arrogante com que seus odiados inimigos falavam.

"Isso mesmo. Onde achamos escravos aqui?"Disse Arannis segurando o cabo da espada

"Na taverna. O Olho do Monstro. Lá tem mercadores de escravos."Respondeu o guarda "De onde vocês são mesmo?"Perguntou

"Como meu irmão disse, não é de sua maldita conta, escória plebéia."Disse Arannis enquanto Bahamut pousava no seu ombro.

O drow examinou os dois de cima a baixo e sorriu. "Vão."

Soveliss saltou para a doca com Kubik e Bahamut e Arannis se aproximou do capitão e sussurrou na língua do subterrâneo. "Lembre-se do acordo. Você nos espera até estarmos de volta com nossos amigos e o outro para as passagens. Quanto tempo disse que vai durar o efeito da poção?"

"Cinco horrras amigo. Tenham cuidado. Eu esperrrarrrei por vocês."Respondeu o githzerai sorrindo.
Os gêmeos, transformados em drows por completo, seguiram pelas ruas da cidade escura acompanhados pelos olhares curiosos de outros elfos-negros.

Os gritos da turba eram ensurdecedores. Os drows negociavam apostas ao redor do fosso da arena, cujas paredes eram revestidas por um metal enegrecido e manchado de sangue. A taverna O Olho do Monstro era grande e suas longas mesas retangulares de pedra estavam apinhadas de elfos negros que bebiam e discutiam. As luzes do lugar eram amarelas e uns poucos braseiros aqueciam o ambiente.

Adrie percorria as paredes da taverna na forma de uma aranha do tamanho de um punho. Como os drows veneravam as aranhas, essa era a forma animal mais segura para se andar pela cidade.
Vários drows estavam reunidos ao redor de uma mesa e gritavam balançando sacos de moedas. No pouco que Adrie entendia da língua do subterrâneo, ficou claro que era um leilão de escravos. Um drow estava sentado e negociava com os demais. Sobre a mesa, colares de escravo e pequenas pedras mágicas, além de muitas moedas de ouro.

Quando um escravo foi vendido, o drow pegou uma das pedras e a encostou no colar que este usava. O colar abriu-se magicamente. As pedras eram a chave da fuga de Keyra e Medrash, sem falar da jovem Anna que havia sido vendida com eles.

Adrie havia evitado o drow do elmo de caveira, o mesmo que matara um orc nas cavernas meses atrás. O drow, conhecido na cidade como Pesadelo, tinha um olho postiço. Era uma jóia mágica que lhe permitia ver a verdadeira forma da elfa. Portanto, a jovem druida evitava ao máximo o terrível inimigo. Ela estava no teto, acima da mesa do mercador de escravos e ficou observando, esperando o momento certo.

Os gritos ao redor da arena aumentaram quando Medrash entrou por uma pequena porta. Vestia uma armadura escura e levava nas mãos uma espada dragonborn e um escudo grande de boa qualidade. Do outro lado da arena, um orc urrava selvagem. Usava apenas uma tanga de peles e um machado enorme de pedra. Sua pele era marcada por cicatrizes e tatuagens tribais e lhe faltava o olho direito.
Medrash pisou na terra batida do fosso e fitou seu adversário. O jovem dragonborn tinha agora várias cicatrizes e havia sobrevivido a mais de seis lutas na arena. "Orc. Ainda bem que não é um inocente. Vamos acabar com isso logo."Pensou

O orc gritava e levantava o machado, exibindo-se e Medrash lembrou-se das regras da arena. "Não há regras. Viva ou morra."Disse a si mesmo.

"Bahamut!"Gritou, invocando o deus da justiça. Em seguida, o dragonborn correu na direção do orc e atacou. Ele desferiu um golpe que teria partido o inimigo em dois mas o orc, apesar de estar distraído exibindo-se, girou para o lado do escudo de Medrash.

O machado girou no ar e caiu pesadamente sobre o escudo. Medrash sentiu o golpe e cerrou os dentes ao ver o sangue escorrer de seu braço esquerdo.
Gritando, o dragonborn atacou com sua espada ferindo a barriga do orc. Apesar do ferimento, o orc pareceu não importar-se com o sangue que escorria. Medrash recuou e viu o machado de pedra vindo em sua direção. Desta vez a arma rústica atingiu o peitoral de sua armadura, empurrando-o. Foi então que a famosa fúria dragonborn emergiu. Medrash rosnou e correu na direção do orc, posicionando o escudo à frente, empurrando o orc para trás e derrubando-o.

Antes que o adversário ficasse de pé, Medrash abriu a boca e uma anorme labareda saiu dela, queimando a pele e chamuscando o cabelo do orc. Medrash não perdeu tempo e, movendo-se rapidamente, girou o corpo, aumentando o arco de ataque de sua espada dragonborn. A lâmina sibilou em pleno ar e atingiu o orc no pescoço, decapitando-o.

A multidão silenciou. O Estrangeiro, como era conhecido o humano ruivo, sorriu e começou a coletar o dinheiro ganho no embate. Alguns drows descontentes começaram a discutir e então uma briga irrompeu na taverna. Era o momento certo. Adrie saltou do teto e assumiu sua forma verdadeira em pleno ar, caindo sobre a mesa de pedra transformada em elfa. Agarrou uma das pedras-chave e pulou da mesa, transformando-se num gato preto enquanto os drows gritavam enfurecidos. "Matem o elfo!"
Adrie desapareceu nas ruas da cidade.

Arannis e Soveliss estavam nas ruas quando o mago viu um gato negro atravessar correndo. "Gatos no subterrâneo?Algo está errado."Pensou Soveliss enquanto puxava seu irmão pelo braço, seguindo o gato.

Adrie correu, fugindo de dois drows. Entrou num beco sem saída e temeu pela sua vida quando Arannis e Soveliss apareceram. Para ela, eram drows. Porém, ao ver Bahamut e Kubik, a druída percebeu que os gêmeos drows eram seus amigos.

Transformou-se novamente e abraçou os dois depois que estes falaram seus nomes.
Por mais de uma hora conversaram e Adrie contou tudo o que havia acontecido nos últimos três meses. Decidiram libertar Keyra e Medrash com as pedras-chave mas antes Soveliss sugeriu que tentassem comprar os dois negociando com o Estrangeiro.

Adrie levou os gêmeos até a casa do ruivo, transformada em rato. Ao chegarem, foram recebidos por um criado que, intimidado pelo tom de voz autoritário dos falsos drows, foi rapidamente chamar seu mestre. O homem desceu as escadas da casa e olhou os dois drows.

"O que querem comigo?"Disse sem parecer intimidado

"Viemos comprar seu escravo, o lutador."Disse Arannis

"Não está a venda."Respondeu friamente o Estrangeiro

"Temos algo que vale muito. Já ouviu falar na espada de Agrom-Vimak?"Disse Soveliss para a surpresa de seu irmão.

"A espada?Vocês tem a espada?"Disse o ruivo com os olhos arregalados

"Temos uma parte. Vale o lucro de seu escravo por anos."Disse Soveliss

"Mostrem."

"Não está aqui."Responderam os dois em uníssono.

"Entao tragam e negociaremos. Agora saiam da minha casa, drows."

Os gêmeos saíram, pensando no que fazer em seguida. Adrie os encontrou em seguida. Tinhda consigo várias anotações e um mapa das montanhas a nordeste da Floresta das Aranhas. Disse pertencerem ao ruivo que também parecia estar atrás da Espada Rubra. O grupo seguiu até um beco perto do templo de Lolth. Segundo Adrie, ela e Keyra sabiam que havia um portal dentro do templo. Um portal que os levaria para a liberdade.

Quando estavam quase chegando ao templo, um drow usando roupas negras de couro se aproximou e falou na língua do subterrâneo com um sotaque estranho.
"Sou eu, Keyra."Disse o drow sorrindo. "Estou usando esta pedra mágica. Ela me permite assumir outras formas."Disse mostrando uma esfera negra.

Depois de conversarem por algum tempo, decidiram libertar Medrash escondidos. Voltaram até a casa do Estrangeiro e encontraram Medrash na jaula dos escravos. Depois de o libertarem, entraram na casa escondidos depois que Keyra abriu a fechadura. Medrash pegou as armas e armadura que usava nas lutas e então o grupo seguiu de volta ao templo de Lolth, levando Anna com eles.

Estavam perto do grande templo quando viram uma movimentação enorme na praça. Drows e mais drows observavam enquanto Pesadelo, o terrível general drow esganava o capitão do Vizarii.
"Vamos sair daqui e rápido."Disse Arannis "Não temos mais o barco."

O grupo começou a caminhar na direção do templo quando Soveliss olhou para seu irmão e viu que era um eladrin. O efeito da poção havia acabado. Arannis olhou para Soveliss e então viu que dezenas de drows gritavam e apontavam para eles.

"Matem os elfos! matem!" Gritavam

Adrie, Kubik, Bahamut, Keyra, Soveliss, Medrash e Arannis correram como nunca. Entraram no templo e fecharam as enormes portas gradeadas, passando o ferrolho. Os drows disparavam setas envenenadas e tentavam abrir o portão.

"Para o portal! Rápido!" Gritou Keyra

Eles correram até a pequena sala do portal e fecharam a porta atrás deles. Soveliss começou a ativar as runas mágicas junto com Adrie enquanto os demais se posicionavam. No chão, o portal formou a imagem de uma pradaria sob o sol da primavera.

"Finalmente vamos sair desta maldita escuridão!"Disse Medrash aliviado e então uma porta se abriu atrás dele. Um enorme troll apareceu e atacou o dragonborn com suas longas garras negras. Medrash estava muito ferido mas conseguiu chegar até o portal, onde estavam os demais.

"Vamos!"Gritou Arannis "Agora!"

Soveliss apertou a última runa e eles desapareceram, deixando o troll para trás. Por um instante, viram a pradaria com nitidez mas então tudo ficou branco. Os dois pedaços da espada brilharam nas bolsas mágicas e então a escuridão e o silêncio reinaram. estavam agora numa sala totalmente escura e sem ar. Soveliss usou sua magia para iluminar o lugar. Estavam numa tumba e, sobre um sarcófago estava a lâmina vermelha.

Arannis pegou a espada com facilidade e a guardou. Estavam todos cansados.

"Vamos descansar aqui. Parece seguro."Disse o paladino.

Nesse instante a porta da tumba se abriu. Luz de tochas iluminou a sala. Uma humana trajando uma armadura cor de bronze e com uma enorme espada nas mãos apareceu. Tinha cabelos ruivos longos e era muito alta. Ao seu lado, um elfo tinha duas flechas no arco e apontava para Soveliss. Um anão levava a tocha na mão do escudo e tinha uma espada na outra. Um halfling sorria com seis facas nas mãos.

"Somos os Irmãos de Sangue. Quem são vocês e o que fazem em nosso labirinto?"Disse a ruiva

Um comentário:

  1. Pessoas, me perdoem pelo problema de edição do texto. Não sei o que está havendo. Prometo que consertarei nas próximas postagens do blog.

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