quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Reencontros - Parte II

A Ordem da Liberdade cavalgava por um pequeno bosque. Haviam deixado o vale dos orcs com os cavalos mágicos criados por Soveliss mas agora usa vam cavalos reais, que haviam sido deixados por eles e pelos Irmãos de Sangue aos cuidados de Kubik, o goblin, que parecia muito feliz em reencontrar seu mestre, Soveliss.

Cavalgavam em silêncio. Não chovia mais e o dia estava ensolarado mas a sombra ainda pairava sobre o vale, onde a batalha parecia continuar, considerando a fumaça de incêndios vista a quilômetros de distância. Era o terceiro dia de cavalgada.

"Tem algo adiante." Disse Adrie, apontando para um montículo de pedras numa clareira

O grupo chegou até o local e viu o que parecia ser um túmulo recente. Havia sinais de acampamento na área e pegçadas de muitos humanóides.

"Kubik, cuide dos cavalos. Ecniv, se puder, prepare algo para comermos. Adrie você pode montar acampamento com aquele ritual das fadas e..."Disse Arannis mas então percebeu que a elfa olhava fixamente para o túmulo

"Seria bom sabermos de quem é esse túmulo. Orcs não enterrariam inimigos ou aliados assim."Disse Soveliss

Enquanto os demais montavam acampamento, Adrie desenhou um círculo com pequenas pedras brancas. Pegou algumas ervas em sua bolsa e as colocou dentro de um prato de madeira. Ela entoou um cântico antigo, numa língua que ela mesma não compreendia totalmente e então, uma lufada de vento soprou as folhas que rodopiaram acima do prato. As pedras brilharam por um instante e então quatro figuras fantasmagóricas surgiram diante de Adrie, que estava sentada com os olhos fixos nos espíritos.

"Quantas perguntas temos?"Perguntou Arannis enquanto Murmur observava, curioso

"Quatro..."Disse a elfa apontando para os espíritos "Quem passou por aqui nos últimos dois dias?" Perguntou

O espírito com rosto de lobo abriu os olhos, que brilharam intensamente, e respondeu. "Muitos humanos, um anão, quatro goliaths e um halfling."

"Quatro goliaths?!" Exclamou Murmur preocupado "Somente quatro?!"

Adrie fez sinal para que o grandalhão ficasse quieto e continuou "Quem está neste túmulo?"

O espírito com rosto de águia abriu os olhos e respondeu enquanto o anterior desaparecia com uma brisa suave. "Um elfo."

Adrie engoliu seco, olhou para seus amigos e continuou. "Como...como era esse elfo?"

O espírito com rosto de urso respondeu da mesma forma. "Um elfo. Cabelos esverdeados e longos. Olhos claros. Alto. Roupas verdes. Arco de batalha"

Adrie estava visivelmente abalada pelas respostas mas, a pedido de Arannis, perguntou. "Ele lutou e morreu aqui?"

O último espírito, cujo rosto era uma máscara como a casca de um carvalho respondeu. "Não houve batalha aqui. O elfo morreu por causa de ferimentos e veneno."

"Carric...não..."Disse Adrie baixinho enquanto o espírito desaparecia

Todos olharam para a elfa. Todos concordavam que Carric, o arqueiro elfo dos Irmãos de Sangue estava enterrado ali.

"Adrie...eu...eu sinto muito."Disse Arannis tocando o ombro da elfa

A druida olhou para o paladino. Levantou-se e pegou suas coisas. "Volto logo." Disse ao desaparecer entre as árvores.

Keyra tentou seguí-la mas Adrie simplesmente desapareceu.

Horas depois, quando o grupo comia perto da fogueira, a elfa retornou. Estava diferente. Sombria.

Soveliss correu até ela e sorriu enquanto colocava suas mão sobre os ombros de sua amiga.

"São tempos sombrios, mas não é porque o céu escureceu que o sol parou de brilhar." Disse ele gentilmente

Adrie tentou sorrir. Deitou-se perto da fogueira e adormeceu.




Dois dias depois, perto de uma colina, os heróis avistaram um grupo grande de pessoas acampadas. Cavalgaram, colina acima, com esperança em seus corações. Ao chegar viram que se tratava dos sobreviventes da prisão orc. Arannis e Murmur foram á frente, falar com os goliaths que restavam. Adrie permaneceu em seu cavalo, ao lado de Keyra e Ecniv.
Soveliss buscava desesperadamente, olhando em todas as direções, na multidão. Então, uma jovem de cabelos de fogo apareceu.

"Finalmente."Disse ela enquanto o eladrin saltava do cavalo.

Soveliss correu na direção de Damara e a beijou intensamente. "Finalmente..."Disse ele beijando-a uma segunda vez."

Kraig apareceu em seguida e comprimentou os aventureiros um por um. Tinha alguns ferimentos mas estava bem.

"Carric...?"Perguntou Adrie

"Ele...morreu uma morte boa."Disse Kraig contendo sua natureza barulhenta

Adrie suspirou e olhou na direção de onde eles haviam deixado o túmulo do elfo. Tinha certeza absoluta agora.

O sol estava nascendo naquele momento e uma suave brisa soprou os cabelos da elfa. Ela sentiu algo bom naquela brisa. Um cheiro, um tom conhecido e então lembrou-se das últimas palavras em élfico do arqueiro e uma lágrima correu pelo rosto da elfa, passando por cima do leve sorriso que esboçara.

"Espero ver você de novo..."

5 comentários:

  1. Gente...achampanhamentos à parte...eu chorei ao escrever o último parágrafo. :)

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  2. O peso psicologico e a independencia de ideologias... O grupo se torna mais e mais fiel, mesmo pensando de forma contraria... e assim... evolui na dor e nas conquistas... Mais uma vez eu falo... Lendo agora e VIVENDO essas aventuras, nao me sinto diante de personagens de RPG... sinto-me diante de pessoas.. é gratificante. Te juro que imaginei a ultima cena com Adrie olhando para cima e a forma de Carric no céu...

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  3. ...
    sem palavras.
    Ficou muito bom Eugênio. Está de parabéns.

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  4. Confesso que chorei também.
    Mais do que um jogo, já é um roteiro de filme.
    =^.^=

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  5. Falta escalar o elenco e conseguir patrocínio então..rsrs...obrigado gente.

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