sexta-feira, 28 de maio de 2010

O Sátiro e a Sombra

A floresta ancestral trouxe lembranças a Ecniv. O bardo imaginou seu irmão, seus pais e seus amigos vivendo nas moradas escondidas entre as enormes raízes daquelas árvores gigantescas com folhas luminosas. Sorriu e levou sua flauta aos lábios, entoando uma melodia suave mas ao mesmo tempo alegre. Se sentia em casa.

Arannis e Soveliss também se sentiram bem. As lembranças da infância estavam distantes. Era mais fácil lembrar-se dos castigos drows no subterrâneo e da vida em Ilíria do que das brincadeiras na torre da guarda e nos pátios cheios de árvores de sua cidade natal. Porém, o ar da floresta era reconfortante e amedrontador. Fadas pareciam espreitar em troncos enormes. Flores e insetos luminosos davam ao lugar um tom mágico e até mesmo os animais eram diferentes.

Adrie sabia onde estavam. A jovem druída havia sido criada na Floresta Castanha mas sua mãe a levara até a região ao norte, onde os limites entre o mundo real e a Feywild se tocavam. Era um lugar perigoso e belo, mágico e escuro. A elfa sabia que a floresta antiga era um lugar perigoso e estava atenta e apreensiva, apesar de também sentir uma energía reconfortante.

Keyra estava envolta em seu manto negro e olhava para cada flor que se abria, para cada luz que aparecia e desaparecia. Estava fora de seu habitat. Porém, o que deixava a ladina mais inquieta era a pergunta: "Como viemos parar aqui?"
A última lembrança da meio-elfa era do castelo do necromante, na Ilha dos Mortos. Assim que Arannis saiu da sala branca, acompanhado pela funesta figura do lich, o grupo pensou no próximo curso de ação.

O lich havia dado a primeira jóia para Arannis. Era um anel vermelho. O próprio paladino examinou o anel e entendeu que este não tinha poder algum se não estivesse reunido às outras seis jóias. O lich disse a eles que estavam livres para ir e negou qualquer outra ajuda. Disse apenas que o barco de Quasor, que os esperava perto da ilha, havia afundado. Inicialmente os heróis não acreditaram mas o necromante gerou uma imagem dos destroços do navio e de seus tripulantes mortos.
Keyra deu a idéia e todos concordaram. Tinham que tentar usar o pilar de teletransporte onde Medrash desaparecera.
O necromante disse apenas que suas criaturas não os atacariam mas que eles deviam apressar-se.
Os heróis correram de volta. Desceram as escadas e atravessaram a cidade morta dos anões. O tempo todo, as sombras espreitavam sem se aproximar.

Ao chegarem ao enorme pilar com rostos esculpidos, os heróis ficaram por quase meia hora tentando entender seu funcionamento. Havia uma chance de conseguirem usar o teletransporte corretamente mas as coisas também poderiam sair totalmente erradas.
Enquanto decifravam o poder do pilar, mortos-vivos começavam a chegar cada vez mais perto. Algo ainda parecia segurar os mortos mas a cada instante as criaturas pareciam estar sobre os heróis.
Por fim, guiados por Soveliss e Ecniv, os aventureiros tocaram o rosto élfico no pilar e, segundos depois estavam todos com as mãos sobre o tronco de um carvalho gigantesco.

A árvore estava coberta por trepadeiras luminosas e sua copa escurecia o ambiente. Era uma floresta escura, apesar das suaves luzes das fadas e das plantas brilhantes. Estavam na Feywild.

Parte de Keyra se sentia aliviada por ter saído da ilha morta do lich mas a aparência daquela floresta lhe causava arrepios. Era um lugar antigo. Antigo e perigoso.

Por algumas horas os aventureiros caminharam rumo ao norte, uma vez que Adrie, transformada em corvo, subiu acima das árvores para entender onde estavam. A druida percebeu que estavam muito ao norte, perto das montanhas e cercados por floresta. Soveliss leu novamente o pergaminho sobre os Sete e o grupo decidiu caminhar para o norte, em busca da segunda jóia, no reino de Scan.

Era tarde quando encontraram uma clareira com alguns sinais tênues de ocupação anterior. Ecniv encontrou um caldeirão dourado em miniatura e logo descobriu tratar-se de um objeto mágico que produzia sopas ao seu comando. Feliz pelo achado, o bardo pôs-se a tocar sua flauta enquanto Adrie comandava as fadas da região num ritual para montar acampamento. Luzes deixaram as árvores e pequeninas fadas começaram o trabalho de limpar a área, montar camas de musgo e criar uma fogueira. Soveliss, por sua vez, usou um ritual para encantar o fogo, fazendo com que este fosse invisível para quem estivesse fora do acampamento.

O grupo dormiu por algumas horas mas no turno de Arannis algo aconteceu. O farfalhar das folhas ao redor do acampamento chamou a atenção do eladrin, que acordou os demais. Logo encontraram vestígios de algo que espreitava nas sombras. Ecniv e Adrie haviam achado pêlos castanhos perto do caldeirão mágico, além de pegadas parecidas com as de uma cabra. Concluíram tratar-se de um sátiro.

"Hey! Alguém pegou minha bolsa mágica!!!" exclamou o bardo "Levaram tudo!"

O grupo levantou acampamento e, Adrie, transformada em lobo, captou o cheiro do sátiro ladrão. Por um bom tempo, os heróis seguiram a trilha da criatura pelos intrincados caminhos da floresta antiga. estranhamente, a luz parecia diminuir a cada passo. As tochas de luz infinita que Keyra e Arannis carregavam foram perdendo a força e logo estavam todos imersos na mais completa escuridão.

"Soveliss! Adrie!"Gritou Arannis

"Aqui!" Gritou o mago de volta

Estavam todos perto mas não conseguiam ver-se. Então, tateando, Arannis pegou sua corda e a amarrou à cintura de todos. Todos menos Keyra. A ladina havia desaparecido.

"Keyra!" Gritavam todos sem resposta.

Caminharam por um tempo e a luz da tocha era mínima. Estavam num lugar diferente. As árvores não brilhavam e os animais que pareciam espreitar nas sombras eram feitos de um material escuro, quase etéreo. Não havia som algum, além das passadas e das vozes do grupo que continuava a chamar o nome da meio-elfa.
Sombras se mexiam na escuridão daquela floresta estranha e assustadora. Então Soveliss percebeu.

"Estamos na Shadowfell! Entramos no mundo das sombras quando corremos atrás do sátiro!" Disse o mago um tanto animado demais para o gosto de seus companheiros

"Certo. O que diz o pergaminho sobre isso?"Perguntou Arannis

"Diz aqui...'E Tundra a Cruel retirou-se para o reino das sombras.' Será?" perguntou Soveliss usando as lentes mágicas que lhe permitiam ler o pergaminho.

"Nunca se sabe. Podemos estar no caminho certo mas Keyra desapareceu." Disse Adrie voltando à forma élfica

"Meus amigos! Precisamos encontrá-la e encontrar a saída deste lugar pavoroso!" Disse Ecniv balançando as mãos.

"Eu posso ajudá-los...ou não."Disse uma voz baixa e rouca na escuridão

Os heróis sacaram as armas instintivamente e viram um vulto saltar de uma árvore. A pequena criatura, pouco maior que Ecniv, sorriu. Tinha dentes amarelos e um nariz enorme. Seus olhos brilhavam brancos na escuridão e suas roupas eram negras como as sombras que o cercavam. Tinha pés estranhos e parecia mancar levemente ao andar.

"Um escuro!" Exclamou Soveliss sem querer

"Conhece minha raça, eladrin...e eu conheço a sua."Disse a criatura "O que querem aqui?"

"Estamos procurando uma amiga que se perdeu. Uma meio-elfa. Também estamos atrás de um sátiro." Disse Adrie apontando o cajado na direção da criatura

"Hum hum hum...amiga é? Quanto pagam? Quanto pagam para que eu a encontre na escuridão e não a mate?" Disse o escuro

"Se você a encontrar, a trará para nós viva. Entendeu criatura?" Disse Soveliss mostrando a espada para o pequeno ser das sombras

"Sim senhor mas espero recompensas!" Disse a criatura rindo. "Bem, posso levá-los adiante se quiserem e depois procuro sua amiguinha."

Depois de negociar, o grupo seguiu o escuro pela trilha nas sombras. A criatura escura os levou até uma clareira onde uma construção negra mantinha as árvores afastadas.

"Ali encontrarão o que procuram. Sim. O sátiro foi por ali. Sim sim."Disse o escuro recuando quando Arannis se aproximou.

"Muito bem criatura. Agora vá e ache nossa amiga. E terá sua recompensa." Disse o paladino enquanto seu irmão mostrava duas pérolas

O escuro sorriu com sua enorme boca torta e partiu, desaparecendo nas sombras. Arannis olhou para os demais. Estavam todos sem saber que lugar maldito era aquele e se tinha alguma relação com Tundra a Cruel, mencionada no pergaminho. Keyra estava desaparecida e o sátiro havia entrado naquele lugar profano envolto em sombras.

"Vamos entrar." Disse o paladino de Avandra decidido

Os outros o seguiram.

4 comentários:

  1. Oi cara! parabéns pelo blog! Tb moro em BSB, querendo voltar a jogar RPG... Algum dica? Difícil encontrar por aqui!

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  2. Olá Brenoxx, eu tenho um amigo que pode ter uma vaga :)
    Me manda seu e-mail que te ponho em contato com ele.

    Tou ansioso pra próxima parte, depois que eles entram na fortaleza. ;)

    Abraço.

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  3. Brenoxx, procure o Grupo D30 e saiba dos eventos de RPG que organizamos na cidade: http://vortexrpg.blogspot.com na net. Comunidade D30 DF no orkut e @d30rpg no twitter

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  4. AAAAHHHH que massa, nem lembrava muito dessa parte, foi tenso demais! ler novamente a história, e saber q construímos essas aventuras é emocionante!!
    Adorei

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