domingo, 16 de maio de 2010

A Ilha dos Mortos - Parte III

"Cuidado!" Gritou Arannis enquanto era atacado por dois ghouls dentro de um corredor

Soveliss estava sendo protegido por Adrie, que mudava de forma a cada ataque que fazia. Ecniv havia sido arremessado longe por um ghoul estranho com a barriga tomada por algo que parecia energía. Keyra, usando sua pedra de disfarce, mudou de forma, ficando idêntica ao ghoul, mas segurando suas armas. Kubik estava escondido atrás de um dos pilares, gritando de medo ao ver os mortos-vivos.

A luta começara mal. Cada um atacou o primeiro morto-vivo que viu e logo o combate estava um caos. Arannis se afastou demais do grupo e foi cercado pelos dois ghouls que mordiam sua armadura, atingindo sua carne, enquanto suas garras rasgavam sua pele. Ele se sentia tonto e mal conseguia lutar com as criaturas.

Ecniv estava com medo. Havia despertado poucas horas atrás de um transe de quarenta anose já estava lutando ao lado de um grupo de desconhecidos. Além disso, a falta de organização causou estranhesa no gnomo que tentava correr e fugir dos ataques do ghoul modificado magicamente.

Os mortos-vivos atacavam implacavelmente e tudo parecia perdido. Então, Ecniv curou Keyra e esta moveu-se para mais perto do grupo. Soveliss passou a controlar a área com suas magias e Adrie chegou perto de Arannis para ajudar. O próprio paladino, tomado por um momento de inspiração divina, derrotou os dois ghouls numa série de golpes e fintas perfeitas. Decepou a cabeça das duas criaturas e saiu vitorioso, retornando até o grupo para ajudar os demais.

No fim do combate, o paladino de avandra estava ferido, mancava e seus companheiros não estavam em tão melhor estado. Mas haviam vencido as criaturas.

Durante toda a viagem na ilha, haviam visto brumas que se juntavam e pareciam formar um crânio ornamentado por uma coroa. A presença os seguiu até o salão. Agora, quando descansavam, a forma etérea surgiu novamente, causando preocupação.

"Onde diabos está Medrash?!" Disse Keyra visilmente preocupada. "Temos que encontrá-lo!"

"Encontraremos. Mas não faça nada de errado."Disse Arannis enquanto Adrie fazia alguns curativos em seu pescoço mordido.

Soveliss não conteve sua curiosidade e apertou a cabeça de anão no pilar. Nada aconteceu.
Adrie vasculhou as quatro salas perto do lugar onde haviam lutado, e encontrou algo numa delas. Um cheiro metálico levou o grupo até uma mesa de pedra onde um machado de duas mãos descansava, provavelmente há centenas de anos. Ecniv saltou sobre a mesa e pensou em levantar a arma mas Keyra tratou de pedir que ficasse quieto, enquanto ela verificava a existência de armadilhas.

A arma era magnífica. Trabalho anão, com certeza, e extremamente afiada. Keyra pegou o machado e usou suas novas luvas, encontradas na clareira dos espelhos. O machado desapareceu, ficando guardado magicamente numa das delas.

Depois de mais buscas, decidiram continuar.

Seguiram por um longo corredor até uma arcada bastante característica da arquitetura anã. Depois disso estavam numa grande caverna e, com a luz das tochas mágicas, conseguiram ver o que parecia ser uma cidade. Vagaram pela rua principal e era possível notar que as acasas e demais construções eram extremamente antigas. O que parecia ter sido um centro comercial era agora um espaço aberto em meio às casas. O tempo todo, uma sensação de opressão pairava no ar. Vultos se mexiam na escuridão, chamando a atenção dos aventureiros a cada passo. Era dificil não sentir medo pois o perigo assombrava cada movimento deles.

Chegaram finalmente a uma ponte de pedra muito antiga que atravessava um abismo. Adrie jogou uma pedra esperando saber a profundidade do buraco mas nada se ouviu. Decidiram atravessar a ponte que parecia muito segura. Nesse instante, o som de ossos estalando se ouviu e em coisa de segundos, onze esqueletos atacavam o grupo sobre a ponte.

Enquanto Adrie, Keyra e Arannis tentavam segurar os esqueletos na ponte que tinha vários buracos, Ecniv usava sua magia de bardo para ajudar. Soveliss parecia divertir-se toda vez que lançava sua magia fantasmagórica e derrubava os esqueletos no abismo. Não demorou muito para que todos estivessem longe de alcance, perdidos no fundo do buraco.

Os heróis respiraram fundo e continuaram. Uma longa escadaria surgiu diante deles e estes subiram por mais de duas horas. No fim estavam num corredor longo que os levou até uma porta. Abriram a mesma e chegaram a uma sala totalmente branca. Luz parecia emanar das lajotas das paredes, teto e chão, dando ao lugar um aspecto de limpeza fora do normal, se comparada a qualquer outro lugar do complexo subterrâneo. Do outro lado havia uma porta. O grupo atravessou o lugar com muita desconfiança e saíram por um corredor longo, decorado com armaduras e tapeçarias antigas. Do lado direito do corredor, vitrais grandes de cor azul eram cobertos por cortinas de veludo estragadas, antigas, mas que ainda resistiam, de alguma forma. Uma luminosidade azulada penetrava através das janelas. Um sussurro pairava no ar, vindo do fim do corredor.

O grupo avançava devagar, com medo. No fim do corredor, encontraram uma porta aberta que dava para uma sala grande, com colunas laterais e algumas janelas do mesmo tipo visto no corredoer. Na parede central da sala havia um trono de pedra.
Os aventureiros entraram, ainda atentos aos arredores, quando uma voz lúgubre surgiu no ar.

"O que fazem...em meus domínios?"

"Nós viemos em paz!" Disse Arannis. "Viemos pedir..."

"Por que destruíram meus...servos?"Disse a voz, que parecia sair de todos os cantos da sala.

"Nós não tivemos a intenção. Fomos atacados pelas criatu..." Tentou dizer Ecniv quando a voz sussurrou novamente.

"O que...fazem...aqui?"

"Nós viemos em busca de sua jóia, para deter Agrom-Vimak!" Disse Arannis

Uma nuvem surgiu, vinda de todas as direções da sala. Essa névoa escura parou sobre o trono e começou a juntar-se até que um vulto emergiu das trevas. Um esqueleto trajando um longo manto vermelho apareceu sentado no trono. Nos globos oculares, luzes vermelhas brilhavam e o lich usava uma coroa de ouro.

"Agrom-Vimak está...morto." Disse o lich

"Não, nós o libertamos, sem querer."Disse Adrie

Ecniv engasgou pois até então estava disposto a ajudar o grupo usando seus talentos de oratória.

"Vocês o que?!" Disse ele sem saber mais o que dizer

O lich não demonstrava emoção alguma, a não ser por sua voz que acabara de ficar mais forte.

"Eu sou Vodendrin. Estes são meus...domínios. Vocês vieram para dizer que reviveram Agrom-Vimak e agora querem minha...ajuda?"

"Sim. Temos que resolver o problema que criamos."Disse Arannis

"Senhor, permita-me que fale sobre isso. Meu nome é Ecniv e eu estou com este grupo tentando ajudar mas..."

"O que vocês...têm para dar em troca de minha...jóia?"Disse Vodendrin

"Bem, senhor, nós...er...er...eu tenho esta chave que!"Disse Ecniv mostrando uma chave encontrada no salão da entrada das catacumbas. "Ou então um machado mágico que temos!" Completou olhando para os demais em busca de aprovação.

"Pretendem pagar por minha ajuda com meu próprio...tesouro?" Perguntou o lich em tom de zombaria

O grupo ficou sem palavras e, segundos depois a criatura tornou a falar.

"Emprestarei a vocês a minha jóia. Mas antes devem passar por um...teste."

"Como assim?!" Disse Soveliss

"Escolham...um...dentre vocês. Somente ele será...testado." Disse Vondendrin levantando-se do trono.

"Se seu escolhido passar no teste, poderão levar...isto." O lich abriu sua túnica e os aventureiros viram a caixa toráxica da criatura. Um anel vermelho estava preso numa das costelas. Vodendrin tirou a jóia e a mostrou a eles.

"Somos um grupo. Trabalhamos como uma unidade. Porque não nos deixa entrar em seu teste juntos?" Disse Adrie atrás de Soveliss.

"Somente...um."Respondeu o lich

O grupo conversou por alguns longos minutos. Nenhum conseguia chegar a uma conclusão. Arannis ofereceu-se mas disse que faria como o grupo decidisse. Então, depois de muito ponderar, o grupo escolheu.

"Eu irei." Disse Arannis resoluto

"Que assim...seja..."Disse o lich apontando para o corredor, onde a sala branca aguardava

Arannis sorriu para os demais e caminhou seguro de si até a porta. Entrou na sala e olhou para seus amigos uma vez mais e sorriu. A porta fechou-se atrás dele.


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