terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Biografias: Keyra

Raça: Meio-elfa
Classe: Ladina
Jogador: Camila









Kara Loderin esfregou as mãos nos braços nus tentando aquecer-se mas as as correntes em seus pulsos feriram sua pele. A túnica de seda azulada que cobria parte de seu corpo esguío não a protegia do frio daquela noite de tempestade a bordo do Princesa do Sangue. O vento soprava forte e o mar arremessava o navio pirata de um lado para o outro com violência. A jovem conseguía ouvir vozes no convés, acima, e ordens sendo dadas aos marujos.
Ao seu lado, outros captivos tentavam manter a sopa de peixe no estômago a cada solavanco do Princesa. Muitos deles eram serviçais da família Loderin e alguns eram camponeses da aldeia ao sul do castelo. Kara sentia frio e fome e seu corpo todo doía.

"Senhora. Lorde Maran vai enviar homens atrás de nós. Logo a senhora estará em casa ao lado de sua família." Disse um homem velho que estava acorrentado ao lado de Kara.

A jovem olhou em direção à voz mas não reconheceu o homem que estava ferido e sem os dois olhos. No lugar, havia uma crostra de sangue velho.

"A senhora verá. Logo estaremos todos à salvo em Loderin." Disse o homem com esperança.

"Não vamos. Nunca mais."Pensou kara Loderin. Os piratas haviam atacado há duas semanas e levado as riquezas de seu pai, escravos e, é claro, ela. O capitão havia dito que ela atingiria um bom preço nos mercados da distante Terra Negra, nos mares do sul. Kara chorava pois sabia que seu destino estava selado e que somente não havia sido violentada ainda porque o capitão do navio a queria intacta até chegarem no reino dos homens de pele de ébano.

Outro solavanco fez com que Kara voltasse a prestar atenção nos servos que compartilhavam o porão de navio com ela. Guy Presgor estava acorrentado a uma viga de maderia. Guy era um homem forte e um dos guarda-caça de seu pai. Um exímio arqueiro e um guerreiro competente. Porém, havia sido derrotado por um dos piratas, um halfling chamado Garret. O mesmo pirata havia decepado dois dedos de Guy e acabado com sua carreira como arqueiro.

Kara soluçou e depois de duas horas de tempestade sucumbiu ao sono e ao cansaço.

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"Levem os escravos para o convés! O dia está lindo para um banho!" Gritou Ulbu, um meio-orc carrancudo sem a mão direita. Era o primeiro oficial do Princesa do Sangue. "Ah princesinha vai assistir tudo!" Completou este quando Kara surgiu no convés. Seus cabelos longos e cacheados estavam revoltos e pareciam feitos de ouro puro. Seus belos olhos verdes estavam embotados e Kara teve dificuldades em acostumar-se com a luz novamente.

Os escravos haviam sido levados ao convés e agora recebiam sopa de cabeça de peixe e algas. Os piratas gargalhavam quando um dos escravos perdia o equilíbrio por causa das correntes nos tornozelos e caía ruidosamente no convés. Kara Loderin tentou ajudar Guy e ouviu um estalo do chicote de Ulbu.

"Mexa-se princesinha! Não temos o dia todo!" Grunhiu.

Nesse instante surgiu no horizonte uma vela azul. Os piratas notaram o navio que se aproximava e começaram a gritar ordens e a puxar os escravos de volta ao compartimento de carga. Porém, o navio azul era tão rápido que em minutos estava quase ao lado do Princesa. No mastro principal havia uma bandeira branca com duas espadas azul-escuras. No convés, homens se apinhavam, prontos para abordar o Princesa do Sangue.

Os piratas estavam agora desesperados e esqueceram dos escravos. Corriam para pegar suas armas e o capitão gritava ordens junto a Ulbu que fazia estalar o chicote enquanto empurrava os marujos de volta ao convés.

O navio azul bateu na lateral do Princesa e dezenas de homens armados com espadas e machados saltaram, abordando o navio pirata. Os homens usavam cotas de malha e túnicas verdes com detalhes em vermelho. No peito, traziam um brasão conhecido por Kara, o da família Gael, aliados de seu pai.

Kara tentou esconder-se enquanto os guerreiros atacavam os piratas mas foi derrubada por Garret, o halfling.

"Maldita mulher! Melhor usar você como escudo!" Disse o pirata mostrando a boca sem dentes.

"Melhor usar você como peso de papel!" Disse uma voz atrás de Kara.

A jovem virou-se e percebeu um elfo de longos cabelos castanhos trajando armadura de couro e uma espada longa. Os olhos amendoados do elfo eram azuis e sua pele bronzeada mostrava cicatrizes de batalha. Era belo. Talvez o homem mais belo que Kara havia visto e sorria como se estivesse num passei pelo campo.

"Deixe a moça e corra, halfling." Disse o elfo

"Morra desgraçado!" Gritou Garret atacando o elfo com uma lança curta.

O jovem elfo esquivou-se com graça e girou, deixando que Garret passasse por ele. Em seguida, seu braço desceu, cravando a lateral da espada na nuca do pirata, quase decepando sua cabeça. Garret caiu ali mesmo e o elfo apenas sorriu. Ele abaixou-se em direção a Kara e sorriu novamente dizendo "Venha comigo moça. Estará a salvo desses rufiões!"

O estranho levou Kara em segurança, vez o outra enfrentando um pirata e despachando-o pra o outro mundo com um golpe certeiro de sua lâmina e um belo sorriso no rosto. Ele pegou Kara no colo e, segurando uma corda, lançou-se de volta ao navio azul.

"Fique aqui senhorita. Voltarei o mais rápido possível." Ao dizer isso, o elfo beijou Kara e piscou para ela, saltando de volta ao Princesa para continuar a matança.

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"Aravilar Amarathar, sua filha está escalando a cerca de novo. Você ensinou, agora trate de tirá-la de lá." Disse Kara enquanto dava de mamar a Egon, seu segundo filho com o elfo.

"Mamãe! Eu sou grande! Eu posso subir e descer sozinha!" Disse Keyra do alto da cerca.

"Sua mãe está certa Keyra. Desca já daí ou ficará sem histórias esta noite." Disse Aravilar com seu belo sorriso.

"Mas papai!" Choramingou a pequena meio-elfa.

"Nada de mas. Desca agora mesmo." Disse Aravilar rindo.

Kara sorriu ao ver sua pequena filha obedecendo e olhou para Egon que dormia em seus braços. Olhou em volta, observando a cerca de madeira e as paredes da casa simples onde morava em Ilíria. Desde que fora resgatada por Aravilar e os homens dos Gael, Kara havia deixado para trás a vida de riquezas de sua família. Havia mandado cartas para seu pai dizendo que estava bem e que estava apaixonada.
Kara Loderin casou-se com o espadachim elfo que a encantara durante o resgate e era feliz há cinco anos com ele. Tinha uma linda filha que havia herdado o gosto pela aventura de seu pai e um pequeno bebê de cachos loiros. Era feliz.

Longos anos se passaram até o dia em que Kara descobriu que sua filha estava aprendendo a lutar com Aravilar. No início, Kara detestou a idéia mas depois, quando viu o brilho nos olhos de Keyra quando seu pai a chamava de 'minha pequena aventureira', Kara entendeu que o destino da jovem estava traçado.
Por isso, quando Keyra saiu de casa dizendo que ia fazer fama e fortuna, Kara aceitou tranquilamente e beijou sua filha como se nunca mais a fosse ver.

Keyra Amarathar viajou por várias aldeias do reino mas passou a maior parte de sua vida em Ilíria, metendo-se em confusão ou vendendo suas habilidades com a espada. Em pouco tempo, a jovem meio-elfa era tão habilidosa como seu pai e havia se tornado uma mulher bela e astuta.
Tinha o sangue nobre e o espírito livre e estava destinada a grandes coisas.

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