segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

A Tumba de Agrom-Vimak

"Deixem que eu cuido disso." disse Keira com sua voz melodiosa e zombeteira. "Vocês vão acabar se machucando. Arannis, ilumine melhor aqui, por favor."

A ladina tinha cabelos castanhos bem cuidados e orelhas levemente pontiagudas. Vestia uma armadura de couro e de seu cinto pendia uma rapieira, além das inúmeras facas que levava consigo.

A meio-elfa abaixou-se diante do enorme ferrolho da porta secreta. A fechadura tinha o formato de uma boca de dragão aberta e a jovem aventureira sabia que as chances de haver uma armadilha dentro da "garganta" da coisa eram enormes. Atrás de Keira, Arannis, o paladino de Avandra, segurava um bastão solar enquanto seus olhos azuis e sem pupilas se mantinham fixos nas mãos habilidosas da ladina.

Bahamut, o pequeno pseudodragão de Soveliss observava atentamente, empoleirado no ombro do mago eladrin. Como seu irmão gêmeo, Arannis, Soveliss era pálido esguío e belo. Ambos tinham cabelos loiros, quase brancos e olhos azuis.

Ao lado do mago estava Medrash, o dragonborn. Este tinha escamas vermelhas e era enorme. Vestia uma cota de malha e carregava uma espada tradicional de sua raça. Medrash parecia impaciente enquanto Keira tentava abrir a porta. Ele observava enquanto vigiava a porta da casa abandonada onde haviam encontrado a porta secreta.

O grupo estava no bairro mais pobre e antigo de Iliria, a grande cidade portuária do oeste. Eles haviam seguido o mapa de Grom até aquele lugar e depois de uma hora de buscas encontraram uma casa velha onde, segundo as indicações do pergaminho, estava escondida a entrada da tumba de Agrom-Vimak. Nenhum deles sabia ao certo quem fora Agrom. Sabiam apenas que se tratava de um grande guerreiro e que talvez ouvessem riquezas dentro da tumba. O pensamento de encontrar vestígios do poderoso império dragonborn do passado percorria a mente de Medrash quando este foi trazido de volta de seus devaneios por um estalo alto seguido de um gemido de dor.

"Você está bem Keira?" perguntou Soveliss assustado ao ver que a "boca" da fechadura havia mordido o braço da meio-elfa.

"Não...estou presa!" disse ela cerrando os dentes.

Medrash afastou Arannis que olhava sem saber o que fazer, segurou as mandíbulas da fechadura e forçou. Graças à sua grande força física, Medrash conseguiu abrí-la e Keira soltou seu braço aliviada. Um filete de sangue escorreu pela luva da ladina mas o líquido vermelho foi rapidamente estancado por Soveliss.

"Maldita armadilha" resmungou Keira.

"Permita-me..." disse Soveliss sorridente. Este proferiu algumas palavras mágicas e sua mão esquerda brilhou num tom azulado. Ele fez um gesto como se tirasse uma luva e então uma mão fantasmagórica flutuou em direção à fechadura. O mago gesticulou de forma a manipular a mão mágica que penetrou na boca aberta da fechadura. Segundos depois, um clique seco deixou bem claro para Keira que a armadilha estava desarmada. A meio-elfa sorriu e colocou sua mão novamente dentro da bocarra. Desta vez, a porta se abriu, revelando um lance de escadas que descia rumo à escuridão.

Os aventureiros desceram. Araniss segurava o bastão solar com a mão do escudo e os quatro penetraram num salão amplo. As paredes eram entalhadas com imagens de dragonborns em batalha e, num salão contíguo, colunas e estátuas demoníacas tornavam o lugar opressivo. Keira e Soveliss analizaram as estátuas de perto mas nad aencontraram além de algumas poucas moedas de prata, perdidas na poeira acumulada no chão.

Araniss e Medrash seguiram adiante até um corredor. No fim do mesmo haviam uma bifurcação. O grupo se preparava para virar à esquerda quando o som de ossos estalando e passos rápidos na escuridão os fez recuar de volta ao salão principal. Cinco esqueletos animados surgiram das trevas e atacaram os aventureiros.
O combate foi longo mas o grupo conseguiu derrotar os mortos-vivos. Depois de um breve descanso, seguiram pelo tunel à esquerda até chegar a uma sala quadrada maior que o primeiro salão.

No centro da sala, um círculo mágico emitia uma luz dourada que subia até o teto. Nas paredes sul, leste e oeste haviam nichos numerados onde cadáveres descansavam. Enquanto Medrash e Arannis examinavam os nichos, Keira e Soveliss entraram no círculo mágico e sentiram um calor reconfortante. O círculo era uma magia de proteção divina com símbolos de Behemut, o dragão de platina.

Quando Arannis examinava o nicho de número seis, os olhos do esqueleto dentro dele brilharam em vermelho e oito dessas criaturas saltaram dos demais nichos, armas em punho.
Desta vez, sobrepujados pelo maior número de criaturas, os aventureiros tiveram que recuar para o centro da sala, pisando no círculo mágico. As criaturas que entraram no círculo começaram a sofrer dano das energícas místicas do lugar enquanto os heróis se sentiam protegidos.
A batalha durou mais que a primeira mas no fim, os heróis estavam de pé...feridos mas de pé.

Eles demoraram um bom tempo para decidir se descansavam ou seguiam pelas escadas da bifurcação do túnel. Por fim, eles acharam melhor descer as mesmas. Ao chegar ao final dos lances de escadas, os aventureiros avistaram outro círculo mágico, menor, que brilhava intensamente com uma luz azul-esverdeada. Soveliss usou seu conhecimento arcano para entender o círculo.

"É uma magia de cura conjurada mas..." antes que pudesse terminar, seu irmão passou por ele chamando os demais feridos. Ao pisar no círculo, a ilusão se desfez e o paladino caiu num buraco de três metros de profundidade.

O susto foi maior que os ferimentos recebidos mas Arannis não quis subir de volta usando a corda que seu irmão arremessara. Antes disso ele tateou no escuro até achar outro bastão solar. A luz mágica da ferramenta iluminou o posso e Arannis encontrou um cabo de espada perto de um esqueleto antigo. O cabo da arma era avernelhado e pareciam haver dois soquetes no mesmo. Um para a lâmina e outro para algum propósito que o jovem eladrin não conseguiu entender.

Os heróis ajudaram Arannis a subir e decidiram sair da tumba, visto que todo o seu sangue e esforço havia sido em vão. Então, quando chegaram ao salão das estátuas demoníacas, duas delas, as únicas ainda intactas, assumiram suas formas verdadeiras e saltaram sobre os aventureiros.
As gárgulas sobrevoaram o grupo e atacaram ferozmente. Os heróis não puderam fazer nada além de recuar pois suas armas e feitiços eram repelidos pelas criaturas com facilidade.
Quando os aventureiros já vislumbravam sua morte naquela tumba perdida, algo aconteceu.

Um guerreiro fantasmagórico surgiu diante deles e este acenou uma ordem ás gárgulas que voltaram a sua forma de pedra. Em seguida, o fantasma apontou a escada que levava à saída do lugar.

Keira, Medrash, Arannis e Soveliss deixaram a tumba e a porta circular fechou-se atrás deles. Cansados, sujos e feridos, os heróis foram até a hospedaria mais próxima, a Três Galões, onde conseguiram três quartos e uma excelente refeição.

Haviam sobrevivido à sua primeira aventura e estavam algumas moedas de ouro mais ricos. Pediram boa comida e bebida e depois descansaram em camas decentes.
Mal sabiam que suas habilidades seriam necessárias logo...

Um comentário:

  1. Gostei muito Gene. To sentindo que esse vai ser massa, vai pra frente! To pilhadona!
    Beijos grandes!

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